segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Terra agradece.

                                  Uma nova chance.                                    


Em nossas mãos: o futuro das próximas
gerações foi discutido na COP-21 e o desfecho
 das negociações em Paris foi positivo  
       Após bastante tempo perdido, as lideranças políticas mundiais ouviram com maior interesse e preocupação o clamor de nosso planeta por socorro. A demora em estabelecer um conjunto de medidas eficazes de redução dos efeitos do aquecimento global nos tornou mais vulneráveis a fenômenos extremos, como severas tempestades e estiagens, e por conta disso a geração atual está sofrendo as consequências dos erros do passado. Porém, quando um passo importante é dado com a finalidade de reverter esse preocupante quadro, não podemos deixar de celebrar: nunca antes na história, tantas nações (195) comprometeram-se a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, na 21ª Conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP-21), que terminou no último sábado, em Paris.
       Desde as discussões sobre a elaboração do Protocolo de Kyoto, em 1997, a Organização das Nações Unidas tentava emplacar um acordo desse porte. Na época, a rejeição ao tratado ambiental pelo congresso dos EUA, maior poluidor mundial, minou o estabelecimento de metas mais ambiciosas a curto prazo. A partir do mandato do presidente Barack Obama, a sustentabilidade passou a ter maior espaço em seu governo, mas isso não foi o bastante para avanços significativos serem alcançados nas Conferências de Copenhagen, em 2009, e da Rio+20, em 2012.
       Agora, outros grandes poluidores mundiais, como China, India e as potências europeias enfatizaram maior comprometimento com a causa ambiental e o chamado "Acordo de Paris" se concretizou; um documento longe da perfeição, mas de bom tamanho para o início de uma mudança. Ficou definido que os países mais desenvolvidos terão metas mais exigentes de redução das emissões já que, juntos, contribuem para mais de 2/3 da poluição atmosférica do planeta segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio-ambiente (PNUMA). Além disso, doarão, anualmente, pelo menos U$$ 100 Bi. destinados ao desenvolvimento de projetos sustentáveis e de energia limpa nos países pobres. Cada país inserido no grupo dos emergentes e subdesenvolvidos, por sua vez, apresentou voluntariamente um conjunto de medidas para diminuir sua "pegada de carbono", de acordo com suas respectivas capacidades econômicas, cujo andamento será analisado e fiscalizado pelo PNUMA a cada 5 anos. Um fundo de socorro e prevenção de tragédias climáticas também será criado.
       Todas essas iniciativas serão cumpridas a partir de 2020 e espera-se, como resultado, um crescimento de, no máximo, 1,5ºC na média da temperatura global. Membros do PNUMA e do Greenpeace, no entanto, estão céticos . De acordo com as projeções realizadas por essas organizações, mesmo com o investimento anunciado a temperatura média global aumentará em 2,7ºC. Se nada fosse proposto, essa média cresceria em até 4,8ºC.
       Independentemente se as metas serão cumpridas ou não, o mais importante é a manutenção do diálogo e da cobrança. O momento é ainda de recuperação nas economias mais desenvolvidas do mundo, e, provavelmente, uma ajuda mais generosa pode ser anunciada futuramente. A "economia verde" pode gerar inúmeros empregos, e cabe, a partir de agora, a todos os países comprometidos garantir condições aos negócios ligados à sustentabilidade serem competitivos e rentáveis. Grande parte dos consumidores apoiam produtos ecologicamente responsáveis, mas o preço ainda pouco atrativo impede o crescimento desse setor no mercado.
       Embora precise avançar em muitos aspectos, o Brasil possui uma das mais ambiciosas metas de preservação do meio-ambiente e conseguiu resultados expressivos nos últimos anos: reduziu suas emissões de gases causadores do efeito estufa em 75% e a degradação Amazônia caiu 40% nos últimos 11 anos, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), além de ter iniciado recentemente um projeto de expansão das fontes renováveis de energia. Por outro lado, a fiscalização sobre o agronegócio, principal responsável pelo desmatamento no país, e o estímulo ao desenvolvimento de biocombustíveis são os desafios a serem cumpridos na onda das decisões tomadas em Paris. 
      O fato do Acordo de Paris ter o apoio de tantos países é uma boa notícia neste final de ano.  A humanidade ganhou mais uma chance para se salvar. A Terra agradece. A sustentabilidade é fundamental não apenas por conta da preservação da natureza, mas também por promover a qualidade de vida, mais oportunidades e evitar possíveis conflitos políticos causados por escassez de recursos naturais. A partir de agora, em que as promessas já foram feitas, aguardamos ansiosamente o discurso se transformar em ações concretas. Por enquanto, estamos indo na direção certa. Já dá para perceber que o céu está até mais limpo, não acham? 

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                                                             Mattheus Reis