quinta-feira, 25 de julho de 2013

Caiu no Horto...

                                    Forte, vingador e campeão

     Eu sei que a final de ontem da Copa Bridgestone Libertadores consagrou o Atlético Mineiro no estádio Mineirão. Mas essa frase criada pelo jornalista Fred de Mello se transformou em potente e ameaçador grito de guerra, simboliza a invencibilidade do "Galo" dentro de casa e foi a grande marca da caminhada atleticana ao título inédito. O Mineirão foi o palco mais propício para enobrecer essa conquista. No Horto, "tá morto". No Mineirão, "é campeão"!
     O Atlético-MG teve uma campanha irretocável durante a fase de grupos e nas oitavas-de-final contra o São Paulo. Foram verdadeiros bailes em preto e branco. A pressão atingiu a equipe e impediu, em certos momentos, que o campeão da América apresentasse seu melhor futebol. Mas se existisse uma bíblia do futebol, certamente um de seus versículos seria: "Mostre sua força e conquistarás a América". A força e a garra são imprescindíveis para qualquer equipe que deseja conquistar a Libertadores. O "Galo" já é forte por si só! Está escrito em seu hino.
     As partidas seguintes contra Tijuana (MEX), Newell's Old Boys (ARG) e Olímpia (PAR) se transformaram em epopeias. Heróis e vilões surgiram. A magnifica defesa de pênalti de Victor contra o Tijuana - aos 47 minutos do segundo tempo - manteve o sonho intacto. A falha de Alecsandro no segundo gol do Olímpia nos primeiros noventa minutos da final. O Atlético, de fato, sentiu todas as emoções que somente uma Libertadores pode proporcionar.
     Ao mesmo tempo, a sorte passou a ajudar o time. Na final de ontem, o atacante Ferreyra, do Olímpia, teve a oportunidade de marcar, passou pelo goleiro atleticano, mas na hora da finalização derradeira o gramado o fez escorregar e evitou o gol que calaria o estádio. A sorte nesses momentos se faz justiceira e impede a derrota daqueles que merecem vencer.
     A conquista da Libertadores libertou inúmeros atores que passaram de coadjuvantes para protagonistas. O técnico Cuca é o maior exemplo: espantou o rótulo de azarado. Essa fama o incomodava demais. Outros personagens se destacaram: Victor, Jô, Ronaldinho, Bernard, Léo Silva... Isso prova que a equipe do Atlético  é qualificada para conquistar a América e, quem sabe, o mundo por quê não? Próxima parada: Marrocos.

*Veja os melhores momentos da conquista inédita da Libertadores pelo Galo!
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=7GAPFL_sanY#at=312

                                                            Mattheus Reis

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Bem-vindo a 2002!

                                                 A fúria é verde e amarela.

    O dia 30 de junho parece ser especial para a seleção brasileira. Nessa mesma data, há 11 anos, o Brasil sagrava-se pentacampeão mundial em uma vitória envolvente por 2 a 0 sobre a Alemanha no Japão. Ontem, talvez, o torcedor viu um pouco daquela geração reencarnar  na equipe que venceu com todo o mérito a não tão mais temida seleção da Espanha. Essa semelhança entre tais gerações tem uma causa. O técnico era o mesmo.
   O título da Copa das Confederações foi muito benéfico para a seleção já que resgatou a confiança do torcedor. O 12° jogador em campo demonstrou seu apoio e alegria em um momento fundamental  para o ressurgimento do time. Daqui a um ano essa energia será a mesma ou até mesmo maior.
   A ascensão da seleção, seja em qualidade técnica ou em entrosamento, foi muito rápida, o que não significa o apogeu da atual geração. Longe disso. A confiança e a euforia, quando exageradas, costumam fazer com que os adversários sejam subestimados erroneamente. França e Holanda, ao eliminarem o Brasil nas Copas do Mundo de 2006 e 2010, respectivamente, comprovaram que um gigante soberbo é tão frágil quanto uma torre de cartas de baralho.
   Naquelas ocasiões, os títulos da Copa das Confederações nos anos anteriores fizeram muito mal à nossa seleção. Por mais categórica que tenha sido o desmpenho brasileiro no torneio sobre, é possível afirmar apenas que mais um time assume o posto de candidato à conquista do Mundial de 2014. Brasil, Espanha, Holanda e Argentina são, a princípio, meras apostas.
   Por outro lado, é inevitável não mencionar a apatia da "fúria" na decisão contra o Brasil. Equipe com pouco poder de reação que aparentou não saber lidar com situações desfavoráveis no placar. Ao mesmo tempo, tal comportamento não é surpreendente pois a base do time espanhol é do Barcelona - cuja apatia foi notória na eliminação diante do Bayern de Munique na semifinal da última edição da Liga dos Campeões da UEFA. Aquele jogo, meses atrás, pode ter sido o marco da queda dessa seleção ainda mágica.
   A concentração, a união e a dedicação dos jogadores brasileiros foram determinantes para a conquista da Copa das Confederações de 2013. Elenco de grande qualidade individual e, gradativamente, coletiva. Neymar, Paulinho, Júlio César, Thiago Silva e Marcelo transformaram-se em peças-chave de uma equipe que, até há pouco tempo, não possuía pré-convocados.
   Todo essa mudança repentina cabe àquele que caiu de pára-quedas e foi envolvido em uma trama vista por muitos como golpe. Luís Felipe Scolari também se encontrou no comando da seleção e conjuntamente com Carlos Alberto Parreira está formando uma nova geração vitoriosa. Tetra + penta = Hexa, porque não?  

*Veja os melhores momentos da vitória brasileira na final da Copa das Confederações!
http://www.youtube.com/watch?v=nJ8FGPHCFME

* Veja as melhores imagens da decisão!
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/fotos/2013/06/fotos-brasil-vence-espanha-e-fatura-copa-das-confederacoes-no-maracana.html

                                                               Mattheus Reis

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Novo horizonte

                                                     Bom dia, Brasil!

   Meu coração era partido, contudo minha geração se empenhou em costurar os retalhos e fazer com que o sentimento de amor ao Brasil voltasse a pulsar intensamente. Quem disse que o Brasil tinha somente público? Mais de cem cidades gritaram a favor de um país mais brasileiro ontem. Caminhamos em busca de um sonho tido por muitos como inacessível. Provamos que ele pode se concretizar. A família estava lá, em uma tentativa das antigas gerações em resgatar a esperança contaminada por chumbo, há trinta anos, e plantar a semente da mudança naqueles que ainda não conhecem o significado da política, democracia e voto, mas que, graças a ontem, saberão algum dia, não tenho dúvida. Cantamos o hino nacional em um dia em que a seleção brasileira não entrou em campo. Impusemos um choque de realidade naqueles que nos ignoravam. Deixamos de ser mudos. Sabíamos o que estava acontecendo, entretanto não conseguíamos expressar nossas angústias. Agora nós sabemos, para o surto daqueles que se aproveitavam de nossa incapacidade. Apocalipse de Brasília. Não resolveremos todos os problemas do país de uma só vez. Não estamos e nem ficaremos cegos. Seremos pacientes e persistentes.
    Bom dia, Brasil! Você acordou e se levantou de seu berço esplêndido. Que os raios de sol do novo dia que nasce te iluminem e guiem para um novo horizonte, diferente do de ontem, nefasto. Não serão as minoritárias conspirações e vandalismos propagados pela direita, esquerda e poder paralelo, e muito menos a truculência da despreparada polícia que ofuscarão os avanços conquistados porque a paz é quem dita a origem de toda essa mobilização. Passe livre para os jovens do bem manifestarem.

                                                             Mattheus Reis

terça-feira, 11 de junho de 2013

Direitos e limites mútuos

                                     O respeito recíproco
 
   Praça Tahrir. Praça Taksim. Nomes parecidos. Locais unidos pelo sentimento de contestação. Após dois anos dos episódios que abalaram vários países do mundo árabe, a Turquia nesta semana demonstrou ser um foco de ressurgência da onda de protestos que representaram um renascimento dos anseios populares embora parte desses sonhos não tenham sido concretizados.
   A mobilização contrária a decisão de retirada do último espaço verde da cidade de Istambul é mais nobre do que qualquer reivindicação de cunho político e/ou econômico. Tais acontecimentos resgatam ares utópicos, céticos para muitos. São poucos os líderes atemorizados pelo poder dos, até então, comandados. Uma faísca implicou na explosão de insatisfações acumuladas contra o premier turco Recep Erdogan.
   Quanto ao Brasil, a referência mais próxima em nossa história data dos anos 1980, quando o movimento "Diretas Já" pôs em xeque a célebre frase do escritor Lima Barreto: "O Brasil não tem povo, e sim, público." O público aplaude ou vaia o espetáculo ao qual está assistindo. As inflamadas torcidas de futebol são os exemplos mais evidentes. Oscilam de acordo com a atuação dos jogadores. São o termômetro do time. O povo, por analogia, é o termômetro do governo.  
   Nos dias de hoje, embora em menores proporções, os protestos são frequentes no País. Relacionam-se a questões acerca dos altos impostos, deficiências nos serviços públicos, entre outros. Por outro lado, questões de grande relevância como a oficialização da união civil homoafetiva passam a anos-luz de distância dos focos de debate.
    Quando algumas destas manifestações repercutem na mídia, como as contrárias ao aumento das tarifas de ônibus, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a violência e o vandalismo presentes nelas retiram toda a credibilidade das vozes que expressam o desejo da maioria da população, submetida ao sucateamento do transporte coletivo.
    Mesmo que a corrupção e os problemas existentes aflorem nos brasileiros indignação e, em alguns momentos, a raiva , devemos aprender a buscar nossos direitos com o mínimo de civilidade e respeito. Na praça Tahrir, na praça Taksim, nas praças brasileiras, o cidadão precisar estar ciente dos seus direitos e limites, sobretudo, perante a lei.   

                                                                  Mattheus Reis

sábado, 25 de maio de 2013

Oktoberfest em Wembley

                                                          Um ano depois...

    O título do Bayern de Munique na Liga dos Campeões da Europa estava prometido. Mesmo chegando com um ano de atraso, a conquista é gloriosa, independentemente da final ser em Londres ou em Munique. Toneladas foram retiradas das costas dos atuais campeões europeus, traumatizados com a possibilidade de tornarem-se, injustamente, uma geração de vice-campeões.  O drama soava com mais intensidade para aquele que decidiu a partida de hoje.
    Arjen Robben é titular da seleção holandesa de futebol, o que não o deixa imune de receber críticas por sua limitação: cortar para meio-de-campo e chutar para gol com a “canhota”, na linguagem universal do futebolês. De fato, essa é sua principal habilidade. Uma jogada conhecida, porém que poucos conseguem parar. O gol marcado, hoje, simboliza uma transição do holandês de jogador comum a diferenciado: ele acaba de ser condecorado como "craque". 
    Sua equipe disputou três decisões deste torneio entre 2010 e 2013. As derrotas para a Inter de Milão e Chelsea nos anos de 2010 e 2012, esta última sendo mais traumática já que o atual gigante europeu sucumbiu diante da torcida em seu próprio estádio, somaram-se ao fracasso de Robben na final da Copa do Mundo, na África do Sul. Vários gols perdidos que, caso tivessem sido convertidos, mudariam a história de seu país e de seu clube.
    Desta vez isso não aconteceu. Caso ocorresse, seria uma injustiça cometida pelos deuses do futebol àquele que derrubou não só o Barcelona, mas Messi e uma filosofia de jogo. A cautela e a paciência do futebol espanhol cederam espaço para a garra e a emoção alemães. Assim, o futebol fica mais bonito. E o responsável por essa mudança não é apenas o Bayern.
    O embate foi marcado pelo equilíbrio, e o gol derradeiro marcado aos 43 minutos do segundo tempo porque o oponente, com uma visão romântica do futebol, justificou a sua presença na final. De time falido a sensação na competição, o Borussia Dortmund não possui jogadores estrelados e nem precisa deles já que a receita pelo sucesso não tem como única alternativa os caminhões de dinheiro. Essa revolução durou menos de 10 anos e me enche de esperança quanto às possibilidades de renascimento do meu time, o Flamengo. A missão não é impossível.
    O futuro do Bayern é promissor a médio e longo prazo. O consagrado técnico Pep Guardiola substituirá Jupp Heynches, cujo fim de carreira não poderia ter sido melhor. Mais promissor ainda é o futuro do futebol alemão e sua seleção, favoritíssima ao triunfo da Copa do Mundo em 2014. Atlético Mineiro e Fluminense, os brasileiros candidatos ao título da Copa Libertadores, sabem que enfrentarão um adversário extremamente qualificado em uma provável decisão de Mundial de Clubes.
 
 
*Leia mais sobre a grande final da Liga dos Campeões da Europa em Wembley
 
 
       
                                                                 Mattheus Reis

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Um país doente

                                             Rachadura ainda maior

      A reportagem sobre a expansão do consumo de crack em todo o Brasil, exibida durante a semana nas edições do Jornal Nacional, abordou uma problemática já conhecida pela maior parte da sociedade. Seria esse o pensamento de muitos não fosse o grau de estarrecimento provocado pela disseminação da droga em localidades num período tão curto de tempo, desde a sua percepção como epidemia.
      A cidade costuma ser o destino final mais comum da rota do crack e de outras drogas, como o recém-nascido oxi. Entretanto, o fato de aldeias indígenas, trabalhadores agrícolas e mineradores apresentarem estágio tão grande de dependência quanto os usuários urbanos comprova o quanto de tempo foi perdido no combate a esta praga, visto as características inóspitas de cidades sertanejas e da Amazônia já contaminadas.
      A relação do crack com uma patologia não é puramente metafórica. É rotineiro o impasse acerca da interpretação de quem se enquadra no conceito de traficante ou usuário. Acima de tudo, a diferenciação deve ser baseada em termos de dependência química. O tratamento desta questão ao ser encarado como de saúde publica salva vidas, atenua a criminalidade, reduz o consumo de crack e desarticula a sua comercialização.
     A corrupção é a origem da maior parte da miséria brasileira e nutre o racha de várias famílias, abaladas pelas drogas. O desinteresse de parte da esfera política em contornar este triste cenário aumenta o ceticismo. Joaquim Barbosa desagradou muitos parlamentares, nesta semana, ao afirmar que alguns partidos priorizavam interesses particulares ao invés da causa pública. Por esta declaração o presidente do STF merece receber o título de anti-democrático, como fora acusado? A verdade neste país é inimiga da transparência, da justiça e da democracia! Mantenho o otimismo quanto ao nosso futuro, mas o surpreendente no Brasil é que a cada surpresa eu não me surpreendo. Estou louco? Se estou, não estarei sozinho já que outros 190 milhões também estarão.
 
                                                                          Mattheus Reis

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Primeira vitória

                                    O belo gol da diplomacia brasileira
  
   O Brasil atraiu novamente os holofotes da comunidade internacional, nesta semana, após a brilhante conquista de um importante cargo na Organização Mundial do Comércio. A entidade  terá como diretor-geral o diplomata Roberto Azevêdo. Embora os dados estatísticos não tenham sido divulgados, é provável que a margem da vitória brasileira seja ampla, o que ratifica a credibilidade da diplomacia nacional.
      O principio básico da OMC caracteriza-se pela multilateralidade das relações comerciais, ou seja, que o comércio proporcione benefícios mútuos, tanto para potências quanto emergentes ou subdesenvolvidos. Em suma, a parcialidade de interesses deve ser assegurada. O trunfo de Azevedo é ser um dos representantes da política externa brasileira, marcada independência e conciliação.
      Na rodada final de escolha, o mexicano Hermínio Blanco foi seu concorrente. Duas ideologias personificadas nos candidatos enfrentaram-se. A diplomacia brasileira é vista por muitos líderes como defensora dos anseios dos países menos favorecidos. Blanco, apontado como favorito devido ao apoio de Estados Unidos e da União Europeia, é adepto de um perfil liberal e contribuiu para a elaboração do NAFTA. De fato, uma liderança flexível poderia encaminhar a economia a um estágio de retomada da estabilidade, retirando-a do cenário de crise que se estende além do imaginado.
     Entretanto o apoio Estados Unidos, em maior escala, representa o desejo americano de ter um aliado que o beneficie nas relações comerciais. Sem a intenção em rebaixar o nível da conserva, porém sob uma perspectiva mais nítida e crua da realidade, Hermínio Blanco seria "adestrado" pelo “Tio Sam”. Logo o estabelecimento de privilégios desonraria o princípio fundamental da OMC.  Para o bloco liderado pelos BRICS que elegeu Azevêdo, a receita neoliberal precisa, ao mínimo, ser engavetada por algum tempo.
     A vitória na OMC dá bagagem e experiência iniciais para o Brasil almejar cargos de relevância ainda maior, como a sonhada vaga permanebte no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Um caminho longo, porém consciente, que deve ser trilhado a partir de etapas, sem os comuns voos que não levam a lugar algum já que um posto tão importante requisita notoriedade e mérito.
                                                               Mattheus Reis

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O poderoso chefão

                                                           A escola paraguaia

     No último domingo, Horácio Cartes foi eleito o presidente do Paraguai. Quase um ano após o golpe-relâmpago que destituiu Fernando Lugo da liderança do pais e rachou a credibilidade democrática de suas instituições, o eleitorado depositou  sua confiança em um candidato controverso e no mínimo suspeito.
      Cartes é dono de inúmeras empresas e bancos. O que, de fato, não é nenhum pecado, embora o Paraguai seja um país desigual e o patinho feio no Mercosul. Entretanto, esta sob investigação, nos últimos anos, de comandar um grandioso esquema de contrabando de mercadorias. Seus negócios obscuros deixaram inclusive prejuízos para empresas fabricantes de cigarros no Brasil.
     Afastado do bloco sul-americano quando o golpe de junho de 2012 se efetivou, o Paraguai foi substituído pela Venezuela, em articulação diplomática organizada por Brasil e Argentina, sem o seu consentimento. A fúria provocada permanece até hoje em forma de crítica aos líderes vizinhos.
     A maior missão do novo presidente será o reingresso do país à união aduaneira. Causa certo estranhamento um presidente envolvido em práticas contrabandistas reivindicar participação em uma rede de comércio legal e integração. A justificativa deve-se a importância do Mercosul para a sobrevivência econômica de sua nação. O retorno está acima de qualquer interesse pessoal.
    A cada eleição que acontece na América Latina, a expectativa aos poucos se transforma em frustração, mas permanece a esperança de uma reviravolta neste cenário político futuramente. Há poucas semanas, um Nicolás Maduro totalmente apático conseguiu, com apenas 1,5% de suspeita diferença de votos, satisfazer o desejo do Comandante Chavéz. Todavia, o fato de grande parte de venezuelanos terem aberto os olhos que estavam fechados há quase 20 anos já pode ser considerada uma vitória maiúscula.
    No Paraguai, o resultado de domingo, se forem comprovadas as denúncias envolvendo Cartes, mostra o longínquo caminho a ser percorrido pelos nossos vizinhos. Uma lição ainda não aprendida devido à fragilidade do ensino e não por incapacidade dos alunos. Os professores são os mesmos e a reprovação, no caso é bem vista. Não fosse o bastante, essa escola possui filiais em vários países do continente.
                                                                          Mattheus Reis

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Brincando com plutônio

                                       O "suicídio" de Kim Jong-Un


Um soldado sul-coreano olha para o norte em um posto de observação perto da zona desmilitarizada (DMZ), que separa as duas Coreias em Paju, ao norte de Seul.
Foto: KIM HONG-JI / REUTERS     Há pelo menos duas semanas, o clima de tensão ronda os ares do extremo oriente. O regime ditatorial norte-coreano intensificou as suas já conhecidas ameaças à vizinha Coreia do Sul e ao seu aliado, EUA, a ponto de por em xeque a paz na região, com a realização de testes nucleares.
      O atrito na península coreana é, sem dúvida, a grande e viva lembrança do período da Guerra Fria. Ocorrida na década de 1950, a segregação é o maior paradoxo em termos políticos, econômicos e sociais existente nos dias atuais. Uma simples fronteira é vista como portal, que separa a Idade Medieval do futurismo.
      A grande questão desse tema refere-se ao objetivo do líder norte-coreano Kim Jong-Un em proclamar tanto ódio contra seus opositores. É evidente a inferioridade militar de seu país em relação ao trio formado por Japão, EUA e Coreia do Sul. Qualquer estalinho lançado nestes territórios terá como retaliação contra-ataques das proporções dos que varreram do mapa Hiroshima e Nagasaki. Levar adiante um confronto tão irracional seria a assinatura de sua sentença de morte.
     Por isso, todo este terror soa como uma paranoia disseminada. Trata-se da necessidade do líder comunista em firmar-se no poder. Kim Jong-Un assumiu o poder após o falecimento da grande figura política do país, o seu pai Kim Jong-Il. A aparente falta de personalidade do sucessor faz com que ele seja extremamente doutrinado pelos seus aliados ortodoxos e avessos a qualquer possibilidade de abertura do regime.
    Em meio a tantas demonstrações de violência, a comunidade internacional deu um enorme passo na tentativa de contornar o cenário. A Organização das Nações Unidas aprovou, na terça-feira, resolução que impõe inúmeras restrições à comercialização de armas. A Coreia do Norte, além de Irã e Síria, votou contra a proposta. Esta atitude ratifica o preconceituoso, porém cada vez mais verídico, rótulo do país ser membro do "Eixo do mal". Admitir que George Bush estava certo é lamentável.

                                                            Mattheus Reis

domingo, 17 de março de 2013

Seu nome, seu destino

                                        O frisson de um tango no Vaticano

     Surpresa aliada ao ineditismo. O primeiro Papa jesuíta, latino-americano e intitulado de Francisco. Todas estes fatos proporcionaram o renascimento da esperança e do otimismo em torno da eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergollio. Seu semblante humilde, sereno e simpático contrasta com o luxo do Vaticano: um choque de realidade que a cúria romana precisa após as impactantes denúncias e afastamentos de clérigos supostamente envolvidos em escândalos sexuais.
     A eleição de Bergollio ratifica a necessidade da Igreja em reforçar sua presença em regiões menos assistidas e que registra grande perda de fiéis, como a América Latina, ainda palco de grandes injustiças sociais e econômicas, além de ser o berço das nações mais católicas do mundo: a brasileira e a mexicana.
     O caráter jesuíta do novo Pontífice reflete, a grosso modo, as tendências norteadoras de seu papado. Ao ter como fonte inspiradora o grande mártir São Francisco de Assis, Francisco intensificará a obra missionária aos pobres e perseguidos, buscará a promoção dos direitos humanos principalmente em países onde o catolicismo é alvo de preconceitos abertos, como a China, e tentará manter o principal legado de seu antecessor, Bento XVI: o ecumenismo, fundamentado na aproximação com outras religiões, sobretudo o islã. A unidade é a palavra de ordem.
      A concretização desses objetivos garantiria acima de tudo um mundo mais fraterno em um século marcado por constantes desavenças e instabilidades. Desde o 11 de Setembro até a guerra civil na Síria, atravessando as invasões ao Iraque e Afeganistão e a crise do Euro.
     Mesmo intensas e abrangentes, as pressões da sociedade não devem alterar o caráter tímido das transformações a serem feitas na ideologia da Igreja acerca de temas polêmicos. A união homoafetiva, o uso de métodos contraceptivos e as pesquisas com células-tronco são temas abordados de forma cética e ortodoxa. O que, porém, não impede que certas liberalizações sejam estabelecidas, de acordo com os princípios do Concílio do Vaticano II. "Foram achar no fim do mundo, talvez, uma voz de mudança".
     Nunca antes o Brasil teve tantas possibilidades de ter um cardeal no comando da instituição mais sólida da história ocidental. A influência de Dom Odilo Scherer e a realização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de janeiro, este ano, o colocou como um dos favoritos ao posto. Entretanto a figura de Francisco é mais coerente com a postura na qual a Igreja pretende adotar para se reerguer e estar mais presente com seus seguidores. A escolha foi correta. Conforme disse a presidenta Dilma Rousseff, se o Papa é argentino, Deus é brasileiro. A rivalidade existe até nos céus. É uma pena que não tenhamos um Messi jogando no nosso lado.
     
 
*Leia mais sobre a eleição de Francisco como o novo líder da Igreja Católica!                      
 
 
                                                                       Mattheus Reis

sexta-feira, 8 de março de 2013

O último Libertador

                               O primeiro e último Chavista
 
      Na última terça-feira, a Venezuela amargou a perda do seu líder mais carismático. Órfã, a nação venezuelana está desamparada em um de seus momentos mais delicados, de grave crise financeira e explosão da violência urbana. Hugo Chávez quebrou o reinado de longa data das elites no poder para instaurar o seu, disfarçado de ares democráticos, que foi parado pelo câncer: o único adversário que o derrotou.
    Sua chegada à presidência marcou o início de uma intensa perseguição ao imperialismo econômico promovido pelos EUA na América Latina, alimentando o sentimento yankeefóbico em suas ideologias. Entretanto, sempre foi fã do baseball e exportou milhões de barris de petróleo para os norte-americanos. Pragmatismo ou reconhecimento de inferioridade?
     O grande mérito de sua gestão foi a retirada de milhões da pobreza extrema. Por mais clientelista que seja este programa assistencialista, garantiu desse modo três reeleições. Típico retrato da profunda frustração dos eleitores com os seus representantes interessados nos benefícios, e não nos deveres que o poder político acarreta. Chavez, assim representava a vingança dos oprimidos. Tal programa, míope, culminaria no caos econômico a partir dos anos 2010.  Entretanto, os votos eram imprescindíveis. A Revolução Bolivariana não podia parar e o povo estava feliz.
    A dependência extrema do petróleo, os elevados gastos com medidas assistencialistas e estatizações levaram o país a constantes blecautes energéticos, deficiências em infraestrutura, bem como desabastecimentos de alimentos e desenfreada inflação.
     Seu plano de governo contou com mentores emblemáticos da história latino-americana: Simón Bolívar, Fidel Castro e Vargas, por que não? A Venezuela teve um “pai dos pobres”. Além disso, o Chavismo consolidou-se como modelo político de exportação na região. Evo Morales e Rafael Correa são seus principais discípulos.
     Paradoxalmente, o Chavismo, mesmo que prevaleça através de violações constitucionais e vitórias eleitorais, está ameaçado. Esse é o preço a ser pago por um regime exacerbadamente personalista. A figura do comandante torna-se insubstituível. Embora Nicolás Maduro seja o favorito contra Henrique Caprilles no pleito a ser convocado, jamais poderá ser comparado ao antecessor e terá como carma a herança maldita de anos marcados pelo autoritarismo e imprudência na administração econômica. Para gerenciar o Chavismo, só Chávez e suas hábeis e geniais manobras. Nisso, ninguém era melhor do que Ele, aquele que foi capaz de colocar Deus em segundo plano na Venezuela.
 
* Veja as frases mais polêmicas e engraçadas de Hugo Chávez na Presidência Venezuelana.

* Veja um infográfico da historia de Chávez como líder Bolivariano.
http://oglobo.globo.com/mundo/algumas-das-frases-mais-polemicas-da-lingua-afiada-de-hugo-chavez-7750718


                                                  Mattheus Reis

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Torneio de bárbaros

                                    Fatalidades não podem ser evitadas

    Em 2013, o esporte foi o tema mais abordado e discutido neste blog até agora. Devido às circunstâncias, todos os posts relacionados não abordam conquistas e recordes A magnitude da tragédia ocorrida no jogo entre Corinthians e San José, na cidade boliviana de Oruro, comprova mais uma vez os precários níveis de organização e de segurança dos campeonatos sul-americanos. A torcida fiel oscila entre a glória e o fundo do poço; Aquela que apoia em massa o time, no Japão e comete uma barbárie de grandes proporções.
     A morte do jovem Kevin Espada é um incidente longe de ser uma fatalidade. Por inúmeras vezes, a imprensa alertou e denunciou a volatilidade das torcidas e das partidas em torneios como a Libertadores da América. Problemas tratados, na maioria das ocasiões, de forma conivente pelas autoridades locais e do futebol. Não há a cultura de punições no futebol das Américas e isso, consequentemente, transforma-se em um passe livre para a repetição de tragédias do tipo. Uma morte; poderiam ser 100; a gravidade seria a mesma.
     Dentro desse cenário de tradicional omissão, o veto à torcida corinthiana aos jogos do time na competição é muito melhor do que nada, porém é uma medida muito paliativa, pouco conscientizadora, além de não ser justa por completo. O clube San José deveria ser punido, por ser o mandante da partida. A Federação Boliviana, da mesma forma, por ser a organizadora da partida e ter comprovado sua incapacidade para realizar tal tarefa. E a Confederação Sul-americana de Futebol por autorizar a entrada de instrumentos que provoquem ferimentos, como sinalizadores.
     A Libertadores é uma das competições mais disputadas no campo. O embate deve se resumir aos gramados. O recado é valido também para o Brasil, que às vésperas da Copa do mundo não pode ignorar o principal legado do evento: a consolidação de uma cultura de paz no futebol, fundamentada pela segurança dos estádios e pela educação dos torcedores.
    Sempre frequentei estádios com um misto de temor e tensão devido à violência. Os palcos do esporte mais popular e fascinante do mundo não podem se converter em verdadeiros calabouços onde as derramas de sangue sejam comuns e encaradas como meras fatalidades.
                                                               
                                                                    Mattheus Reis

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Uma luz que se apagou

                                     Era uma vez um rei
                    
    Ele tinha uma nação inteira como súdita. Para os sul-africanos, acima dele somente a figura singela, mas praticamente super-humana, do "Madiba" Nelson Mandela. Menos de um ano depois de seu apogeu, Oscar Pistorius está vendo seu sucesso e suas conquistas ruírem na mesma velocidade do tiro disparado que matou sua namorada e que deixará ferida, para sempre, a África do Sul.
    O supercampeão paralímpico comoveu o mundo, em julho de 2012, ao participar com atletas sem deficiência das provas de atletismo dos Jogos Olímpicos de Londres. Suas próteses de fibra de carbono reverteram um cético tabu: aqueles que afirmavam sua incapacidade em competir em alto nível passaram a cogitar prováveis vantagens obtidas pelo uso das próteses. Além de recordes, Oscar derrubou a desconfiança.
    O.J. Simpson, Tiger Woods, Bruno. Acusado formalmente por homicídio premeditado, Oscar Pistorius, tão quanto estes outros atletas mencionados, denigre sua carreira profissional por envolvimento em escândalos pessoais ou em crimes. Casos sem relação íntima com o esporte, porém que possuem o agravante de envolver não somente a ética, como pessoas e vidas.
    O assassinato de Reeva Steenkamp soma-se a outras 2488 mortes de mulheres e 200 mil ocorrências de agressões, raptos e estupros registradas nos últimos 7 anos; uma triste realidade da África do Sul. Diante deste cenário de violência, não serão as milhares de armas espalhadas pelas residências sulafricanas a solucionarem o problema da alta incidência de crimes enfrentado pelo país.
    Os super-heróis do século XXI, quando não estão vestidos com suas capas, se transformam em vilões frios e calculistas? É uma tendência surgirem vários “coringas” dentro do mundo esportivo? Cada vez que um ídolo perde seu trono de glória, um jovem apaixonado por esportes perde uma referência. Eu perdi uma. Uma que tinha suas próteses tão idolatradas quanto as chuteiras de um grande craque do futebol.  

*Leia mais sobre assunto!
                                                                 
                                                                   Mattheus Reis

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O boom do Xisto

                                                    Herói ou vilão?
    Nos últimos anos, cresceu vertiginosamente a exploração de um recurso mineral não convencional. Para os que não sabem, o gás de xisto é a grande novidade energética da atualidade, cuja importância foi destacada pelo presidente americano Barack Obama, em seu discurso na posse de seu segundo mandato, podendo ser a solução para a autonomia das matrizes de inúmeros países.
     Brasil e Estados Unidos - donos de grandes reservas de xisto - estão apostando no novo recurso. Ambos buscam a menor dependência perante o petróleo de regiões como o Oriente Médio, marcado por instabilidades políticas que implicam diretamente no preço do combustível; algo já visto nas Crises do Petróleo durante a década de 1970.
     Além disso, os americanos visam, desse modo, a uma maior redução das emissões de gases do efeito estufa – promessa ainda não cumprida por Obama. O Brasil tenta aproveitar a oportunidade para aliviar a saturação da Petrobrás, que apresenta quedas na produção e registrou, em 2012 seu menor faturamento desde 2003.
     Se por um lado o gás de Xisto pode alavancar a economia de algumas nações, consequentemente, prejudicará os maiores produtores do brent, além de provocar um novo arranjo na geopolítica mundial a longo prazo. Os países árabes podem transformar um cenário de redução das exportações em maior dinamização da atividade econômica. Os conhecidos sheiks magnatas do petróleo não estariam sós no poder.
     Embora este momento de descoberta seja contagiante, a extração do recurso acarreta graves impactos ambientais, caso seja feita inadequadamente, já que envolve grandes quantidades de produtos químicos, o que coloca em risco lençóis freáticos e a biodiversidade local.
     Simultaneamente, o xisto trás consigo euforia e cautela. Uma provável solução alternativa ao uso da energia nuclear - em xeque desde o acidente de Fukushima no Japão. Entretanto, mesmo que em menores proporções, não deixa de ser um combustível poluente cujo fascínio imediato, por ser abundante e barato, pode cegar os chefes de estado, a ponto de retardarem o desenvolvimento de fontes limpas de energia. O início da corrida pela segunda independência, a energética, não deve ser um retrocesso, melancólico, da corrida para salvar a Terra.   

* Leia mais sobre o gás de Xisto!

                                                                Mattheus Reis

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Super" até no nome

                                             Muito além de uma partida
 
 O próximo dia 03 de fevereiro será de muitas emoções e expectativas para os fãs da bola oval. San Francisco 49ers e Baltimore Ravens disputarão o título da 47ª edição do Super Bowl na cidade de Nova Orleans. A final da liga nacional de futebol americano (NFL) não envolve apenas os dois melhores times em busca da glória. Ao contrário, o espetáculo, marcante no evento, em certos momentos, ofusca o convidado de honra desta festa americana: o esporte. 
    De fato, a decisão de Domingo levará a campo franquias que foram merecedoras de fazê-la.  Embora o esporte circunstancialmente não premie o melhor ou o mais dedicado, ambos são dignos de serem os finalistas. Um time que encanta com suas jogadas contra aquele marcado pela constância, pela presença frequente nos playoffs. San Francisco e Baltimore não podiam faltar, de maneira alguma, neste show.
    O Super Bowl será especial para uma família, especificamente. Os irmãos Jim e John Harbaugh – técnicos dos 49ers e dos Ravens, respectivamente - estarão em lados opostos. Somente um deles será coroado; motivo, entretanto que não tirará a felicidade da família Harbaugh. A genética, sem dúvida, estará em campo, já que as duas equipes possuem estratégias de jogo semelhantes. Mais um fator preponderante para o equilíbrio.
    A história dos Super Bowls desmente, em certas oportunidades, o favoritismo presente nas especulações pré-jogo. Entretanto, poucas ressalvas são feitas pela imprensa esportiva acerca da mínima vantagem exercida por San Francisco sobre Baltimore. Tal margem deve-se a magistral temporada do quarterback Colin Kaepernick. Os 49ers, agora, possuem “o ás para dar a cartada final” - e, desse modo, igualarem-se ao Pittsburgh Steelers, como o maior vencedor da história com 6 títulos - diferentemente da última temporada, quando a vaga para final ficou a um passo da concretização, após a derrota para o New York Giants na final da Conferência Nacional.
    Todavia, este fato não rebaixa o adversário a mero coadjuvante, muito menos a ponto de ser considerado um provável “azarão”. A vantagem servirá apenas de falso parâmetro para os insaciáveis apostadores, ainda mais quando os Ravens buscam proporcionar um fim de carreira glorioso à lenda do time: oscilando entre acusações criminais e grandes atuações, Ray lewis, o melhor defensor da história da NFL, se aposentará após a decisão.
    Cerca de R$ 8 milhões de reais pagos por 30 segundos de comerciais, o maior consumo de comida em um único dia no mundo, show da célebre cantora Beyoncé no intervalo: são algumas peculiaridades que circundam o campeonato mais valioso do mundo em seu dia de gala. Não é a toa que um evento tão grandioso tenha em seu nome a palavra “super”. Caso contrário, qual sentido teria?  

* Assista ao Super Bowl a partir das 20:30 Hs de domingo nos canais ESPN e Esporte Interativo!

                                                             Mattheus Reis

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Jornada a ser cumprida

                                  A lição de Obama ao "Tea Party"


     Barack Obama iniciou de forma pública o seu segundo mandato à frente da presidência dos Estados Unidos. Seu discurso é prévia da postura com a qual o líder democrata lidará com as adversidades existentes na administração do país: garantia da inclusão social às minorias, coroando-a com um retoque de esperança, diante da tímida recuperação da economia, porém com maior rigidez na relação com os republicanos no Congresso.
     De fato, chegou a hora de Obama enfrentar sua "prova de fogo". Não é necessária a adoção de tanta cautela, pois não há mais  riscos de derrota nas eleições. Os magnatas jurássicos do grupo “Tea Party” – mais rebeldes do que os colonos revoltosos contra as Leis Intoleráveis – terão um adversário mais incisivo principalmente nas questões econômicas a partir de agora.
     Embora a recessão tenha denegrido parte de sua reputação, os Estados Unidos continuam a ostentar soberanamente o status de terra das oportunidades, que encanta milhões de imigrantes vislumbrados com novas expectativas de vida. Os latinos representam 15% do total de habitantes. Em 2042, hispânicos e negros, conjuntamente irão compor a maioria da população norte-americana. A reformulação da política imigratória busca, desse modo, atender as reivindicações da minoria que, no futuro, será predominante.
       A defesa da união entre homossexuais caracteriza-se como mais um passo determinante na quebra de preconceitos na sociedade americana. Decisão, esta, que deve estar acima do senso crítico individual, sendo encarada como um tema cada vez mais presente no cotidiano.
       Vale ressaltar a presença da articulação política nas entrelinhas dessas medidas. O apoio tanto de latinos quanto homossexuais aos democratas podem garantir importantes votos nas próximas eleições legislativas, em 2014, e na sucessão presidencial em 2016.
       O dia 21 de janeiro de 2013 simbolizou uma possibilidade de renascimento para os EUA. Mitt Romney afirmava a existência de uma crise sem precedentes. Só. Obama replica, reconhece a conjuntura desfavorável, e acredita em uma reviravolta já decorrente e não tão refém dos grandes conglomerados empresariais. Esse é o sentimento que envolve a nação mais poderosa do mundo: a predestinação, a crença no potencial do país. Assim deve ser o caminho traçado, a fim de retomar a geração de empregos, efetivar o maior controle sobre a comercialização de armas, entre outros temas-chave.
       Somente daqui a quatro anos, a história definirá a passagem de Obama pela Casa Branca. Seja parcial ou totalmente construído, seu legado terá como marca individual a nova metodologia de condução implementada, progressista em todos os âmbitos. Exemplo para os demais líderes mundiais e, sobretudo, para arcaicos membros do “Tea Party” republicano.

* Leia mais sobre o início do segundo mandato de Barack Obama à frente dos EUA!


                                                          Mattheus Reis

sábado, 19 de janeiro de 2013

Réu confesso

                          O conto de fadas de Lance Armstrong
 
   “Tirar vantagem de um rival em benefício próprio”. Encontrada em muitos dicionários, esta é a definição de trapaça. As crescentes acusações de doping sobre Lance Armstrong foram confirmadas por ele próprio ao ser entrevistado pela célebre apresentadora Oprah Winfrey em seu programa na mídia norte-americana.
    Lance Armstrong conquistou feitos incríveis no ciclismo. Ganhou a medalha de bronze, nas Olimpíadas de Sydney, em 2000 e o heptacampeonato no Tour de France. Todos estes feitos, porém, sob o efeito de hormônios e eritropoietina – proibidos pelo controle de dopagem. Perdeu todos os troféus e resultados. O “sete vezes enganador da Volta da França” viu sua máscara cair diante de milhões de espectadores.
    Ao tentar justificar a melhora de sua performance, via métodos ilegais, o ex-ciclista, já banido do esporte, afirmou ser praticamente impossível conquistar o Tour de France, quanto mais em sete oportunidades, sem apelar para sabotagens. Esta infeliz declaração reitera os princípios que norteiam seu pensamento. Não obstante, mantém, desse modo, uma postura cética sobre a capacidade e potencial humanos de superação. Já que ele defende esta tese, nunca poderia ser um atleta, que convive diariamente com dificuldades, sendo uma de suas funções, superá-las.
    Esta é uma das facetas obscuras do esporte. O doping é fator preponderante para queda vertiginosa de um mito, ainda mais na atualidade em que os atletas são considerados os heróis do século XXI perante inúmeros fãs do esporte. Não há duvida que muitos se espelhavam em Armstrong e sonhavam ser tão vitoriosos, como ele aparentava ser. Seu nome não está mais escrito na bíblia do esporte.
    Não é preciso ser o craque ou o medalhista de ouro para ser um grande vencedor. Os esportes coletivos ensinam tal lição. O técnico, o roupeiro e o cozinheiro de uma equipe são campeões, assim como um time de futebol, vôlei e basquete que vencem algum torneio. Cedo ou tarde, o doping ou outras violações são descobertas, visto o rigoroso controle de fiscalização. Lance Armstrong perdeu seu direito de competir profissionalmente e a verba de seus patrocinadores. Essa vida de mentira que o ciclista fingiu acreditar por tanto tempo compensa ao ponto de induzir outros atletas ao erro? Eu preferiria ser um mero amador e peladeiro, de qualidade duvidosa, como sou.
 
                                                                          Mattheus Reis

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O feitiço do Planalto

                                             Falta luz para enxergar.

Para publicar esta postagem na internet foi necessário esperar exatos 57 minutos até que a boa vontade da companhia elétrica pudesse restabelecer o fornecimento de energia. O pior de toda a desconfortável situação, diante do intenso calor no Rio de Janeiro, se deve ao fato de não poder atribuir a responsabilidade a um raio. Por mais "útil" que tenha sido o conselho da presidenta Dilma Rousseff, não há motivo algum para dar gargalhadas.  
     Apesar de o horário de verão ter a função de atenuar o consumo de energia elétrica, o centro-sul é a macrorregião com a maior e crescente demanda em decorrência de verões cada vez mais quentes. Reconhece-se que o cenário atual não é similar ao ocorrido em 2001, porém uma crise energética - mesmo em menores proporções - possui o poder de instabilizar Dilma Rousseff no último biênio, antes de sua tentavia de reeleição. Embora desminta a gravidade exarcebada do problema, o alto escalão do governo federal precisa remediar tal situação, já que a prevenção não foi realizada. Brasília tem essa magia, de abduzir e cegar os responsáveis pela condução do país ao desenvolvimento. Não estamos em um oásis no meio do deserto.
     Somada às defasagens da distribuição do serviço, problemas estruturais, está a conjuntura desfavorável do clima, proporcionando estiagens e a diminuição dos níveis nos reservatórios. Estes fatores interligados tendem a prejudicar a economia nacional, com a paralisação temporária de indústrias e a menor produtividade agrícola. Desse modo, o desejado "Pibão" toma o mesmo caminho, pulverizando-se a cada previsão do Banco Central.
     O ano de 2013 - vital, pois anuncia o início do ciclo esportivo no país, com a chegada da Copa das Confederações - deveria ser marcado pela confiança e afirmação. Todavia começa com incertezas sobre a capacidade, já questionada justamente, da infraestrutura para abrigar estes eventos. Para aqueles que assistiram ao ótimo filme "Rio", a cena na qual um apagão interrompe o super clássico entre Brasil e Argentina, no Maracanã, por mais engraçada que seja, merece ficar apenas na ficção.
      O curto-circuito reitera a necessidade de associação de políticas maciças de investimentos aos planos de governo. Sejam, os mesmos, investimentos públicos ou privados. O Brasil convive com 1 milhão de lares na escuridão e com uma usina hidrelétrica empacotada há 25 anos. Torna-se corrente a execução de medidas paliativas, como a utilização em maior escala das termelétricas, que exigem maiores gastos aos cofres públicos, consequentemente, repassados aos consumidores. A redução de 20% no valor da tarifa de energia anunciada no "apagar das luzes" de 2012 está em xeque. Promessa é dívida.

*Leia mais sobre o tema!
                                                 
                                                            Mattheus Reis