domingo, 30 de outubro de 2011

Três é demais

                                                Tapando o sol com peneira

     Pelo terceiro ano consecutivo, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) aplicado no último final de semana, apresentou falhas na sua execução. O vazamento da prova no estado do Ceará compromete ainda mais a eficiência do teste e aumenta cada vez mais a ansiedade dos candidatos.
   
   Alguns destes pretendem até a anulação, judicialmente, do ENEM. De fato, não há como afirmar que apenas alunos de Fortaleza tiveram acesso às questões, contando que a obtenção de informações privilegiadas através de ferramentas poderosas, como a Internet, é simples e fácil.
    Além de ser considerado como insuficiente para qualificar estudantes à universidade, os sucessivos erros fazem com que se repense a importância do exame.
    O gradual fim dos vestibulares agrava a situação. Uma das justificativas é a promoção carentes ao ensino superior. Trata-se de uma boa iniciativa, pois reduz os custos dos candidatos em relação as taxas de inscrição. Todavia a maioria dos aprovados detém média/alta renda. A exclusão continua.
    Os vestibulares poderiam ser descartados desde que o conteúdo do ENEM fosse elaborado conjuntamente pelas instituições públicas de ensino superior, contribuindo assim para a evolução do nível de dificuldade da prova.
    São estas alternativas mais viáveis para contornar os desgastes existentes. Ao invés de barrar o uso de canetas que não sejam transparentes - uma das regras do edital -, o Ministério de Educação e Cultura (MEC) deveria atentar-se para aquilo que realmente pode gerar controvérsias e confusões na realização da prova. Caso algo diferencial não seja tomado, será previsível o que acontecerá com o ENEM, nos próximos anos, e com o governo também, que sempre minimizará os problemas.

                                                                    Mattheus Reis

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Súplica carioca

                                                O petróleo é nosso

Ontem, o Senado Federal aprovou a emenda constitucional, na qual permite o repasse e divisão dos royalites oriundos da extração petrolífera a estados que não são produtores do combustível. Maior produtor do país, o Rio de Janeiro poderá perder grande parte de sua receita, caso a presidenta Dilma Rousseff sancione tal proposta.
  
   Os defensores do projeto afirmam ser benéfica a repartição dos altos valores dos royalites, em função do desenvolvimento gerado por estes às federações com menor verba fornecida pelo Governo Federal.
   É evidente que esta intenção é uma das mais nobres. Sim, para que o Brasil evolua como um todo, é fundamental que todas as suas regiões obtenham esta evolução homogêneamente, o que nunca aconteceu nos 510 anos de história deste país.
   Mesmo assim, esta maneira apresentada não condiz com a solução do problema da submissão econômica ao Sudeste.
   A proximidade dos grandes eventos que o Rio de Janeiro abrigará, cria uma aflição nas autoridades fluminenses, correndo eminentes riscos de perda de uma das suas principais garantias financeiras. Fora as consequências secundárias acarretadas como aumento de impostos e cortes na previdência social - cerca de 50% das aposentadorias são pagas como o dinheiro proveniente dos royalites.
   Todo esse contexto remete ao período Varguista, que promoveu a nacionalização do petróleo, impedindo a atuação de empresas estrangeiras no ramo, por via da campanha " O Petróleo é nosso". Em 2011, as circunstâncias são divergentes, mas o slogan é um grito de guerra e ao mesmo tempo uma súplica dos cariocas

                                                        Mattheus Reis  

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Contra-ataque

                                                   O ano que está apenas começando

"Primeiramente, gostaria de esclarecer que este artigo e de autoria da escritora Rossika Darcy de Oliveira e foi publicado na edição carioca do jornal "O Globo" em 15/10/2011."
   
     Às vezes, inesperadamente, a história se acelera. Foi assim em 1968, quando, mundo afora, jovens foram às ruas, pedindo, uns, a imaginação no poder, outros, o povo no poder. Foi assim em 1989, quando caiu o muro de Berlim, levando de roldão o carcomido socialismo real. Tempos em que novas ideias e valores vieram à tona, regenerando tecidos sociais e culturais. Anos que invadiram as décadas que se seguiram.
     2011 está sendo um ano assim. Do Cairo a Tel-Aviv, de Madri a Nova York, a indignação move multidões.
     São pessoas, não partidos, ocupando praças onde ecoa um sonoro “não”, entoado em diferentes refrões. Gente que, afirmando o que não quer, diz, pelo avesso, o que quer. Não querem mais ditaduras.
     A Praça Tahrir deu o exemplo. O mundo árabe ecoou a mensagem primaveril e vai pondo para correr, um a um, ditadores que se acreditavam eternos.
    Mulheres sauditas saem às ruas dirigindo automóveis em desafio à lei que até isso lhes proibia. Além da carteira de motorista, ganham título de eleitoras e o direito de ser candidatas.
    Na Indonésia, maior país islâmico, minissaias e véus se misturam nas praças em protesto contra a violência sexual. Oslo responde atribuindo o Prêmio Nobel da Paz a três mulheres, duas da Libéria e uma do Iêmen, defensoras dos direitos humanos e - coisa rara por lá - que entendem por humanidade os homens e as mulheres. Longe do espantalho fundamentalista, querem liberdade.
    No Brasil não queremos mais a corrupção, que não é mais aceita, como já foi, como fato cultural, o que desonrava nossa cultura e exilava a ética. O movimento Ficha Limpa, inovador e eficaz, nos redime desse estigma.
    Os indignados que acamparam em Madri - e o rastilho está correndo em toda a Europa - não querem mais injustiça. Questionam uma lógica econômica que destrói empregos e direitos sociais, denunciam o banditismo que impregna o sistema financeiro global.
    Em Nova York, americanos ensaiam ocupar Wall Street e chamam de escroques senhores que até ontem eram o símbolo mesmo do poder e do sucesso. Sustentam que é dali, não do Iraque ou do Afeganistão, que provém a ameaça mais clara e iminente aos Estados Unidos.
    Em 2003, Warren Buffet, que entende do assunto, já alertava para o risco de uma “megacatástrofe” provocada pelos derivativos financeiros, “armas de destruição em massa” com o poder de destroçar a economia mundial. Quando essa percepção se espalha pelo mundo, o rei nu perde suas míticas calças de veludo. O que está sendo repudiado como imoral não é só a ordem econômica. É um sistema de valores, ou melhor, um sistema desprovido de valores, que tem o dinheiro como fim e a ganância como princípio, destruidor dos laços de solidariedade que construíram a civilização, contrariando a lei da selva.
    Não importa quantos manifestantes estarão neste sábado em frente à City de Londres ou na Grand Place de Bruxelas, e quantas mais cidades pelo mundo terão aderido ao dia mundial de protesto. A profundidade da indignação não se mede pelo número de indignados. A radicalidade da mensagem que estão mandando quebra o senso comum que teve longa vida e entregou ao mercado e aos políticos — e quão promíscua é a relação entre eles — o direito de decisão sobre o destino de todos.
    Os protestos planetários dão o depoimento vivo sobre a agonia de um sistema político que, contaminado pelo sistema econômico, perdeu legitimidade. Órfãos de seus representantes os manifestantes se representam a si mesmos. Iniciativas debatidas na grande rede deságuam nas praças. Sem a rede não existiria a praça. Mas é a praça que tece a vida real. A rede e a praça são os recursos com que os “99%” contam frente à falência e à cumplicidade dos sistemas econômico e político.
    Fechado em sua lógica, o mundo político não decodifica o enigma das ruas e desqualifica seus atores: arruaceiros, sonhadores que não sabem o que querem, sem programa e sem organização. Desconectados do mundo real, políticos míopes não medem a extensão de seu próprio desastre.
   Os protestos não são um revival de nada. São um fato inaugural. Manifestações de rua são febris e, como a febre, sintomáticas. Podem refluir, mas nada será como antes. Terão sido o rascunho de uma nova agenda de angústias e alegrias humanas, não de perdas e ganhos financeiros. Liberdade, justiça e ética são demandas que sintetizam um novo humanismo. Expressões como bem viver e felicidade, que soavam piegas e fora de moda, ressurgem como esperanças.
   A indignação é uma resposta à procura de sua pergunta. 2011 é um ano que está aénas começando.

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domingo, 9 de outubro de 2011

Apenas uma questão de tempo

                                                                         Sem limites

   Na madrugada deste domingo (09/10) a Fórmula-1 conheceu o seu mais novo campeão da temporada de 2011. Incontestável durante o campeonato, Sebastian Vettel dominou com sobras a liderança e era o mais apto para a conquista do título.
   
   As 5 vitórias nas 6 primeiras etapas garantiram uma vantagem confortável para os outros pilotos na disputa; o que seria motivo de desleixo - como foi o caso de Lewis Hamilton , em 2007 - poderia culminar na perda do bicampeonato.
   Entretanto, em momento algum, cogitou esta possibilidade. Não queria dar uma oportunidade ao azar. Claro que que pilotava o melhor bólido, contudo todo campeão qualificado além de ser brilhante necessita de constância. Talvez esta tenha sido a diferença dos títulos de 2010 e 2011.
   No ano passado, Vettel foi apenas brilhante, enquanto seu companheiro, o australiano Mark Webber, teve como palavra-chave o equilíbrio. Erros e trapalhadas fizeram com que o alemão fosse campeão na última prova, em Abu Dhabi. Já nesta temporada na 15ª prova, com 4 GPs de antecedência o bicampeonato estava garantido.
   Mesmo que o ano de 2011 não tenha sido dos mais emocionantes no mundo da Fórmula-1, o desfecho da temporada não poderia acontecer em país mais propício. Abalado pela tragédia do Tsunami, no início do ano, o Japão recebeu com entusiasmo a categoria.
   Ainda restam os GPs da Coreia do Sul, Índia, Emirados Árabes e Brasil. São 100 pontos em jogo. é o que sobra aos pilotos competir. E, se Vettel com méritos venceu o campeonato, Jenson Button merece o 2° lugar na classificação. Vencedor do GP do Japão, depois de Vettel foi o mais constante. Nada mal para aquele que é considerado o mais cauteloso e conservador na direção.
   Uma "Era Vettel" inicia e o piloto da Red Bull Racing (RBR) é apontado por muitos como sucessor do compatriota Michael Schumacher. Ele não tem limites, logo se permitirem, o campeonato de 2012 já terá um forte favorito.

*Leia mais sobre o título de Sebatian Vettel na F1!


                                                          Mattheus Reis