terça-feira, 22 de julho de 2014

Nova chance

                                          Vale a pena ver de novo?


     As vaias da torcida após o término da disputa pelo 3º lugar da Copa do Mundo, em Brasília, puseram fim a uma participação melancólica da seleção brasileira neste 20º mundial. Da grande expectativa criada antes da bola rolar em São Paulo, no dia 12 de junho, à completa frustração com a derrota por 3 a 0 para a Holanda. Os 200 milhões de brasileiros sentiram todas as emoções que uma Copa do Mundo pode proporcionar: a imensa aflição causada pela vitória obtida somente depois dos pênaltis contra o Chile, a dor em nossas costas causada por um golpe desleal do colombiano Zúñiga, que tirou Neymar e boa parte das nossas esperanças no hexa, e a perplexidade do massacre alemão nas semifinais. O Brasil, com seu time, deveria honrar sua tradição pentacampeã e buscar o 3º lugar. Todavia, como a cultura brasileira costuma honrar somente o primeiríssimo, um prêmio de consolação não possui importância alguma por aqui.  
     E essa foi a tônica do time que foi ao gramado do Estádio Nacional Mané Garrincha para encerrar sua participação, que, na verdade, havia terminado na terça-feira anterior, em Belo Horizonte, naquela que deveria ser a sua Copa, com o país do futebol campeão em seus domínios, no templo maior do esporte mais popular do mundo.
     Foi evidente a dificuldade ofensiva da equipe. A percepção de que a seleção dependia de Neymar era uma verdade universal, porém nem todos estavam cientes da fragilidade do meio-campo. Um time que não encantou e empolgou como na Copa das Confederações no ano anterior, torneio que mais uma vez nos iludiu: Copa do Mundo é outro assunto, é mais competitiva e não se pode comparar tais competições, o que foi feito insistentemente pela imprensa nacional. A receita para o hexa, de fato, era repetir as atuações de junho do ano passado, mas isso mais pressionou do que ajudou os jogadores brasileiros. 
     Por poucas vezes, uma lista de convocação para a Copa do Mundo sofreu tão poucas críticas e rejeições como essa última. Apenas 1 ou 2 nomes foram contestados. Adriano, Ganso, Alexandre Pato, Kaká e Robinho eram outros nomes que poderiam figurar entre os selecionados caso correspondessem às expectativas, em algumas ocasiões superestimadas, criadas em torno deles. Entretanto, cada um por motivos específicos, ficaram pelo meio do caminho, prejudicando consideravelmente a qualidade técnica da seleção. Olhos brilhavam ao verem, no Santos, uma orquestra regida por Ganso e Neymar. Por que só um deles "chegou lá"?
     Ontem, foi anunciada a volta de um velho conhecido da torcida ao comando desta seleção abatida. Dunga terá uma nova oportunidade para se redimir dos erros em sua primeira passagem. Erros que vão desde o conflituoso relacionamento com a imprensa à preparação da equipe em uma Copa do Mundo. Travar guerra contra a mídia é enfrentar como consequências o crescimento de sua rejeição, já elevada, e críticas sensacionalistas e injustas. Além disso, não é necessário enclausurar os atletas, como foi feito em 2010, a fim de conquistar bons resultados. Comprometimento é fundamental, porém Alemanha e Holanda - campeã e 3º lugar, em 2014, respectivamente - flexibilizaram suas preparações ao permitirem aos jogadores passearem e estarem próximos a suas famílias, o que, provavelmente, trouxe mais tranquilidade e bem-estar a atletas tão pressionados.  
     Para muitos analistas, o retorno de Dunga era inesperado até o momento no qual veicularam-se os primeiros rumores. A princípio, Tite ou outro renomado treinador estrangeiro eram vistos como melhores opções. Entretanto, apesar do fracasso na África do Sul, os títulos da Copa América, em 2007, da Copa das Confederações, em 2009, além da antecipada classificação nas eliminatórias comprovam um bom desempenho de Dunga como treinador. Caso mude alguns de seus conceitos e tenha a mesma garra da época de jogador, o capitão do tetra pode reescrever sua história na seleção brasileira com mais uma bela conquista, na Rússia em 2018.   

                                                               Mattheus Reis
    

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