sexta-feira, 21 de junho de 2013

Novo horizonte

                                                     Bom dia, Brasil!

   Meu coração era partido, contudo minha geração se empenhou em costurar os retalhos e fazer com que o sentimento de amor ao Brasil voltasse a pulsar intensamente. Quem disse que o Brasil tinha somente público? Mais de cem cidades gritaram a favor de um país mais brasileiro ontem. Caminhamos em busca de um sonho tido por muitos como inacessível. Provamos que ele pode se concretizar. A família estava lá, em uma tentativa das antigas gerações em resgatar a esperança contaminada por chumbo, há trinta anos, e plantar a semente da mudança naqueles que ainda não conhecem o significado da política, democracia e voto, mas que, graças a ontem, saberão algum dia, não tenho dúvida. Cantamos o hino nacional em um dia em que a seleção brasileira não entrou em campo. Impusemos um choque de realidade naqueles que nos ignoravam. Deixamos de ser mudos. Sabíamos o que estava acontecendo, entretanto não conseguíamos expressar nossas angústias. Agora nós sabemos, para o surto daqueles que se aproveitavam de nossa incapacidade. Apocalipse de Brasília. Não resolveremos todos os problemas do país de uma só vez. Não estamos e nem ficaremos cegos. Seremos pacientes e persistentes.
    Bom dia, Brasil! Você acordou e se levantou de seu berço esplêndido. Que os raios de sol do novo dia que nasce te iluminem e guiem para um novo horizonte, diferente do de ontem, nefasto. Não serão as minoritárias conspirações e vandalismos propagados pela direita, esquerda e poder paralelo, e muito menos a truculência da despreparada polícia que ofuscarão os avanços conquistados porque a paz é quem dita a origem de toda essa mobilização. Passe livre para os jovens do bem manifestarem.

                                                             Mattheus Reis

terça-feira, 11 de junho de 2013

Direitos e limites mútuos

                                     O respeito recíproco
 
   Praça Tahrir. Praça Taksim. Nomes parecidos. Locais unidos pelo sentimento de contestação. Após dois anos dos episódios que abalaram vários países do mundo árabe, a Turquia nesta semana demonstrou ser um foco de ressurgência da onda de protestos que representaram um renascimento dos anseios populares embora parte desses sonhos não tenham sido concretizados.
   A mobilização contrária a decisão de retirada do último espaço verde da cidade de Istambul é mais nobre do que qualquer reivindicação de cunho político e/ou econômico. Tais acontecimentos resgatam ares utópicos, céticos para muitos. São poucos os líderes atemorizados pelo poder dos, até então, comandados. Uma faísca implicou na explosão de insatisfações acumuladas contra o premier turco Recep Erdogan.
   Quanto ao Brasil, a referência mais próxima em nossa história data dos anos 1980, quando o movimento "Diretas Já" pôs em xeque a célebre frase do escritor Lima Barreto: "O Brasil não tem povo, e sim, público." O público aplaude ou vaia o espetáculo ao qual está assistindo. As inflamadas torcidas de futebol são os exemplos mais evidentes. Oscilam de acordo com a atuação dos jogadores. São o termômetro do time. O povo, por analogia, é o termômetro do governo.  
   Nos dias de hoje, embora em menores proporções, os protestos são frequentes no País. Relacionam-se a questões acerca dos altos impostos, deficiências nos serviços públicos, entre outros. Por outro lado, questões de grande relevância como a oficialização da união civil homoafetiva passam a anos-luz de distância dos focos de debate.
    Quando algumas destas manifestações repercutem na mídia, como as contrárias ao aumento das tarifas de ônibus, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a violência e o vandalismo presentes nelas retiram toda a credibilidade das vozes que expressam o desejo da maioria da população, submetida ao sucateamento do transporte coletivo.
    Mesmo que a corrupção e os problemas existentes aflorem nos brasileiros indignação e, em alguns momentos, a raiva , devemos aprender a buscar nossos direitos com o mínimo de civilidade e respeito. Na praça Tahrir, na praça Taksim, nas praças brasileiras, o cidadão precisar estar ciente dos seus direitos e limites, sobretudo, perante a lei.   

                                                                  Mattheus Reis