“Tirar vantagem de um rival em benefício próprio”. Encontrada
em muitos dicionários, esta é a definição de trapaça. As crescentes acusações
de doping sobre Lance Armstrong foram confirmadas por ele próprio ao ser
entrevistado pela célebre apresentadora Oprah Winfrey em seu programa na mídia
norte-americana.
Lance Armstrong conquistou feitos incríveis no ciclismo.
Ganhou a medalha de bronze, nas Olimpíadas de Sydney, em 2000 e o
heptacampeonato no Tour de France. Todos estes feitos, porém, sob o efeito de hormônios
e eritropoietina – proibidos pelo controle de dopagem. Perdeu todos os troféus
e resultados. O “sete vezes enganador da Volta da França” viu sua máscara cair
diante de milhões de espectadores.
Ao tentar justificar a melhora de sua performance, via métodos
ilegais, o ex-ciclista, já banido do esporte, afirmou ser praticamente
impossível conquistar o Tour de France, quanto mais em sete oportunidades, sem apelar
para sabotagens. Esta infeliz declaração reitera os princípios que norteiam seu
pensamento. Não obstante, mantém, desse modo, uma postura cética sobre a
capacidade e potencial humanos de superação. Já que ele defende esta tese,
nunca poderia ser um atleta, que convive diariamente com dificuldades, sendo
uma de suas funções, superá-las.
Esta é uma das facetas obscuras do esporte. O doping é
fator preponderante para queda vertiginosa de um mito, ainda mais na atualidade
em que os atletas são considerados os heróis do século XXI perante inúmeros fãs
do esporte. Não há duvida que muitos se espelhavam em Armstrong e sonhavam ser
tão vitoriosos, como ele aparentava ser. Seu nome não está mais escrito na
bíblia do esporte.
Não é preciso ser o craque ou o medalhista de ouro para
ser um grande vencedor. Os esportes coletivos ensinam tal lição. O técnico, o
roupeiro e o cozinheiro de uma equipe são campeões, assim como um time de
futebol, vôlei e basquete que vencem algum torneio. Cedo ou tarde, o doping ou
outras violações são descobertas, visto o rigoroso controle de fiscalização.
Lance Armstrong perdeu seu direito de competir profissionalmente e a verba de
seus patrocinadores. Essa vida de mentira que o ciclista fingiu acreditar por
tanto tempo compensa ao ponto de induzir outros atletas ao erro? Eu preferiria
ser um mero amador e peladeiro, de qualidade duvidosa, como sou.
Mattheus Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário