Em 2013, o esporte foi o tema mais abordado e
discutido neste blog até agora. Devido às circunstâncias, todos os posts
relacionados não abordam conquistas e recordes
A magnitude da tragédia ocorrida no jogo entre Corinthians e San José, na
cidade boliviana de Oruro, comprova mais uma vez os precários níveis de
organização e de segurança dos campeonatos sul-americanos. A torcida fiel oscila entre a glória e o fundo do poço; Aquela que apoia em massa o time, no Japão e comete uma barbárie de grandes proporções.
A morte do
jovem Kevin Espada é um incidente longe de ser uma fatalidade. Por inúmeras vezes,
a imprensa alertou e denunciou a volatilidade das torcidas e das partidas em torneios
como a Libertadores da América. Problemas tratados, na maioria das
ocasiões, de forma conivente pelas autoridades locais e do futebol. Não há a
cultura de punições no futebol das Américas e isso, consequentemente,
transforma-se em um passe livre para a repetição de tragédias do tipo. Uma
morte; poderiam ser 100; a gravidade seria a mesma.
Dentro desse
cenário de tradicional omissão, o veto à torcida corinthiana aos jogos do time
na competição é muito melhor do que nada, porém é uma medida muito paliativa,
pouco conscientizadora, além de não ser justa por completo. O clube San José
deveria ser punido, por ser o mandante da partida. A Federação Boliviana, da
mesma forma, por ser a organizadora da partida e ter comprovado sua incapacidade
para realizar tal tarefa. E a Confederação Sul-americana de Futebol por autorizar
a entrada de instrumentos que provoquem ferimentos, como sinalizadores.
A Libertadores
é uma das competições mais disputadas no campo. O embate deve se resumir aos
gramados. O recado é valido também para o Brasil, que às vésperas da Copa do
mundo não pode ignorar o principal legado do evento: a consolidação de uma
cultura de paz no futebol, fundamentada pela segurança dos estádios e pela
educação dos torcedores.
Sempre
frequentei estádios com um misto de temor e tensão devido à violência. Os palcos
do esporte mais popular e fascinante do mundo não podem se converter em verdadeiros
calabouços onde as derramas de sangue sejam comuns e encaradas como
meras fatalidades.
Mattheus Reis