sábado, 25 de maio de 2013

Oktoberfest em Wembley

                                                          Um ano depois...

    O título do Bayern de Munique na Liga dos Campeões da Europa estava prometido. Mesmo chegando com um ano de atraso, a conquista é gloriosa, independentemente da final ser em Londres ou em Munique. Toneladas foram retiradas das costas dos atuais campeões europeus, traumatizados com a possibilidade de tornarem-se, injustamente, uma geração de vice-campeões.  O drama soava com mais intensidade para aquele que decidiu a partida de hoje.
    Arjen Robben é titular da seleção holandesa de futebol, o que não o deixa imune de receber críticas por sua limitação: cortar para meio-de-campo e chutar para gol com a “canhota”, na linguagem universal do futebolês. De fato, essa é sua principal habilidade. Uma jogada conhecida, porém que poucos conseguem parar. O gol marcado, hoje, simboliza uma transição do holandês de jogador comum a diferenciado: ele acaba de ser condecorado como "craque". 
    Sua equipe disputou três decisões deste torneio entre 2010 e 2013. As derrotas para a Inter de Milão e Chelsea nos anos de 2010 e 2012, esta última sendo mais traumática já que o atual gigante europeu sucumbiu diante da torcida em seu próprio estádio, somaram-se ao fracasso de Robben na final da Copa do Mundo, na África do Sul. Vários gols perdidos que, caso tivessem sido convertidos, mudariam a história de seu país e de seu clube.
    Desta vez isso não aconteceu. Caso ocorresse, seria uma injustiça cometida pelos deuses do futebol àquele que derrubou não só o Barcelona, mas Messi e uma filosofia de jogo. A cautela e a paciência do futebol espanhol cederam espaço para a garra e a emoção alemães. Assim, o futebol fica mais bonito. E o responsável por essa mudança não é apenas o Bayern.
    O embate foi marcado pelo equilíbrio, e o gol derradeiro marcado aos 43 minutos do segundo tempo porque o oponente, com uma visão romântica do futebol, justificou a sua presença na final. De time falido a sensação na competição, o Borussia Dortmund não possui jogadores estrelados e nem precisa deles já que a receita pelo sucesso não tem como única alternativa os caminhões de dinheiro. Essa revolução durou menos de 10 anos e me enche de esperança quanto às possibilidades de renascimento do meu time, o Flamengo. A missão não é impossível.
    O futuro do Bayern é promissor a médio e longo prazo. O consagrado técnico Pep Guardiola substituirá Jupp Heynches, cujo fim de carreira não poderia ter sido melhor. Mais promissor ainda é o futuro do futebol alemão e sua seleção, favoritíssima ao triunfo da Copa do Mundo em 2014. Atlético Mineiro e Fluminense, os brasileiros candidatos ao título da Copa Libertadores, sabem que enfrentarão um adversário extremamente qualificado em uma provável decisão de Mundial de Clubes.
 
 
*Leia mais sobre a grande final da Liga dos Campeões da Europa em Wembley
 
 
       
                                                                 Mattheus Reis

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Um país doente

                                             Rachadura ainda maior

      A reportagem sobre a expansão do consumo de crack em todo o Brasil, exibida durante a semana nas edições do Jornal Nacional, abordou uma problemática já conhecida pela maior parte da sociedade. Seria esse o pensamento de muitos não fosse o grau de estarrecimento provocado pela disseminação da droga em localidades num período tão curto de tempo, desde a sua percepção como epidemia.
      A cidade costuma ser o destino final mais comum da rota do crack e de outras drogas, como o recém-nascido oxi. Entretanto, o fato de aldeias indígenas, trabalhadores agrícolas e mineradores apresentarem estágio tão grande de dependência quanto os usuários urbanos comprova o quanto de tempo foi perdido no combate a esta praga, visto as características inóspitas de cidades sertanejas e da Amazônia já contaminadas.
      A relação do crack com uma patologia não é puramente metafórica. É rotineiro o impasse acerca da interpretação de quem se enquadra no conceito de traficante ou usuário. Acima de tudo, a diferenciação deve ser baseada em termos de dependência química. O tratamento desta questão ao ser encarado como de saúde publica salva vidas, atenua a criminalidade, reduz o consumo de crack e desarticula a sua comercialização.
     A corrupção é a origem da maior parte da miséria brasileira e nutre o racha de várias famílias, abaladas pelas drogas. O desinteresse de parte da esfera política em contornar este triste cenário aumenta o ceticismo. Joaquim Barbosa desagradou muitos parlamentares, nesta semana, ao afirmar que alguns partidos priorizavam interesses particulares ao invés da causa pública. Por esta declaração o presidente do STF merece receber o título de anti-democrático, como fora acusado? A verdade neste país é inimiga da transparência, da justiça e da democracia! Mantenho o otimismo quanto ao nosso futuro, mas o surpreendente no Brasil é que a cada surpresa eu não me surpreendo. Estou louco? Se estou, não estarei sozinho já que outros 190 milhões também estarão.
 
                                                                          Mattheus Reis

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Primeira vitória

                                    O belo gol da diplomacia brasileira
  
   O Brasil atraiu novamente os holofotes da comunidade internacional, nesta semana, após a brilhante conquista de um importante cargo na Organização Mundial do Comércio. A entidade  terá como diretor-geral o diplomata Roberto Azevêdo. Embora os dados estatísticos não tenham sido divulgados, é provável que a margem da vitória brasileira seja ampla, o que ratifica a credibilidade da diplomacia nacional.
      O principio básico da OMC caracteriza-se pela multilateralidade das relações comerciais, ou seja, que o comércio proporcione benefícios mútuos, tanto para potências quanto emergentes ou subdesenvolvidos. Em suma, a parcialidade de interesses deve ser assegurada. O trunfo de Azevedo é ser um dos representantes da política externa brasileira, marcada independência e conciliação.
      Na rodada final de escolha, o mexicano Hermínio Blanco foi seu concorrente. Duas ideologias personificadas nos candidatos enfrentaram-se. A diplomacia brasileira é vista por muitos líderes como defensora dos anseios dos países menos favorecidos. Blanco, apontado como favorito devido ao apoio de Estados Unidos e da União Europeia, é adepto de um perfil liberal e contribuiu para a elaboração do NAFTA. De fato, uma liderança flexível poderia encaminhar a economia a um estágio de retomada da estabilidade, retirando-a do cenário de crise que se estende além do imaginado.
     Entretanto o apoio Estados Unidos, em maior escala, representa o desejo americano de ter um aliado que o beneficie nas relações comerciais. Sem a intenção em rebaixar o nível da conserva, porém sob uma perspectiva mais nítida e crua da realidade, Hermínio Blanco seria "adestrado" pelo “Tio Sam”. Logo o estabelecimento de privilégios desonraria o princípio fundamental da OMC.  Para o bloco liderado pelos BRICS que elegeu Azevêdo, a receita neoliberal precisa, ao mínimo, ser engavetada por algum tempo.
     A vitória na OMC dá bagagem e experiência iniciais para o Brasil almejar cargos de relevância ainda maior, como a sonhada vaga permanebte no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Um caminho longo, porém consciente, que deve ser trilhado a partir de etapas, sem os comuns voos que não levam a lugar algum já que um posto tão importante requisita notoriedade e mérito.
                                                               Mattheus Reis