segunda-feira, 28 de julho de 2014

Conquistas e desafios

                                  A luta continua contra o HIV


     Relatório da entidade das Nações Unidas responsável pelo combate a AIDS, Unaids, revelou, nos últimos dias, um resultado positivo acerca do controle da doença. O número de infecções no mundo vem caindo ao longo dos últimos anos. O acesso a tratamentos adequados está progressivamente alcançando as parcelas mais pobres nos países mais necessitados de suporte médico vindo do exterior assim como é notória, apesar de gradual, a evolução de medicamentos mais eficazes e menos colaterais aos pacientes.
      Vem do continente africano, sobretudo da sua porção subsaariana, o resultado mais expressivo. A região mais pobre do mundo registrou significativa queda na quantidade de casos de AIDS. O trabalho desenvolvido tanto pela ONU quanto por ONGs como a "Médicos sem fronteiras" é imprescindível na contenção da epidemia da doença e na redução de mortes. Quem ainda carece de todo esse suporte é a população de sudeste asiático, também extremamente pobre, em sua maioria, e desinformada sobre os perigos oriundos da contaminação.
      Entretanto, no caso específico do Brasil, os dados sobre o país foram desapontadores. Na contramão, o Brasil, segundo o mesmo relatório, elevou sua taxa de incidência em 11%, a maior da América do Sul. Especialistas supõem uma redução da importância do tema entre jovens e homossexuais: A evolução e a eficácia do tratamento camuflam o temor da contaminação, alvo de histeria quando da descoberta do vírus HIV em meados dos anos 1980. Quanto ao grupo "GLBT", o engajamento em questões como elaboração de leis anti-discriminatórias e conquistas civis, como a união homoafetiva, podem estar desviando o foco em relação a AIDS.
      As campanhas de conscientização são rotineiras nas cadeias de rádio e televisão no Brasil, mas é preciso empreender novos esforços. Aulas e palestras sobre educação e saúde sexual nas escolas da rede pública são algumas das medidas que poderiam ser tomadas pelo governo, em suas esferas de poder, e que já estão em vigor em alguns países.
      Na última semana, aconteceu a 20ª Conferência anual sobre a AIDS na cidade de Melbourne. Cientistas, ativistas e outros analistas discutiram os avanços ratificados pelo relatório divulgado pela Unaids e estratégias que deem continuidade a este progresso, melhorando o acesso a prevenção, diagnóstico e tratamento, tarefas que se tornaram mais difíceis, todavia, devido à tragédia que abateu muitas esperanças e expectativas com a queda, na Ucrânia, de um avião da companhia Malaysia Airlines, onde estavam conceituadíssimos cientistas especializados em AIDS a caminho da reunião na Austrália.

*Leia mais sobre o tema!

                                                                  Mattheus Reis

terça-feira, 22 de julho de 2014

Nova chance

                                          Vale a pena ver de novo?


     As vaias da torcida após o término da disputa pelo 3º lugar da Copa do Mundo, em Brasília, puseram fim a uma participação melancólica da seleção brasileira neste 20º mundial. Da grande expectativa criada antes da bola rolar em São Paulo, no dia 12 de junho, à completa frustração com a derrota por 3 a 0 para a Holanda. Os 200 milhões de brasileiros sentiram todas as emoções que uma Copa do Mundo pode proporcionar: a imensa aflição causada pela vitória obtida somente depois dos pênaltis contra o Chile, a dor em nossas costas causada por um golpe desleal do colombiano Zúñiga, que tirou Neymar e boa parte das nossas esperanças no hexa, e a perplexidade do massacre alemão nas semifinais. O Brasil, com seu time, deveria honrar sua tradição pentacampeã e buscar o 3º lugar. Todavia, como a cultura brasileira costuma honrar somente o primeiríssimo, um prêmio de consolação não possui importância alguma por aqui.  
     E essa foi a tônica do time que foi ao gramado do Estádio Nacional Mané Garrincha para encerrar sua participação, que, na verdade, havia terminado na terça-feira anterior, em Belo Horizonte, naquela que deveria ser a sua Copa, com o país do futebol campeão em seus domínios, no templo maior do esporte mais popular do mundo.
     Foi evidente a dificuldade ofensiva da equipe. A percepção de que a seleção dependia de Neymar era uma verdade universal, porém nem todos estavam cientes da fragilidade do meio-campo. Um time que não encantou e empolgou como na Copa das Confederações no ano anterior, torneio que mais uma vez nos iludiu: Copa do Mundo é outro assunto, é mais competitiva e não se pode comparar tais competições, o que foi feito insistentemente pela imprensa nacional. A receita para o hexa, de fato, era repetir as atuações de junho do ano passado, mas isso mais pressionou do que ajudou os jogadores brasileiros. 
     Por poucas vezes, uma lista de convocação para a Copa do Mundo sofreu tão poucas críticas e rejeições como essa última. Apenas 1 ou 2 nomes foram contestados. Adriano, Ganso, Alexandre Pato, Kaká e Robinho eram outros nomes que poderiam figurar entre os selecionados caso correspondessem às expectativas, em algumas ocasiões superestimadas, criadas em torno deles. Entretanto, cada um por motivos específicos, ficaram pelo meio do caminho, prejudicando consideravelmente a qualidade técnica da seleção. Olhos brilhavam ao verem, no Santos, uma orquestra regida por Ganso e Neymar. Por que só um deles "chegou lá"?
     Ontem, foi anunciada a volta de um velho conhecido da torcida ao comando desta seleção abatida. Dunga terá uma nova oportunidade para se redimir dos erros em sua primeira passagem. Erros que vão desde o conflituoso relacionamento com a imprensa à preparação da equipe em uma Copa do Mundo. Travar guerra contra a mídia é enfrentar como consequências o crescimento de sua rejeição, já elevada, e críticas sensacionalistas e injustas. Além disso, não é necessário enclausurar os atletas, como foi feito em 2010, a fim de conquistar bons resultados. Comprometimento é fundamental, porém Alemanha e Holanda - campeã e 3º lugar, em 2014, respectivamente - flexibilizaram suas preparações ao permitirem aos jogadores passearem e estarem próximos a suas famílias, o que, provavelmente, trouxe mais tranquilidade e bem-estar a atletas tão pressionados.  
     Para muitos analistas, o retorno de Dunga era inesperado até o momento no qual veicularam-se os primeiros rumores. A princípio, Tite ou outro renomado treinador estrangeiro eram vistos como melhores opções. Entretanto, apesar do fracasso na África do Sul, os títulos da Copa América, em 2007, da Copa das Confederações, em 2009, além da antecipada classificação nas eliminatórias comprovam um bom desempenho de Dunga como treinador. Caso mude alguns de seus conceitos e tenha a mesma garra da época de jogador, o capitão do tetra pode reescrever sua história na seleção brasileira com mais uma bela conquista, na Rússia em 2018.   

                                                               Mattheus Reis
    

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Novos descobridores

A Copa do Mundo é o maior espetáculo da Terra. Por isso, você, leitor, lerá duas postagens sobre o torneio que chegou ao fim após 31 dias de um futebol jogado em altíssimo nivel e há muito tempo não visto nos mundiais. Esta abordará uma visão geral da Copa e da conquista alemã e outra analisará a participação melancólica da seleção brasileira em mais uma empreitada mal-sucedida de conquistar o hexacampeonato.

                                                       Os dois campeões

    O Maracanã foi palco de uma grande final entre Alemanha e Argentina na noite de ontem. De um lado, os comandados de Joachim Löw, cientes do favoritismo e da qualidade do time, mas que sabiam da necessidade do título para a confirmação das expectativas criadas em torno deles. A Argentina, por sua vez, impulsionada pela rivaliade acirrada entre os dois países nos mundiais anteriores confiava e dependia de Lionel Messi, que não decepcionou, porém não encontrou  forças para lutar contra 11 craques. A Alemanha redescobre a América ao ser o primeiro país europeu a vencer uma Copa disputada no continente.
     A presença carismática e o engajamento social do time alemão no Brasil já foram suficientes para que eles merecessem o tetracampeonato após 24 anos de jejum. A 20ª Copa do Mundo da FIFA foi especial não só pela conquista mas pelo fato de os 23 convocados aprenderem e evoluírem como seres-humanos e cidadãos. A interação com comunidades indígenas locias, a doação de cerca de R$ 30.000,00 para a compra de uma ambulância e as construções de uma escola e do próprio resort onde ficaram hospedados no litoral baiano - o que gerará empregos à população local - serão lembranças marcantes e permanentes da passagem campeã  da Alemanha por Santa Cruz Cabrália.
     Além disso, a preparação de longo prazo adotada pela administração do futebol alemão o credenciou para a consagração no Brasil, que já poderia ter acontecido se a Alemanha não fosse eliminada nas semifinais em 2006 e 2010. A formação de jogadores e técnicos bem como  o gerenciamento do campeonato nacional são de excelente qualidade, propiciando, assim, o sucesso de times como o Bayern de Munique e de craques em todas as posições. De Manuel Neuer, eleito o melhor goleiro desta Copa, a Klose, centroavante e novo detentor do recorde de maior artilheiro das Copas do Mundo, com 16 gols marcados, além de Mario Götze, primeiro reserva a decidir uma final na história da competição: essa é a nova cara da Alemanha, exemplo de que a coletividade se sobrepõe ao talento individual no futebol. Por mais que seja um gênio, Messi, caso saísse vitorioso, ontem, transformaria o futebol em algo menos prazeroso.
     Nós, brasileiros, sonhávamos com a tão aguardada conquista do "hexa". Entretanto, apesar da eliminação da seleção brasileira nas semifinais, devemos estar orgulhosos, pois também fomos campeões já que transmitimos à mídia e à comunidade internacional uma imagem positiva. Não houve milagres, como muitos afirmaram. Erramos em aspectos como a limpeza urbana e não entregamos a tempo obras previstas. Todavia, nos empenhamos ao máximo para acolher turistas da melhor forma possível e o que tivemos a oferecer em termos de infraestrutura foi aquém do esperado, porém suficiente para realização de uma grande copa, que poderia ser melhor ainda. Nota: 8,5.
     As falhas de agora não podem se repetir em 2016. Temos condições de realizar outro grande evento esportivo que contagie o mundo. Precisamos dar cada vez mais importância à construção de um legado que beneficie as cidades sedes. Por outro lado, é evidente o sentimento de saudade. Durante 30 dias, torcemos e curtimos a nossa Copa. Os jogos emocionantes e a atmosfera trazida pelos turistas farão falta. A Alemanha venceu a Copa do Mundo de 2014 e os brasileiros foram campeões de alegria e simpatia. Provavelmente, devido à boa impressão que surpreendeu o mundo e a cúpula da FIFA, não precisaremos esperar tantos 64 anos para sentir a emoção de ver os maiores craques do futebol mundial em gramados brasileiros novamente!

Leia mais sobre a Copa do Mundo da FIFA
http://oglobo.globo.com/esportes/copa-2014/em-balanco-da-copa-valcke-isenta-fifa-de-culpa-no-escandalo-dos-ingressos-13252446
http://oglobo.globo.com/esportes/copa-2014/proxima-sede-da-copa-russia-admite-desafio-de-reproduzir-atmosfera-do-brasil-13245830

* Veja 10 imagens marcantes da Copa de 2014
http://oglobo.globo.com/esportes/momentos-marcantes-da-copa-no-brasil-13251329


                                                                Mattheus Reis