sexta-feira, 29 de abril de 2011

O futuro da Monarquia

O casamento do ano


    Por mais que tenha sido glamurosa e luxuosa a festa de boda do Príncipe William, 3° na linha de sucessão da Monarquia Britânica, e de Kate Middleton, os convidados e os estilos dos vestidos da ex-plebéia e convidados, não são inclusos nos fundamentais assuntos e importâncias deste evento real.  
 
    Kate, com elegância associada a simplicidade conquistou a nação inglesa através de seu visual. Esse traduz a indiferença entre a realeza e o povo, a Grã-Bretanha ao todo, passa por instabilidades financeiras. Seus súditos não desejam que a "Duquesa de Cambridge" ostente luxúrias financiadas por eles (A única fonte de renda da Família Real é proveniente dos impostos pagos por cidadãos ingleses).
    Também contribuiu para uma dinamização da Monarquia, quebrando protocolos juntamente com William, que não demonstra ser um herdeiro fiel e seguidor rígido de suas tradicionalíssimas regras.
    Embora duros esforços tenham sido construídos com o intuito de aproximar o casal da população nestes últimos dias, ela não evidenciou tal interesse recíprocamente. Sendo o dia do casamento, decretado feriado nacional, em pesquisas realizadas pela "BBC" cerca de 50% dos entrevistados confessaram que, não assistiriam a cerimônia. Falta de consideração? Bem, a outra metade patriota compareceu à vários pontos de Londres para ouvir o "sim" de ex-plebéia.
    Uma das últimas monarquias existentes no mundo, soma-se a Canadense, a Australiana e a Japonesa e outras, a do Reino-Unido convive com o questionamento interno de quem deveria assumir o posto após o falecimento de Elizabeth II. William, filho de Charles e Diana é querido e o preferido para ocupar o trono. Logo seria necessário a usurpação ao seu pai, sem popularidade.
    Todavia como a democracia praticamente é inexistente, isso nunca acontecerá. Ser Rei ou Rainha na Inglaterra denomina-se um título simbólico. A Rainha reina; o 1° Ministro governa, ou seja, David Cameron 



                                 Mattheus Reis 

sábado, 23 de abril de 2011

Um raio cai 3 vezes no mesmo lugar

                                              Time de guerreiros


Na última Quarta-feira, o que era visto pelos matemáticos como inviável, aconteceu: A classificação do Fluminense às oitavas-de-final da Copa Santander de Libertadores. Enfrentará o Libertad (PAR). Foi mais um milagre desta equipe determinada. Ao todo, já são três façanhas em 3 anos.
    
      Em 2009, enquanto Flamengo e Vasco brilhavam conquistando os títulos nacionais das divisões "A" e "B" respectivamente, o tricolor carioca enfrentava o seu calvário. Corria eminentes riscos de rebaixamentos, sendo apontado com 98% de probabilidade de queda. Liderado pelo artilheiro Fred, a equipe vencendo os 10 últimos jogos do Brasileiro daquele ano, se salvou e manteve-se na elite do futebol do Brasil. Vale o destaque para a notável campanha na Copa Nissan Sul-Americana, (em que foi derrotada pelo time da LDU-Quito (ECU) na decisão) sendo fator fundamental nesta arrancada.
     Nenhum torcedor desejava que a história se repetisse no ano seguinte. Logo Muricy Ramalho, técnico recordista de Campeonatos Brasileiros conquistados na era dos pontos corridos, foi contratado juntamente com atletas que adicionaram ainda mais força ao elenco remanescente. O resultado disso foi a liderança de ponta-a-ponta do Brasileiro. O título veio após 26 anos de jejum.
       Por ser o campeão, a vaga na Libertadores estava assegurada. Porém, o início de competição não fora nada animador: 1 vitória em 5 partidas da fase de grupos além, da demissão de Muricy. Muito pouco para a obtenção da vaga no "mata-mata". Era praxe dar a vida para vencer. A determinação, diferencial deste grupo, superou tudo. Triunfo por 4x2 sobre os Argentinos Jrs. (ARG) 

 O resto todos nós sabemos. O raio caiu pela terceira vez. "Os Guerreiros merecem".


* O blogueiro que vos escreve torce pelo Clube de Regatas do Flamengo

                                                       Mattheus Reis

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Vote in Obama in 2012!"

                                          "Yes, we can ... again"

O célebre bordão utilizado por Obama, em 2008 na corrida à Casa Branca foi o grande impulsionador de sua chegada ao que podemos denominar como "O cume do mundo". Sua campanha conseguiu contagiar e conquistar o apoio do povo, inclusive do blogueiro que vos escreve.
"Living the American Dream" Obama se deparou com a realidade. Se a frase "Chegar é uma coisa, ultrapassar é outra" é a mais pura verdade no mundo da F1, "Querer ser presidente é uma coisa, ser presidente é outra completamente diferente" se encaixa harmoniosamente no contexto do 1° negro a governar a maior potência mundial.

     Essa semana em seu portal, foi lançada oficialmente a candidatura presidencial do candidato democrata. Esta campanha deverá sem muitos esforços, atingir a meta de U$$ 1.000.000.000 em arrecadação devido, a não estipulação de um teto orçamentário eleitoral.  
     Obama enfrentou grandes obstáculos para implementar seu modelo de gestão nos seus primeiros, que podem ser os únicos, 4 anos. Temas polêmicos como a Reforma da Saúde , pilar de sustentação de suas propostas em 2008, foram vetados gerando, certo desconforto em relação à nação. Além, da derrota de seu partido nas eleições parlamentares de 2010, onde perdeu a maioria na Câmara. 
     Outro empecilho para um governo mais estável e que gerasse mais desenvolvimento foi a crise econômica herdada de seu antecessor George Bush. O desemprego afetou 10% da população, grandes corporações decretaram concoradata, aumentando ainda mais o défcit, obrigando-o, na semana passada, a aprovar um corte de U$$ 4 Bilhões nos investimentos até o fim de 2001.
     Querendo se livrar da herança maldita, Obama, também ratificou o desejo de fechar a prisão de Guantánamo, em território cubano. Mais uma vez não cumpriu o que fora prometido.
     É difícil no meio de tantas críticas, apontar boas ações. Embora esteja nas pesquisas com 40% de popularidade (Lula, por exemplo, detinha 85%), analistas afirmam que Obama sairá vitorioso em 2012. Principalmente ao fato de a oposição republicana ainda, não ter um candidato à sua altura para a disputa.     
     Portanto, o que intriga é se, os americanos e o mundo podem confiar em Obama, no fim total da crise econômica e no seu reaquecimento e, na diminuição do desemprego ou, será necessário incorporar de vez o espírito do presidente e, ''Change".

                                                              Mattheus Reis

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Massacre em Realengo

Este artigo  foi elaborado pelo cineasta Cacá Diegues e, publicado na edição carioca do jornal "O Globo" em 08/04/2011.
                                   O horror da diferença     

Como ele está morto e nunca em vida conversou com alguém sobre o assunto, jamais saberemos os motivos e as circunstâncias psíquicas que fizeram com que o rapaz entrasse na escola de Realengo e praticasse aquele massacre de crianças. Todos temos o direito de fazer suposições, mas jamais conheceremos a  verdade, é inútil insistir.
      Talvez nos reste apenas tirar das circunstâncias da tragédia algum ensinamento, seguindo umas poucas pistas a nosso dispor. A mais importante delas está certamente na carta deixada pelo assassino, um pouco subestimada pelo que andei lendo nos jornais.
     Ali está, antes de tudo (ou “primeiramente”, como o autor a inicia), uma ostensiva divisão do mundo entre os “puros” e os “impuros”, não podendo estes nem ao menos tocar em seu corpo. Mais do que fazendo uma declaração religiosa fundamentalista, Wellington está assim se referindo à incompatibilidade entre ele e os outros, sendo estes os que não merecem viver no mesmo mundo que ele.
     Talvez estivesse até dividido entre esse “eu” e “o outro”, sendo ele mesmo as duas coisas. Wellington atirou de preferência em meninas, como se estivesse eliminando preferencialmente o desejo que o tornava “impuro”. Ou seja, que o tornava “o outro”. Mas isso, mais uma vez, é apenas uma suposição.
     Como também poderia estar se vingando do que outras crianças podem ter feito com ele no passado, nas mesmas salas de aula em que perseguiu suas vítimas. Alguns relatos dizem que Wellington teria sido alvo de bullying (será que o verbo “bolinar” é um anglicismo decorrente de “bullying” ou os dois vocábulos têm igual raiz latina?), quando estudou naquela mesma escola dos 11 aos 14 anos de idade e era conhecido como Sherman (referência ao nerd de “American Pie”) ou Suingue (por mancar de uma perna).
O que é evidente, a partir das poucas pistas deixadas, é que a tragédia na escola de Realengo está repleta, por todos os lados, de graves e clássicos sintomas de intolerância, uma incapacidade de suportar a diferença, um horror dela que nos impede de viver em paz com o outro.
     Nesta mesma semana em que Wellington invadiu a escola atirando em crianças, uma menina chamada Adriele, de 16 anos, foi assassinada no interior de Mato Grosso do Sul por dois rapazes que não se conformavam com o romance dela com a irmã deles. Na semana anterior, Michael, da equipe do Vôlei Futuro, era objeto de brutal manifestação coletiva de homofobia, num ginásio de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, por ter-se declarado homossexual. Uma tradição de nosso esporte: há cerca de 10 anos, o jogador Lilico já tinha sido excluído da seleção brasileira de vôlei pela mesma razão.
Por esses mesmos dias, o deputado Jair Bolsonaro falava na televisão da “promiscuidade” que não permitia a seus filhos, a de se relacionar com uma mulher negra como Preta Gil. Assim como um pastor evangélico afirmava, em sua pregação religiosa, que os africanos eram fatalmente herdeiros de maldição lançada por Noé, em nome de Deus, logo depois do dilúvio.
    Um pouco mais longe de nós, outro religioso, desta vez na Flórida, queimava em público um exemplar do Alcorão, o livro sagrado dos islamistas. O que provocou, em represália, o assassinato de dezenas de pessoas no Afeganistão, vítimas de homens-bomba.
Se o culpado for sempre o outro, se o mundo estiver dividido sempre entre os puros e os impuros, não evitaremos nunca novos Wellington, nem que toda a polícia do país passe a trabalhar exclusivamente na porta de nossas escolas. A resistência à diferença, o horror a ela, sempre foi causa ou pretexto de todos os genocídios na história da humanidade.
    Às vezes, ela se disfarça sofisticadamente em ideologia ou visão de mundo, com teorias cheias de argumentos. Como no nazi-fascismo de Hitler, Mussolini, Pinochet e tantos outros; ou no comunismo de Stalin, Mao, Pol-Pot e tantos outros. Mas, no fundo, todas essas formas de autoritarismo que encharcaram o século XX de sangue partiram sempre da ideia de rejeição da diferença, por medo ou ignorância, por má ciência ou simples superstição.
     Um certo cinema, sobretudo o norteamericano de ação, nos encheu e ainda nos enche a cabeça de estímulos a esse combate à diferença. As batalhas intergaláticas de humanos decentes contra alienígenas do mal apenas substituem a incompatibilidade clássica entre o branco civilizador e o indígena selvagem do Velho Oeste, sucedendo aos épicos de guerra contra os insensíveis amarelos do Sudeste da Ásia e os pérfidos árabes do Oriente Médio.
     Nesse sentido, um filme como “E.T.”, de 1982, fez mais pela democracia americana do que muito discurso de liberais locais. No filme de Steven Spielberg, a amizade entre a menina interpretada por Drew Barrymore e o extraterrestre monstruoso, perseguidos pelas máscaras e tubos higienicamente brancos dos eugenistas comandados por Pete Coyote, era uma perfeita metáfora do que poderia ser o mundo sem o medo do outro.
     Ninguém nasce racista ou homofóbico, ninguém nasce com preconceito algum. A educação que recebemos ao longo de nossos primeiros anos de vida é que nos torna assim ou assado. E isso é portanto uma responsabilidade de todos, da sociedade onde vivemos e no seio da qual seremos preparados para a vida.

A próxima postagem de minha autoria (novamente, as 2 últimas foram extraidas de jornais) terá como tema o lançamento da candidatura de Barack Obama à reeleição em 2012. A partir de Quarta-Feira.

Vergonha do Sete

     Primeiramente gostaria de esclarecer que este artigo foi eleborado por Cristóvam Buarque, senador e professor da Universidade de Brasília (UnB); e foi publicado na edição carioca do jornal "O Globo" do dia 08/04/2011.
                              
                                          Que país é esse?
     
      No século XIX, Victor Hugo se negou a apertar a mão de D. Pedro II, porque era o Imperador de um país que convivia naturalmente com a escravidão. Hoje, Victor Hugo não apertaria a mão de um brasileiro para parabenizá-lo pela conquista da 7ª posição entre as potências econômicas mundiais, convivendo com total naturalidade com a tragédia social ao redor. Estamos à frente de todos os países do mundo, menos seis deles, no valor da nossa produção, mas não nos preocupamos por estarmos, segundo a Unesco, em 88º lugar em educação.
     Somos o sétimo no valor do PIB, mas ignoramos que, segundo o FMI, somos o 55º país no valor de renda per capita, fazendo com que sejamos uma potência habitada por pobres. Mais grave: não vemos que, segundo o Banco Mundial, somos o 8º pior país do mundo em termos de concentração de renda, melhor apenas do que a Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.
    Somos a sétima economia do mundo, mas de acordo com a Transparência Internacional estamos em 69º lugar na ordem dos países com ética na política por causa da corrupção. A nota ideal é 10, o Brasil tem nota 3,7.
    Somos a sétima potência em produção, mas, quando olhamos o perfil da produção, constatamos que há décadas exportamos quase o mesmo tipo de bens e continuamos importando os produtos modernos da ciência e da tecnologia. Somos um dos maiores produtores de automóveis e temos uma das maiores populações de flanelinhas fora da escola.
    Um relatório da Unesco divulgado em março mostra que a maioria dos adultos analfabetos vive em apenas dez países. O Brasil é um deles, com 14 milhões; com o agravante de que, no Brasil, eles nem ao menos reconhecem a própria bandeira. De 1889 até hoje, chegamos à sétima posição mundial na economia, mas temos quase três vezes mais brasileiros adultos iletrados, do que tínhamos naquele ano; além de 30 a 40 milhões de analfabetos funcionais. Somos a sétima economia e não temos um único prêmio Nobel.
Segundo um estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que pesquisou 46 países, o Brasil fica em último lugar em percentagem de jovens terminando o ensino médio. Estamos ainda piores quando levamos em conta a qualificação necessária para enfrentar os desafios do século XXI. Segundo a OIT, a remuneração de nossos professores está atrás de países como México, Portugal, Itália, Polônia, Lituânia, Látvia, Filipinas; a formação e a dedicação deles provavelmente em posição ainda mais desfavorável, por causa da péssima qualidade das escolas onde são obrigados a lecionar. Somos a 7ª potência econômica, mas a permanência de nossas crianças na escola, em horas por dia, dias por ano e anos por vida está entre as piores de todo o mundo. Além de que temos, certamente, a maior desigualdade na formação de cada pessoa, conforme a renda de seus pais. Os brasileiros dos 10% mais ricos recebem investimento educacional cerca de 20 vezes maior do que os 10% mais pobres.
    Somos a sétima potência, mas temos doenças como a dengue, a malária, a doença de chagas e leishmaniose. Temos 22% de nossa população sem água encanada e mais da metade sem serviço de saneamento. Segundo o IBGE, 43% dos domicílios brasileiros, 25 milhões, não são considerados adequados para moradia; não têm simultaneamente abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo.
     Esta dicotomia entre uma das economias mais ricas do mundo e um mundo social entre os mais pobres, só se explica porque nosso projeto de nação é sem lógica, sem previsão e sem ética. Sem lógica, porque não percebemos que “país rico é país sem pobreza”, como diz a presidenta Dilma. Sem previsão, por não percebermos a grande, mas atrasada economia que temos, incapaz de seguir em frente na concorrência com a economia do conhecimento que está implantada em países com menor riqueza e mais futuro. E sem ética, porque comemoramos a posição na economia esquecendo as vergonhas que temos no social.

O referido artigo também se encontra no "GloboOnline":
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/04/09/vergonha-do-sete-373821.asp