sexta-feira, 23 de março de 2012

Antigos Fantasmas

                          O desenvolvimento é relativo

   O ataque sobre estudantes judeus, em uma escola na cidade francesa de Toulouse, na última segunda-feira reforça o conceito de extremismo cultural existente na sociedade européia. Este eurocentrismo advém dos períodos mercantilistas, traduzindo-se na superioridade destes povos.
   O debate acerca do multiculturalismo alcançou os patamares políticos e econômicos, tornando-se um dos principais temas da campanha presidencialista na França, país que mais sofre os efeitos da imigração. A manifestação concreta de repúdio dos candidatos à presença em grande escala de estrangeiros, que segundo o governo contribuem para o aumento das desigualdades, tem como justificativa a crise da zona do euro. Independentemente disso há a caracterização deliberada de um neologismo xenófobo.
   Entretanto, os imigrantes possuem função determinante na movimentação da economia pois, ocupam postos básicos de trabalho, não desejáveis a nação européia, que se considera "evoluida demais" para realizar tais tarefas. Logo, caberia ao governo promover uma melhor qualidade de vida àqueles. Aonde estão os ideais de igualdade presentes na "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" elaborada na  Revolução Francesa? Talvez tenham se evaporado no perfumado ar francês 
   A Europa de maneira geral é comparável a um velho porão mal assombrado. Quando tragédias relacionadas ao extremismo e xenofobia ocorrem - o ataque a um grupo de partidários na Noruega, em 2011 é um exemplo recente - os antigos fantasmas remetentes ao nazismo de Hitler e de outros períodos deploráveis da história ressurgem e assombram a população.Um trauma do qual a Europa não se liberta.
   Em algumas ocasiões o conceito de desenvolvimento é questionável. A recessão econômica é preocupante, porém não retirará a Europa e muito menos os EUA do poder a curto/médio prazo. É uma pena que todo o poder e desenvolvimento existente na Europa não tenha sido acompanhado pelo europeu, que apresentando este tipo de comportamento discriminatório se aproxima do subdesenvolvimento.

* Leia mais sobre o extremismo na França!
http://oglobo.globo.com/mundo/franca-tem-tradicao-de-extremismo-diz-analista-4369615                                         

                                                                 Mattheus Reis      

sexta-feira, 2 de março de 2012

Ninguém é eterno

                                           As duas Guantánamos

A base militar de Guantánamo, em Cuba, é conhecida e temida pelas supostas violações aos direitos humanos sofridas pelos seus detentos. É difícil imaginar algo pior do que a tortura de um ser humano - independentemente das injúrias cometidas - em um complexo penitenciário fechado e isolado. O governo sírio se orgulha ao esbravejar para o mundo inteiro ouvir a manutenção de uma população inteira sob cárcere-privado. 

   Não é utopia. Esse raciocínio possui fundamentos. Desde o ano passado a grande parte da população síria protesta a favor da renúncia do presidente Bashaar al-Assad e consequentemente por mudanças políticas. A situação é caótica, de se alcançar o ponto de jornalistas estrangeiros serem impedidos de se retirar do país, fazendo isso clandestinamente e da ajuda humanitária não alcançar os mais necessitados.
   À beira da eclosão de uma guerra civil, nem mesmo a pressão e a sanção internacional abalam o chefe de Estado. Quem pensou que após o fim emblemático de Muamar Kadaffi, Assad seria apenas mais um a cair do trono facilmente, se enganou.
   No oriente médio, infelizmente, é muito rápido chegar ao poder -os muitos golpes militares pertencem intensamente à história árabe- difícil é sair; na maioria das vezes morto. Tem-se os exemplos: Kadaffi, Saddam Hussein... Bashar al-Assad, talvez.
   Enquanto a sociedade ocidental vive um "conto-de-fadas" político onde a democracia, a cidadania e as manifestações pacíficas reinam, em sua maioria, nos países árabes a violência é um recurso, muitas vezes, único a fim de criticar os "Reis Absolutistas do Século XXI". Já passou o tempo. O Oriente Médio está atrasado. Não vivemos nesta época.
   Foi comprovado há um ano que a sociedade revindica seus direitos e quando mobilizada pode mudar os seus rumos. A resistência de Assad, há um considerável período, não é de maneira alguma sinônimo de eternidade. A história não está a seu favor. Submeter-se ao povo é a melhor opção a ser tomada.

                                                    Mattheus Reis