sábado, 22 de dezembro de 2012

Nenhum sonho é utópico

                                                  O 2013 que queremos.

Primiramente, gostaria de expor minha enorme "surpresa" por poder escrever esta postagem. Pensei que não chegaríamos ao, até então inatingível, dia 22 de dezembro de 2012. Pelo visto, o fim do mundo não aconteceu ou, no mínimo foi adiado. Sobrevivemos sem maiores sacrifícios. Já que superamos esta "barreira", consequentemente ainda temos uma missão a cumprir pelo bem da humanidade. O senso comum, neste contexto, foi o responsável por alardear uma simples transição, de acordo com a mística sociedade maia.
   Que a nova era anunciada pelo calendário maia perpasse pela concretização de uma significativa transformação na sociedade contemporânea. Que as incompreensíveis cenas de mulheres tirando fotos com seus pequenos filhos antes de explodirem seus corpos em locais públicos, em nome de Alá ou por um assento cativo no "céu dos tolos", sejam meras retratações do passado. A Jihad pode ser tudo, menos santa. Suplicar pela paz no Oriente Médio - através do reconhecimento da causa palestina e pelo cessar dos conflitos na Síria - também não custaria nada. 
   Que a América volte a ser abençoada por Deus. Uma nação atemorizada pelo terror. São muitos "James Holmes" espalhados pelo país, que invadem cinemas e escolas com o intuito de realizar massacres. Que no próximo ano, seja descoberto o antídoto para esta epidemia. 300 milhões de armas para 300 milhões de habitantes: esta proporção é uma afronta à paz nos EUA.
    Que a comunidade internacional e os países centrais voltem seus holofotes, com maior atenção e urgência para as problématicas que assolam as regiões mais pobres do mundo. Nossos irmãos que recebem menos de U$$ 1 por dia, em Bangladesh, Malawi e na Índia, pedem socorro. As metas do milênio não podem demorar 1000 anos para tornarem-se realidade.
    A natureza clama por ajuda, do mesmo modo. Estamos desperdiçando todo o nosso potencial intelectual ao não percebermos que pertencemos a um grande meio interligado, e que qualquer alteração do meio ambiente, de forma insustentável, implicará indireta ou diretamente sobre nós, homens. O mundo acabará, segundo a comunidade científica, daqui a 4,5 bilhões de anos. De maneira alguma queremos acelerar o fim dos tempos.
    Que o ano de 2013 seja um paradigma acerca da qualidade de vida no Brasil. Que o esporte, inibidor das dicotomias sociais, seja a alavanca para o desenvolvimento socioeconômico. A Copa das Confederações, a Copa do Mundo FIFA e os Jogos Olímpicos podem ser mais valiosos do que seus respectivos gastos de organização. Como seria esplêndido ver nas manchetes dos veículos de comunicação  a inédita presença do país no grupo das nações mais desenvolvidas... 2013 dificilmente será o ano em que isto acontecerá, entretanto pode ser o início. Um grande avanço foi conquistado este ano, ao ser desmitificada a premissa da perpetuação da impunidade. O combate à corrupção é, sem dúvida, um dos vetores para a evolução da sociedade brasileira.
    Por mais utópicos que todos estes desejos pareçam, os sonhos são as ambições benéficas dos seres humanos. Com o planeta Terra não pode ser diferente. E não há momento mais auspicioso e propício para idealizar e mudar, como o Natal e o fim de ano. Gostaria de agradecer a todos os leitores deste blog, que de um simples instrumento para desenvolver a escrita e a redação, inicialmente, foi o responsável direto na escolha da minha carreira profissional. Espero que os 74 textos publicados desde dezembro de 2010 tenham contribuído para que os jovens e adolescentes ampliassem seus conhecimentos, a visão sobre o mundo e suas atualidades.

Feliz Natal e um 2013 de sonhos e realizações! Querer mudar é ser diferente; é preciso!   

    
                                                                Mattheus Reis

domingo, 16 de dezembro de 2012

O mundo é um hospício

                                                     Revolução Corinthiana

O merecido triunfo do Corinthians sobre o Chelsea (ING) na final do Mundial de Clubes da FIFA comprova que um time bem sucedido não necessita, condicionalmente, um elenco constelado. Somente a estruturação dos clubes, extra-campo, e o estilo de jogo coletivo podem derrotar os tão badalados clubes europeus. Coletividade ausente no vice-campeão.
   O Corinthians, nestes últimos 4 anos, consolidou-se como o time mais vitorioso do país por ser o pioneiro na adoção de um novo modelo de gestão que garanta sua rentabilidade. Boas contratações e conquistas são consequências desse processo. O rebaixamento, em 2007, no campeonato brasileiro, inciou uma revolução, um paradigma, culminando no redirecionamento do clube ao caminho do sucesso.
   Por mais que o Chelsea esteja atravessando conturbado momento, a decisão do mundial não fugiria do padrão de equilíbrio. Entretanto, o Corinthians caracterizou-se em campo pela ousadia, chegando a ser superior, tecnicamente, na maioria dos 90 minutos, diferentemente de São Paulo e Internacional - campeões em 2005 e 2006, respectivamente, mas que tornaram-se reféns do jogo ofensivo de seus adversários nas finais.
   Os ingleses atacavam menos. Em compensação, proporcionavam maior perigo. Todavia, Tite possuia um time de qualidade inegável, do goleiro ao atacante. Cássio foi heroi em momentos cruciais desta caminhada até o topo do mundo: na decisão de hoje e nas quartas-de-final da Libertadores da América quando defendeu, milagrosamente, contra o Vasco, uma finalização de Diego Souza. A sua convocação para a seleção brasileira seria , acima de tudo, justa. A eterna fiel torcida, em todos esses anos de expectativa, jamais imaginaria que um peruano marcaria o gol mais importante da história do clube. Além de iluminado, ele é "Guerrero".
    Neste fim de ano, o futebol brasileiro conseguiu resgatar sua identidade gloriosa. Em um 2012 de frustrações e incertezas - a perda do ouro olímpico, mais uma vez, e a demissão do técnico Mano Menezes - as conquistas do Mundial de Clubes e da Copa Sulamericana por Corinthians e São Paulo, na devida ordem, recolocam o Brasil na rota rumo à elite do futebol mundial. 
   Denominar o Corinthians como primazia nada mais é do que uma virtude. Tanto os 30 mil em Yokohama, quanto os milhões no Brasil são, sem dúvida, o motor deste time. O "Bando de loucos" tingiu o mundo nas cores que marcaram a melhor época do esporte mais popular do planeta: preto e branco. O mundo é dos loucos. Banzai Corinthians! Subarashii!     

* Veja a galeria de fotos do Bicampeonato mundial do "Timão".
http://globoesporte.globo.com/futebol/mundial-de-clubes/fotos/2012/12/fotos-corinthians-vence-chelsea.html

* Veja os melhores momentos do jogo do título!
http://www.youtube.com/watch?v=PUo2pz7DP74

                                                                Mattheus Reis

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O "UFC" de Brasília

                                  Os desconfiados e os desconfiáveis

O julgamento do caso do mensalão, quando acreditava-se em um desfecho próximo, após meses de tramitação no Supremo Tribunal Federal, possibilitou o surgimento de uma nova e acirrada divergência. Em seu "apagar de luzes", a penúltima sessão do processo colocou em pauta o debate acerca da indevida ou não prerrogativa do tribunal em conceder a perda de direitos políticos de parlamentares envolvidos no escândalo.
    A Constituição federal e o Código penal - textos que representam a conduta para o estabelecimento de sentenças - apresentam, neste quesito, interpretações distoantes. O Código declara, como automática, a perda de tais direitos em caso de condenação jurídica. Entretanto, a Constituição defende a intermediação do congresso na decisão. Tal divergência entre a Constituição e o Código Penal comprova o estado desarmônico e não integrado de ambos os textos, sendo necessária a imediata reformulação do último.
   A opinião geral do congresso sobre o caráter evasivo da decisão abre as portas para uma crise institucional. De fato, foi estabelecida uma afronta à independência dos três Poderes e, consequentemente, ao Estado de Direito. Por outro lado, pode-se, logo, apontar um cenário de desconfiança por parte dos ministros do STF perante os membros da Câmara dos Deputados acerca da responsabilidade que lhes seria atribuída. Haveria o temor de que os parlamentares não cumprissem o "dever de casa", ou seja, a cassação dos envolvidos.  
   A euforia proporcionada pelo grande avanço no combate à impunidade, explícito no julgamento do mensalão, não pode se refletir em atitudes precipitadas que, inclusive, violem a legitimidade constitucional.
  Ao depositar um voto de confiança na ação da Câmara dos deputados, o STF estaria, simultaneamente, atenuando as possibilidades de agravamento das tensões geradas pela eclosão da crise institucional. A não retribuição dos parlamentares a este crédito, além de não garantir a total sensação de justiça- objetivo do julgamento do mensalão - caracteriza-se como um desrespeito a todo o processo de mobilização popular que contribuiu para a elaboração da Lei da Ficha Limpa, marco na tentativa de afastar dos cargos públicos políticos que estejam em débito com a sociedade.

                                                          Mattheus Reis

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Fim da corrida

                                    Próxima parada: 2014

No último domingo, os eleitores das 50 cidades nas quais ocorreram 2° turno das eleições escolheram aqueles que governarão tais municípios nos próximos 4 anos. Em uma análise sucinta, houve uma guinada favorável à presidenta Dilma Rousseff. O PT e seus partidos aliados registraram crescimento no número de prefeituras, com destaque para a vertiginosa ascensão do PSB.
   O fortalecimento do PT é simultaneamente surpreendente e preocupante. O julgamento do mensalão era visto com temor pelos líderes do governo federal e como causa para um provável fraco desempenho, em consequência do comprometimento da imagem partidária. Novamente recai a crítica sobre o eleitorado acerca de sua consciência e senso crítico político, embora os envolvidos no escândalo representem uma minoria no partido. 
   É imensa a dificuldade dos brasileiros em assimilar a ética do cotidiano à política. Sabemos da necessidade de arcar com o pagamento de nossas contas e que precisamos cobrar o troco do pão francês, entretanto persiste a conivência com a corrupção, ao apreciar nas urnas uma legenda cujo alto escalão está envolvido em processos criminais.
   O triunfo do PT, na cidade mais importante do país consistiu em duro golpe para a oposição tucana. Fernando Haddad orou mais no embate - que teve nos grupos religiosos, o alvo na busca de votos - e rompeu a tradição do PSDB em São Paulo. Lula comprovou sua grande influência e articulação política com a indicação de Haddad à disputa, mesmo tendo ciência da inexperiência e ineficácia da administração do candidato ao Exame Nacional do Ensino Médio, quando ministro da educação.
   No Rio de Janeiro, ao reeleger o prefeito Eduardo Paes, a população corresponde aos benefícios provenientes da união entre as esferas municipal, estadual e federal de governo que propiciaram a elevação da qualidade de vida e a remodelação da infraestrutura urbana, visando a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A vitória de Paes consolidará seu ciclo de administração, possibilitando o prosseguimento das obras para os grandes eventos esportivos e da´política de segurança. De fato, quando se atravessa um momento auspicioso não é conveniente uma mudança, muito menos apostar na utopia. 
   Apesar da política brasileira estar centrada entre petistas e tucanos, o resultado expressivo do PSB traduz-se na tendência de degradação desta polarização. O presidente do partido socialista e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, conjuntamente com Aécio Neves são apontados como potenciais candidatos a futuros embates pela Presidência. PT e PSDB podem ter mais um rival, ou se tornarão reféns do apoio do PSB, em 2014, caso tal influência seja consolidada.       

                                                          Mattheus Reis

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

6+6+6+6...

                                                   O reinado continua

    O presidente venezuelano Hugo Chávez, mesmo diante da real possibilidade de derrota para o  opositor Capriles Radonsky, conquistou a quarta vitória seguida nas eleições, com significativa margem de segurança. O líder Bolivariano consegue o raro feito de permanecer um longo período no poder, democraticamente. Serão completados 20 anos a frente do país.
    O voto na Venezuela possui caráter facultativo. Grande parte das constituições latino-americanas adotam esta prática. O recente período amplamente democrático existente no Brasil -pós 1988- e a consequente ausência de senso crítico político mais apurado dos eleitores é um argumento justificável para a manutenção do voto obrigatório entre 18 e 70 anos. Porém, a "República de Chávez" é um evidente exemplo de que a consolidação democrática, obtida desde sua independência, não é sinônimo de conscientização política, a longo prazo.
   Chávez venceu com com margem de aproximadamente 12%. Essa diferença causou certa frustração da oposição. Todavia, Capriles foi o adversário que obteve o maior números de votos nestes últimos quatro pleitos. Este dado reforça o desgaste do atual governo, seja pela péssima infraestrutura do país - evidenciada pelo acidente da refinaria petrolífera da estatal PDVSA, em Amuay, quanto pelo incremento das desigualdades sociais. 
   O povo venezuelano se viu em um encruzilhada e, comovido pela debilitada saúde do presidente, acabou optando pela manutenção assistencialismo eleitoreiro em relação a uma incógnita. Entretanto, pela primeira vez houve uma eminência de troca de poder. Em apenas alguns meses era inviável derrubar uma ideologia construída por quase 2 décadas. Capriles fortalece-se para as próximas disputas, aumentando suas chances caso a Venezuela continue estagnada como no estágio atual.  
    
* Leia mais sobre a reeleição de Chavez na Venezuela!
http://oglobo.globo.com/mundo/e-tudo-continua-tranquilo-na-venezuela-6343301


                                                         Mattheus Reis

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Racha espanhol

                                                     Divórcio de ferro

O parlamento Catalão aprovou a realização de um plebiscito, sem data pré-definida, acerca da proclamação da autonomia e consequente secessão da província perante a Espanha. A crise do euro promove a ressurgência de velhas questões que, devido a prosperidade da união monetária, na primeira década do século XXI, haviam sido amenizadas. 
    A interdependência ocasionada pelos princípios de formação do bloco europeu arrasta para o fundo do poço nações tão fragilizadas economicamente quanto a Grécia, que sacrificam suas respectivas finanças a fim de ceder paliativo alento a um país com métodos reguladores e benefícios sociais não condizentes com seu estágio de desenvolvimento. A Espanha, assim como as outras potências regionais foi obrigada a adotar em seu vocabulário a austeridade. 
   Encurralados em um beco sem saída, chefes de Estado são obrigados a atuar sobre a redução da concessão de benefícios previdenciários e aumentos de impostos. A Espanha, mais precisamente, adota uma prática mercantilista contemporânea ao arrematar, através do governo central, altos percentuais da arrecadação provenientes das regiões autônomas. Catalunha e Andaluzia são exemplos de províncias com padrão de renda e qualidade de vida superiores à média espanhola, porém submissas a esta política que proporcionou, entre outros fatores, a recessão destas. A secessão traduz-se em um basta à subserviência que impede o crescimento.
   Mesmo que a adesão dos catalãs e o apoio dos não-catalãs fortaleça todo este cenário, a Catalunha independente está mais propensa - nesta empreitada - a fracassar do que ser bem sucedida. O maior obstáculo consiste na aprovação, no parlamento europeu, de sua soberania. A decisão necessita da unanimidade dos Estados-membros, sendo a Espanha um destes. O país rechaça qualquer tentativa de emancipação sob o argumento constitucional nacional de atrelamento das regiões autônomas ao Estado maior espanhol. 
   O continente europeu enfrentou episódios semelhantes de desmembramento, marcados por acordos pacíficos. A "transição de veludo" comprova essa tese. Não é o momento mais auspicioso para a deflagração de um conflito que tenderia, somente, ao agravamento da crise econômica.
   Soma-se a tudo isso o impacto cultural e psicológico de uma sociedade que vive laços intensos, porque não existe uma separção social entre a Catalunha e o resto da Espanha, diferentemente do País Basco. Tal impacto atingiria, inclusive, o mundo esportivo: a vitoriosa equipe de futebol do Barcelona se afastaria da Liga BBVA - o campeonato nacional -  colocando o seu futuro e o alto desempenho em risco. Em suma, os fatores preponderam muito mais a manutenção territorial a separação.

*Leia mais sobre a onda separatista catalã
                                                      

                                                         Mattheus Reis
  
  
  
 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Corrida pelo poder.

                                                        O Voto não tem preço 
 
    Nesta semana, em que teve início nos meios de comunicação a propaganda eleitoral gratuita e o julgamento do mensalão encaminha-se para a sua fase mais decisiva, a política tende a dominar as manchetes da mídia. A democracia representa o sistema no qual a manifestação popular é imprescindível à sua manutenção. A história apresenta inúmeros capítulos de luta pela ampliação dos direitos civis e políticos. Entretanto, em alguns momentos, o eleitorado prova que utiliza inadequadamente esta ferramenta de poder.
   Mesmo que o Brasil tenha proporcionado à sua nação grandes avanços socioeconômicos, na última década, a conjuntura nacional ainda retrata quadros alarmantes de disparidades. Tal situação estimula a coação de políticos mal intencionados sobre cidadãos desacreditados através de promessas e medidas assistencialistas paliativas. Estratégia semelhante - porém com adesão da repressão - adotada em períodos anteriores com as oligarquias do início do século XX. O clientelismo não deixou de existir, apenas remodelou-se. As milícias, atualmente, constituem o exemplo mais evidente de subserviência. A figura do coronel e seus jagunços foi substituida pela a dos grupos paramilitares.
   Como consequência, assiste-se à ascensão de candidatos não comprometidos com a causa social, que visam interesses próprios. O julgamento do mensalão soa como alerta àqueles que irão às urnas no mês de Outubro e gera uma reflexão acerca das enormes responsabilidades e implicações do voto.
   A campanha "Diretas já", diante da inflexibilidade e opressão do regime militar e o processo de impeachment de Fernando Collor, em 1992, ratificam a força e poder do povo brasileiro, que contará pela primeira vez com o auxílio da Lei da Ficha Limpa - importante ação implementada com o intuito de reduzir a incidência de práticas ilícitas na máquina administrativa. 
   No Brasil, o voto é obrigatório entre dezoito e setenta anos, mas é perceptível o desinteresse de grande proporção, principalmente no segmento jovem, do eleitorado na escolha de seus respectivos representantes. Ao mesmo tempo, somente o voto é capaz de transformar esse contexto e impor as reais necessidades da sociedade. O cidadão, sobretudo, deve informar-se sobre a política nacional para a perpetuação do senso crítico politico. 

                                                     
                                             Mattheus Reis

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

2016 é logo ali

                                                    Agora é a vez do Brasil

O encerramento da 30ª edição dos Jogos Olímpicos no último domingo, inicia o ciclo de preparação e organização para o grande evento que desembarcará na cidade do Rio de Janeiro daqui a 4 anos. A capital britânica surpreendeu até nos quesitos menos favoráveis, como a adesão da população, que nos últimos instantes compreendeu o espírito olímpico e apoiou a delegação nacional no melhor desempenho do Team GB na história olímpica.
      A olímpiada de 2012 caracterizou-se por ser um rito de passagem para, especificamente, dois atletas em lendas: Michael Phelps, que há quatro anos superara Mark Spitz com o recorde de medalhas de ouro em uma mesma olimpíada, tornou-se o maior medalhista da história. Nunca o peso de 22 medalhas foi tão leve. O americano Carl Lewis não é mais o único bicampeão dos 100 metros rasos, já que um raio vindo da Jamaica caiu nas pistas por duas vezes. Usain Bolt é fantástico e buscará a inédita conquista do tri no Rio.        
   Com o intuito de o país ocupar as 10 primeiras colocações no quadro geral de medalhas em 2016, o comitê olímpico brasileiro, em projeto a médio prazo, investiu maciçamente na melhora da performance dos atletas e obteve resultados inicialmente positivos. O primeiro ouro do judô e o pódio inédito do boxe são exemplos do potencial que os atletas de esportes menos favorecidos financeiramente podem alcançar.
   Londres exemplificou a perfeita harmonia que o desenvolvimento sustentável pode oferecer. Baseando-se no pioneirismo da cidade australiana de Sydney - sede em 2000 -  reduziu ao máximo possível os efeitos da realização de um evento de grande porte como este sobre o meio-ambiente. Esta é uma das receitas que o Brasil deve seguir para ficar no ponto mais alto do pódio no que tange a preservação dos recursos naturais.
   Faltam exatamente 1452 dias para a maior competição esportiva do mundo em solo brasileiro. As duas últimas edições em Pequim e Londres servem de parâmetros acerca dos desafios e benefícios oriundos da organização das olimpíadas. Os chineses priorizaram o espetáculo e, sem dúvida, impressionaram o mundo. Os ingleses não abriram mão da sua personalidade racional e optaram pelo legado não obstante um impecável planejamento. O dever de casa é repetir o exemplo de Londres, até porque de festa e espetáculo, ninguém entende mais do que a gente.

* Veja a galeria de fotos da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012!
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/fotos/2012/07/fotos-festa-de-abertura-dos-jogos-olimpicos-de-londres.html

                                           Mattheus Reis

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Filme repetido

                                                   Os dois julgamentos

O terror atinge os EUA em mais um massacre armado. Na última sexta feira,  o ataque de um estudante de neurociências no estado americano do Colorado a um cinema recorda os trágicos acontecimentos de Columbine, escola localizada a menos de 30 Km de Aurora. Na pré-estreia do filme "Batman - o cavaleiro das trevas ressurge", o famoso personagem "Coringa" foi um vilão real.
    A campanha presidencial americana ganha um novo tema em discussão. O controle sobre a comercialização de armas de fogo - em uma nação extremamente militarizada - parece ser cada vez mais necessário a fim de atenuar tais atentados. Por enquanto, somente ouviu-se os discursos de solidariedade tanto de Obama quanto de Romney. Para que mudanças significativas ocorram, atitudes devem-se somar às palavras.
   Para alguns colegas da Universidade do Colorado, a atitude de James Holmes não pôde ser interpretada como surpreendente. Seu comportamento ultrareservado e retraído, além de intrigante era suspeito. Nestes momentos a presença de pais e responsáveis ao tentar solucionar desvios de conduta e transtornos mediante acompanhamento psicológico é imprescindível. Contudo, nem a isso Holmes podia contar, pois seus pais estavam a milhares de quilômetros de distância, em San Diego na Califórnia.
   Em hipótese alguma existe a defesa ao comportamento do franco-atirador. James Holmes poderá ter como punição máxima a perda de sua vida. Este é o veredicto da sociedade que, diante de crimes brutais, transparece o sentimentalismo. A prisão perpétua acompanhada de tratamento psicológico soa, inicialmente, como incipiente, porém é uma punição mais justa.
  Quais foram os momentos da história nos quais a guerra, a morte e a brutalidade solucionaram os problemas da sociedade? De maneira alguma trata-se de um argumento pacifista. Embora possa desencadear boas ou más implicações, ser humano com os desumanos é um gesto nobre. Que o julgamento da justiça não se baseie pela desigual e preconceituosa opinião pública e da mídia.

                                                                Mattheus Reis     
   


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Liberto!

                                          Melhor, impossível

Restavam apenas 90 minutos para o fim de uma longa espera. Era a oportunidade única que não se imaginava em momento algum se desperdiçada. O sonho de consumo dos corintianos está ao alcance. Convictamente, o Corinthians sagrou-se campeão da Copa Santander Libertadores da América em 2012, ao vencer o "todo poderoso" Boca Juniors (ARG) pelo placar de 2x0. O Corinthians está liberto desta agonia.
    O título inédito exorcisou os recentes traumas das edições anteriores. O mais duro golpe; a precoce eliminação na fase prévia diante do Desportes Tolima (COL) sendo Tite o treinador da pior participação do Corinthians no torneio. O técnico estava fadado ao fracasso. A real responsabilidade não era sua, pois ocupava a função `há seis meses. Quando ofereceu-se o principal instrumento de trabalho do futebol, o time adquiriu seu estilo de jogo. O Campeonato Brasileiro e a Libertadores são consequências disso. O tempo e a paciência são imprescindiveis.  
    A coletividade foi o grande trunfo e diferencial nesta trajetória. De fato, o entrosamento foi fundamental para que a equipe sofresse apenas 4 gols ao longo da competição inteira. Todavia, todo campeão possui um destaque, a estrela que brilha mais em relação às outras, mesmo que minimamente. Existe um craque. Emerson foi decisivo nas finais ao contribuir com dois gols e uma assistência para Romarinho, na primeira partida. A jovem aposta correspondeu às expectativas e possui potencial e talento para evoluir e se tornar um grande atleta. Essa foi a sua primeira impressão.
    A simples conquista da Libertadores já é um marco para qualquer torcedor. Para o corintiano, não era suficiente. Era necessário derrotar o hexacampeão Boca Juniors - que embora não tenha uma equipe à altura da brasileira, impõe respeito e tradição - além de vencer de forma invicta! Demorou, mas o título veio em grande estilo. Próxima chamada: Japão.
    A famosa piada de que o Corinthians ganha Libertdores somente no video-game perdeu completamente a sua graça e sentido. Agora ele tem uma taça de verdade e tantas outras no mundo virtual, que superam os seus adversários. Enfim, Corinthians, campeão da Libertadores de 2012. Agora sim, o mundo pode acabar.   

*Veja os melhores momentos da final da Libertadores e a galeria de fotos da conquista do "Timão"!

                   
                                                 Mattheus Reis

terça-feira, 3 de julho de 2012

Novela Mexicana

                                                  71 anos depois

No último domingo, em meio ao turbulento processo eleitoral, o candidato Enrique Peña Nieto foi eleito o novo presidente do México e recolocou o Partido Revolucionário Institucional (PRI) no comando do país após 12 anos. Ao instaurar uma dinastia de 71 anos - entre 1929 e 2000 - sustentada por ações ilícitas e autoritárias, o PRI visualiza Peña Nieto como figura renovadora, capaz de desmitificar tal imagem negativa e provar aos mexicanos que o partido atravessa uma nova era.
   Segundo colocado na disputa, o ex-prefeito da Cidade do México Manuel Lopez Obrador contestou de modo veemente o resultado. São fortes as evidências de manipulação de voto a favor de Peña Nieto, ademais a perceptível imparcialidade da imprensa local ao vencedor. A diferença de 7% talvez fora influenciada por estes dois artifícios. Enquanto permanece essa "novela", a equipe de transição já está sendo montada.
   O narcotráfico é o grande entrave a ser enfrentado. Os cartéis de drogas espalhados pelo país cada vez mais adquirem força, intensificando as disputas e rivalidades pelo poder sobre a comercialização de intorpecentes. Esta grave doença que ataca a política de segurança pública se disseminou de tal forma a atingir a mídia, coibindo-a: o México detém o maior número de ataques registrados a jornalistas, em todo o mundo.
   Durante toda a campanha, nenhuma proposta concreta a fim de solucionar a questão do tráfico de drogas foi apresentada. Os eleitores manifestaram sua opinião nas urnas acerca do combate intensivo do exército, elaborado pelo atual presidente Felipe Calderón. O fraco desempenho de sua aliada, Josefina Vásquez, comprova que este plano fracassou, tanto pelas denúncias de associação ao narcotráfico por parte do alto escalão militar, quanto pelo crescimento exarcebado da violência, principalmente das cidades localizadas próximas a fronteira com os EUA. Ciudad Juarez é o exemplo mais explícito do domínio dos cartéis.
   Apenas a guerra travada contra os traficantes de drogas e o processo de transformação ideológica de seu partido são, por si só, desgastantes. A segunda tarefa é menos árdua, pois o PRI deve adotar uma postura mais liberal perante forte oposição de movimentos sociais, como o "Yo soy 132", atuante em toda a corrida presidencial. Inúmeros esforços deverão ser expendidos para minimizar o caos provocado pelo poder paralelo, que cresceu sustentado, entre outros motivos, pelo inértil comportamento nos 71 anos governados pelo PRI.

                                                 Mattheus Reis

sábado, 30 de junho de 2012

Parece que foi ontem

                                                   Volta por cima

No dia 30 de junho, há exatamente 10 anos, o futebol brasileiro conquistava o seu quinto título da Copa do Mundo FIFA na Coreia do Sul e Japão. As madrugadas nunca foram tão tensas e emocionantes, embaladas pela paixão nacional por uma seleção que chegou à disputa desacreditada, que havia conquistado a sua classificação na repescagem, porém que cresceu durante o torneio e venceu a Alemanha pelo placar de 2x0 na finalíssima.
   Convém frisar que nas últimas edições de Copa do Mundo, a de 2002 foi a mais atípica. Gigantes do futebol foram eliminados sequencialmente, possibilitando a ascensão de surpresas. A França, tida como favorita - campeã mundial em 1998 e da Eurocopa em 2000 - decepcionou a todos ao ser desclassificada prematuramente na fase de grupos sem marcar um gol sequer. Uma típica revanche pelo  fracasso brasileiro em 1998. Ao mesmo tempo, sorte e competência caminhavam juntas com a seleção.
   Inglaterra e Alemanha foram os adversários mais imponentes da trajetória brasileira, embora as partidas contra Bélgica e Turquia nas oitavas-de-final e estreia, respectivamente tenham sido as mais dramáticas. Quem poderia afirmar que Turquia e Coreia do Sul decidiriam o 3° lugar da competição. Talvez somente os deuses do futebol saibam o motivo pelo qual a seleção turca nunca mais conseguira a classificação para disputar a Copa do Mundo. Simples lampejo, e dos raros.
   Só de olhar para sua fisionomia, muitas crianças se assustavam. O alemão Oliver Kahn foi sem dúvida o melhor goleiro da competição, embora Marcos com suas excepcionais atuações não tenha ficado atrás. Somente não foi o destaque porque um camisa n°9 que mais uma vez se superou  tornando-se o herói do título. A letra "R" estava na moda. A dupla Ronaldo e Rivaldo foi sinônimo de superação. Ambos corriam o risco de serem cortados por lesões no joelho e impressionaram a todos pelo futebol jogado em alto nível. E na equipe ainda jogava Ronaldinho Gáucho. Aquele gol de falta contra os ingleses, ele cruzou ou chutou a gol? Como eu queria saber a resposta.  
   A grande muralha, Kahn, um dia antes da decisão, havia sido condecorado com o prêmio de melhor jogador da Copa. Escolha injusta. No dia seguinte a muralha foi derrubada duas vezes e o erro foi reparado com a escolha do melhor jogador do mundo. A menos de dois anos para o início do mundial no Brasil será necessário muito empenho desta seleção para que a tão cobiçada taça volte para casa. Não há como comparar a seleção de atual com a de 2002. Neymar e Ganso que me desculpem

*Veja os melhores momentos do jogo do penta!                                                             


                                                                    Mattheus Reis

  


terça-feira, 19 de junho de 2012

Meio Ambiente em foco

                                                O Rio não é só turismo

Iniciada na semana passada, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Social Rio+20 vive seu período mais decisivo a partir desta terça-feira (19), quando os principais chefes de estado do planeta tentarão convergir sobre o modelo mais rentável que concilie o crescimento com a menor degradação ambiental possível.   
   A realização da Conferência se traduz como um momento ímpar para o Brasil, devido a sua liderança nas negociações a fim de impor suas pretensões e objetivos frente a países caracterizados tradicionalmente por não priorizarem a questão ambiental, a exemplo de EUA, Rússia e China. Tal importância se intensifica pela tentativa de recuperação do posto principal no desenvolvimento de biocombustíveis.
  Caso obtenha sucesso, a Rio+20 fugirá do inértil padrão das últimas reuniões sobre mudanças climáticas - realizadas em Davos, na Suíça e na cidade de Durban, na África do Sul, em 2009 e 2011, respectivamente. A missão é complexa pois, simultaneamente acontece a Cúpula do G-20, no México. O dinheiro fala mais alto, principalmente em tempos de crise, podendo dispersar as atenções e necessidades exigidas pela conferência ambiental.
  A economia verde, defendida por especialistas não se resume somente a inovação em tecnologias que reduzam o impacto ambiental. A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, na Amazônia é indispensável para a ampliação da matriz energética brasileira. Todavia, a ausência de uma análise criteriosa acerca dos impactos sociais sofridos por comunidades locais equivale-se aos prejuízos acarretados com fontes de energia poluentes. Estes povoados sobrevivem da subsistência que seria completamente desarticulada com a execução do projeto. 
  O aquecimento global e suas consequências não evidencia-se como um fenômeno recente, embora os líderes mundiais minimizem-no através de atitudes passivas. A Eco-92 foi um exemplo de cooperação e sintonia, o que implicou no estabelecimento concreto de metas para redução das emissões de gases poluentes. Vinte anos depois, a Rio+20 tem o compromisso de ratificar a preservação do meio-ambiente e a função dos lideres mundiais de conduzirem esse processo transformador, não limitando a vinda ao Brasil a uma mera visitação turística.    


*Leia mais sobre a Rio+20 !
http://oglobo.globo.com/infograficos/mapas-distorcidos/#conservacao
http://oglobo.globo.com/rio20/o-poder-esta-nas-redes-sociais-diz-vandana-shiva-5175582

                                                          Mattheus Reis

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Vitória da superação

                                               
                                                  Aonde erramos?


A heroica classificação do Chelsea diante do Barcelona - em um Camp Nou lotado - abalou as estruturas do clube catalão. A ausência de títulos na temporada, pelo incrível que pareça, instaura uma crise semelhante às que equipes brasileiras atravessam. Nunca três derrotas soaram com uma intensidade tão assustadora. Porém, questionar a superioridade e reputação do Barcelona é ,no mínimo, precipitado.
  
  O Real Madrid, que praticamente se consagrou como o campeão do Campeonato Espanhol, também sofreu um duro golpe com a eliminação da Liga dos Campeões para o Bayern de Munique (ALE). Disputando a final, em casa, contra o Chelsea, a equipe alemã tem grandes chances de vencer o torneio.
   É inaceitável o torcedor criticar Lionel Messi, pelo pênalti perdido na terça-feira e acusá-lo de "amarelar" nas decisões. Esta atribuição deveria ser feita a Cristiano Ronaldo, que embora tenha marcado dois gols no duelo contra o Bayern, cobrou pessimamente uma das penalidades na série. O filme da final da Liga dos Campeões de 2008 se repete, quando o craque português - atuando pelo Manchester United - marcou um gol sobre o mesmo Chelsea, entretanto desperdiçou outro pênalti. Por sorte os "Red Devils" conquistaram a Europa e posteriormente o mundo, naquele ano.
   Caso houvesse uma decisão do 3° lugar, assim como na Copa do Mundo, Barcelona e Real Madrid disputariam um jogo mais atraente do que a própria final.
   Não existe outra estratégia de triunfar sobre Barcelona a não ser aquela que imponha uma rígida marcação, oportunismo nos contra-ataques e um pouco de sorte. Às vezes nem isso funciona...
   Como já noticiado pela imprensa, com contrato próximo do fim (30 de Junho), o técnico Pep Guardiola encerra seu ciclo na equipe. O comandante tão vitorioso, talvez tenha se equivocado ao transmitir confiança demais ao afirmar que chegaria a final, sem dúvida. Foi vítima direta da "crise".
   Se o Barcelona equivocou-se ao considerar que poderia definir a partida a qualquer momento faltou o aviso de que independentemente do time, onze atletas buscarão ao máximo a superação; os do Chelsea conseguiram. E, nós, meros admiradores do futebol erramos porque achávamos que o melhor time do mundo era imbatível.
       "O futebol é imbatível porque nenhum time é imbatível."  (Mauro Beting)


*Leia mais sobre a desclassificação do Barcelona nas semi-finais da Liga dos Campeões da Europa!
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-espanhol/noticia/2012/04/senhor-barca-pep-guardiola-colheu-titulos-recordes-e-poucas-frustracoes.html

                                             Mattheus Reis

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Lição não aprendida

Voo de galinha

No último final de semana, em Nova Delhi, capital da Índia, encerrou-se a cúpula que reuniu os líderes dos países membros do BRICS, bloco mais ascendente da atualidade. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul analisaram futuras tendências contando com a redução da influência da União Européia, em consequência da recessão, e medidas que vislumbram a promoção do grupo na comunidade internacional.   
  
   Uma destas medidas refere-se a criação de uma instituição financeira de suporte aos BRICS. A presença de um banco que promova o desenvolvimento do bloco - assim como o BNDES - é benéfica desde que as economias destes países atinjam considerável grau de estabilidade. Meta ainda não consolidada.
   Cada vez mais o Brasil depende econômica e comercialmente de parceiros emergentes, como a China. A busca de novas alternativas rentáveis é uma rota de fuga da austeridade e dos impactos decorrentes da crise do euro. Porém, o Brasil comete pela segunda vez o mesmo erro. No período das oligarquias, a necessidade de exportação do café e outros produtos para os E.U.A. e outros países - como forma de manutenção de um superávit econômico - assentou a economia em uma situação volátil. Quando a Crise de 1929 estourou...  
   Atualmente a produção agrícola objetivando a demanda interna continua desestimulada pelo governo com o agravante da desleal concorrência da entrada maciça de produtos e investimentos chineses, impedindo a expansão da atividade industrial nacional.     
   Por mais excepcional que seja seu alto e constante crescimento, em média 9% nas últimas 3 décadas, a China será obrigada e adequar sua estrutura financeira ao posto de 2ª maior economia mundial. Caso isso não ocorra, a especulação levará para o fundo do poço o país e quem depende dele.
   O momento favorável em relação ao contexto mundial concede ao BRICS o direito de exigir maior representatividade em órgãos como a ONU e o FMI. Entretanto, medidas precipitadas que culminem em um retardo do crescimento comprometem o audacioso plano de hegemonia política do bloco.   

* Leia mais sobre a reunião dos BRICS na Índia.

                                                  Mattheus Reis

sexta-feira, 23 de março de 2012

Antigos Fantasmas

                          O desenvolvimento é relativo

   O ataque sobre estudantes judeus, em uma escola na cidade francesa de Toulouse, na última segunda-feira reforça o conceito de extremismo cultural existente na sociedade européia. Este eurocentrismo advém dos períodos mercantilistas, traduzindo-se na superioridade destes povos.
   O debate acerca do multiculturalismo alcançou os patamares políticos e econômicos, tornando-se um dos principais temas da campanha presidencialista na França, país que mais sofre os efeitos da imigração. A manifestação concreta de repúdio dos candidatos à presença em grande escala de estrangeiros, que segundo o governo contribuem para o aumento das desigualdades, tem como justificativa a crise da zona do euro. Independentemente disso há a caracterização deliberada de um neologismo xenófobo.
   Entretanto, os imigrantes possuem função determinante na movimentação da economia pois, ocupam postos básicos de trabalho, não desejáveis a nação européia, que se considera "evoluida demais" para realizar tais tarefas. Logo, caberia ao governo promover uma melhor qualidade de vida àqueles. Aonde estão os ideais de igualdade presentes na "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" elaborada na  Revolução Francesa? Talvez tenham se evaporado no perfumado ar francês 
   A Europa de maneira geral é comparável a um velho porão mal assombrado. Quando tragédias relacionadas ao extremismo e xenofobia ocorrem - o ataque a um grupo de partidários na Noruega, em 2011 é um exemplo recente - os antigos fantasmas remetentes ao nazismo de Hitler e de outros períodos deploráveis da história ressurgem e assombram a população.Um trauma do qual a Europa não se liberta.
   Em algumas ocasiões o conceito de desenvolvimento é questionável. A recessão econômica é preocupante, porém não retirará a Europa e muito menos os EUA do poder a curto/médio prazo. É uma pena que todo o poder e desenvolvimento existente na Europa não tenha sido acompanhado pelo europeu, que apresentando este tipo de comportamento discriminatório se aproxima do subdesenvolvimento.

* Leia mais sobre o extremismo na França!
http://oglobo.globo.com/mundo/franca-tem-tradicao-de-extremismo-diz-analista-4369615                                         

                                                                 Mattheus Reis      

sexta-feira, 2 de março de 2012

Ninguém é eterno

                                           As duas Guantánamos

A base militar de Guantánamo, em Cuba, é conhecida e temida pelas supostas violações aos direitos humanos sofridas pelos seus detentos. É difícil imaginar algo pior do que a tortura de um ser humano - independentemente das injúrias cometidas - em um complexo penitenciário fechado e isolado. O governo sírio se orgulha ao esbravejar para o mundo inteiro ouvir a manutenção de uma população inteira sob cárcere-privado. 

   Não é utopia. Esse raciocínio possui fundamentos. Desde o ano passado a grande parte da população síria protesta a favor da renúncia do presidente Bashaar al-Assad e consequentemente por mudanças políticas. A situação é caótica, de se alcançar o ponto de jornalistas estrangeiros serem impedidos de se retirar do país, fazendo isso clandestinamente e da ajuda humanitária não alcançar os mais necessitados.
   À beira da eclosão de uma guerra civil, nem mesmo a pressão e a sanção internacional abalam o chefe de Estado. Quem pensou que após o fim emblemático de Muamar Kadaffi, Assad seria apenas mais um a cair do trono facilmente, se enganou.
   No oriente médio, infelizmente, é muito rápido chegar ao poder -os muitos golpes militares pertencem intensamente à história árabe- difícil é sair; na maioria das vezes morto. Tem-se os exemplos: Kadaffi, Saddam Hussein... Bashar al-Assad, talvez.
   Enquanto a sociedade ocidental vive um "conto-de-fadas" político onde a democracia, a cidadania e as manifestações pacíficas reinam, em sua maioria, nos países árabes a violência é um recurso, muitas vezes, único a fim de criticar os "Reis Absolutistas do Século XXI". Já passou o tempo. O Oriente Médio está atrasado. Não vivemos nesta época.
   Foi comprovado há um ano que a sociedade revindica seus direitos e quando mobilizada pode mudar os seus rumos. A resistência de Assad, há um considerável período, não é de maneira alguma sinônimo de eternidade. A história não está a seu favor. Submeter-se ao povo é a melhor opção a ser tomada.

                                                    Mattheus Reis

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um lugar ao sol

                                                       Corrida Intelectual

   Sinal de independência, orgulho e notoriedade, estar inserido no mercado de trabalho requer constante atualização e criatividade abrangente. A grande concorrência somada a juventude da mão-de-obra pretendida pelos empregadores reforçam a idéia de que o ensino superior não caracteriza-se como último degrau.

    A procura por instituições que ofereçam educação profissionalizante é uma maneira de complementar e aperfeiçoar conteúdos obtidos nas universidades. Enriquecer curriculuns associados a uma experiência proveniente de estágios agradam, e muito, as empresas, uma vez que não é necessário o treinamento de tal funcionário para a execução de específica função.
    Em um mundo marcado pela recente e crescente mobilização acerca do meio-ambiente, o desenvolvimento de projetos que viabilizem a sustentabilidade - o crescimento econômico/social  concomitantemente á preservação da natureza. Assim como uma tendência, degradar o meio-ambiente descontrolada e irresponsavelmente está "fora de moda". Que essa tendência se perpetue!
    O Brasil via os progressos econômico e social, além da crise do euro, aumenta suas possibilidades de se consolidar como uma potência mundial  e de atrair investidores e conglomerados empresariais internacionais. Esta conquista, infelizmente, não se obtém a curto prazo. Talvez em 20, 30 anos. Para não ser somente uma falácia, cabe  ao Estado investir na melhora da educação ao nível das nações centrais. A ausência de mão-de-obra qualificada e diversificada anula praticamente todas estas chances, colocando o país na retaguarda dos BRIC's.
    O mundo, após ter atravessado duas Guerras Mundiais e um conflito político/ideológico, impôs - através da multipolidaridade - novos desafios aos habitantes deste planeta. Se há algumas décadas o homem visava as conquistas nuclear e espacial, hoje a busca incessante pelo conhecimento não ´so se tornou um sinônimo de poder, como de sobrevivência.

                                                             Mattheus Reis 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Questão de bom senso

                                          Atos e suas consequências

   Salvador, nesta semana, sofreu os efeitos da paralisação dos oficiais da polícia militar: o avanço desenfreado da criminalidade gerou um tenso clima na capital baiana, obrigando a intervenção das forças de segurança nacional. Enquanto no estado a manifestação grevista caminha para os momentos finais, um processo semelhante se inicia no Rio de Janeiro, mesmo que descentralizadamente.

   O caráter expansionista da greve justifica-se por uma razão: independentemente do poder econômico, em âmbito regional, em geral, as forças militares são mal remuneradas mediante risco exposto ao enfrentar o crime organizado e às dificuldades estruturais de trabalho.
   Em uma democracia, revindicar melhores salários e condições de trabalho é um direito garantido constitucionalmente aos cidadãos. Contudo, os serviços públicos adquirem importância essencial na manutenção do bem-estar social. A segurança se enquadra neste caso.
   Uma paralisação, mesmo que parcial, atinge diretamente a população, provocando a sensação de apreensão e descaso. O Exército e a Força Nacional de Segurança impõem um poder e respeito quando presentes nas ruas, diminuindo o ímpeto dos criminosos mas, não estamos atravessando um confronto civil - diferentemente da Síria, país árabe que luta para derrubar do poder seu presidente/ditador - logo, no momento no qual há a ocupação dos centros urbanos pelas forças armadas é praticamente impossível não associá-la a cenas de guerra.
   Cabe ao Estado a concessão de salários dignos aos policiais. Também é dever dos mesmos ter um bom senso. Uma greve afeta toda uma população que fica à mercê da criminalidade. Uma passeata é admissível todavia, uma paralisação ampla semelhante a ocorrida em Salvador, às vésperas do carnaval apenas degrada a relação entre a autoridade pública e os cidadãos.

                                                                   Mattheus Reis    

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O mundo dá voltas

                                                 Sede de revanche

No próximo domingo (05/02), acontecerá no Lucas Oil Stadium, em Indianapolis, a capital esportiva do EUA, a 46ª edição de um dos maiores espetáculos do desporto mundial: O Super Bowl, a final da temporada de futebol americano. A decisão deste ano tem tem tudo para ser mais do que especial.

    New York Giants e New England Patriots - campeões das conferências nacional e americana, respectivamente - duelarão pelo título. Ambas equipes chegaram a decisão enfrentando equipes dificílimas em partidas emocionantes.
    Em New England, uma recepção para touchdown mal executada eliminou a possibilidade do Baltimore Ravens disputar o Super Bowl XLVI. Era o dia do anfitrião. Enquanto isso, do outro lado do país, na Costa do Pacífico, o time-sensação da temporada, o San Francisco 49ers., veio a campo motivado todavia, esbarrou na frieza do New York Giants que conquistou a vitória na prorrogação.
    O jogo, em si, possui algo especial. Trata-se da reedição da decisão de 2008. Naquele ano, o New England Patriots perdeu apenas um confronto: exatamente a final. Apontado como coadjuvante, ou o popular "azarão", os Giants desbancaram os favoritos, surpreendendo a todos. Hoje, o contexto não é semelhante. Cogitar o provável campeão está fora de alcance. Constância versus ascenção.
    Com certeza o fator emocional dos jogadores do Patriots estará mais aflorado em consequência do sentimento de revanche. Tudo ou nada. É a vez do troco ou vira freguês.

* Veja os melhores momentos da final dos Patriots contra os Giants, em 2008

                                                        Mattheus Reis
          
        Assista ao Super Bowl

 * Transmissão: ESPN e ESPN HD
 * Domingo, 05/02
 * 21:00 Hs (Horário de Brasília)
 * Show do Intervalo: Madonna

domingo, 29 de janeiro de 2012

Vítimas da negligência

                                     Lições da tragédia

O desabamento de 3 edifícios, na última quarta-feira, no centro do Rio de Janeiro comprovou a omissão tanto do governo quanto de especialistas em engenharia civil. Quando tal incompetência se faz presente, tragédias como esta que aconteceu nesta semana são apenas, infelizmente, questões de tempo.

   Do governo, advém a ausência de fiscalização nas obras. É inaceitável as autoridades permitirem que janelas sejam erguidas, comprometendo estruturas de sustentação, ainda mais sendo esta prática proibida por lei. Porém não existe em código algum a necessidade de declarar a execução de obra interna, outro fator responsável pelo desabamento.
   Por mais burocráticas que sejam as leis, o desastre no centro do Rio de Janeiro não pode cair em esquecimento. A criação de uma legislação voltada para a segurança destas construções é urgente.
   A demora em um pronunciamento oficial do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes condiz com o aparato elaborado para acontecimentos de grande porte. O Estado não deve presenciar somente momentos de vislumbro e de sucesso da cidade. A omissão transmite uma imagem de incapacidade política ao exterior e um descaso com a população.
  Acerca da comunidade de engenharia e arquitetura é necessária uma reflexão; que no momento do planejamento de uma grande obra, a segurança daqueles que utilizarão - seja um edifício ou uma casa - deve ser priorizada ao invés do lucro proveniente da compra de materiais de baixa qualidade.
  A capacitação do profissional engenheiro é primordial, principalmente com a estrutura e instalações esportivas para a Copa do Mundo, em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 quando erros desta escala serão inadmissíveis.
  
                                                              Mattheus Reis