segunda-feira, 23 de julho de 2012

Filme repetido

                                                   Os dois julgamentos

O terror atinge os EUA em mais um massacre armado. Na última sexta feira,  o ataque de um estudante de neurociências no estado americano do Colorado a um cinema recorda os trágicos acontecimentos de Columbine, escola localizada a menos de 30 Km de Aurora. Na pré-estreia do filme "Batman - o cavaleiro das trevas ressurge", o famoso personagem "Coringa" foi um vilão real.
    A campanha presidencial americana ganha um novo tema em discussão. O controle sobre a comercialização de armas de fogo - em uma nação extremamente militarizada - parece ser cada vez mais necessário a fim de atenuar tais atentados. Por enquanto, somente ouviu-se os discursos de solidariedade tanto de Obama quanto de Romney. Para que mudanças significativas ocorram, atitudes devem-se somar às palavras.
   Para alguns colegas da Universidade do Colorado, a atitude de James Holmes não pôde ser interpretada como surpreendente. Seu comportamento ultrareservado e retraído, além de intrigante era suspeito. Nestes momentos a presença de pais e responsáveis ao tentar solucionar desvios de conduta e transtornos mediante acompanhamento psicológico é imprescindível. Contudo, nem a isso Holmes podia contar, pois seus pais estavam a milhares de quilômetros de distância, em San Diego na Califórnia.
   Em hipótese alguma existe a defesa ao comportamento do franco-atirador. James Holmes poderá ter como punição máxima a perda de sua vida. Este é o veredicto da sociedade que, diante de crimes brutais, transparece o sentimentalismo. A prisão perpétua acompanhada de tratamento psicológico soa, inicialmente, como incipiente, porém é uma punição mais justa.
  Quais foram os momentos da história nos quais a guerra, a morte e a brutalidade solucionaram os problemas da sociedade? De maneira alguma trata-se de um argumento pacifista. Embora possa desencadear boas ou más implicações, ser humano com os desumanos é um gesto nobre. Que o julgamento da justiça não se baseie pela desigual e preconceituosa opinião pública e da mídia.

                                                                Mattheus Reis     
   


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Liberto!

                                          Melhor, impossível

Restavam apenas 90 minutos para o fim de uma longa espera. Era a oportunidade única que não se imaginava em momento algum se desperdiçada. O sonho de consumo dos corintianos está ao alcance. Convictamente, o Corinthians sagrou-se campeão da Copa Santander Libertadores da América em 2012, ao vencer o "todo poderoso" Boca Juniors (ARG) pelo placar de 2x0. O Corinthians está liberto desta agonia.
    O título inédito exorcisou os recentes traumas das edições anteriores. O mais duro golpe; a precoce eliminação na fase prévia diante do Desportes Tolima (COL) sendo Tite o treinador da pior participação do Corinthians no torneio. O técnico estava fadado ao fracasso. A real responsabilidade não era sua, pois ocupava a função `há seis meses. Quando ofereceu-se o principal instrumento de trabalho do futebol, o time adquiriu seu estilo de jogo. O Campeonato Brasileiro e a Libertadores são consequências disso. O tempo e a paciência são imprescindiveis.  
    A coletividade foi o grande trunfo e diferencial nesta trajetória. De fato, o entrosamento foi fundamental para que a equipe sofresse apenas 4 gols ao longo da competição inteira. Todavia, todo campeão possui um destaque, a estrela que brilha mais em relação às outras, mesmo que minimamente. Existe um craque. Emerson foi decisivo nas finais ao contribuir com dois gols e uma assistência para Romarinho, na primeira partida. A jovem aposta correspondeu às expectativas e possui potencial e talento para evoluir e se tornar um grande atleta. Essa foi a sua primeira impressão.
    A simples conquista da Libertadores já é um marco para qualquer torcedor. Para o corintiano, não era suficiente. Era necessário derrotar o hexacampeão Boca Juniors - que embora não tenha uma equipe à altura da brasileira, impõe respeito e tradição - além de vencer de forma invicta! Demorou, mas o título veio em grande estilo. Próxima chamada: Japão.
    A famosa piada de que o Corinthians ganha Libertdores somente no video-game perdeu completamente a sua graça e sentido. Agora ele tem uma taça de verdade e tantas outras no mundo virtual, que superam os seus adversários. Enfim, Corinthians, campeão da Libertadores de 2012. Agora sim, o mundo pode acabar.   

*Veja os melhores momentos da final da Libertadores e a galeria de fotos da conquista do "Timão"!

                   
                                                 Mattheus Reis

terça-feira, 3 de julho de 2012

Novela Mexicana

                                                  71 anos depois

No último domingo, em meio ao turbulento processo eleitoral, o candidato Enrique Peña Nieto foi eleito o novo presidente do México e recolocou o Partido Revolucionário Institucional (PRI) no comando do país após 12 anos. Ao instaurar uma dinastia de 71 anos - entre 1929 e 2000 - sustentada por ações ilícitas e autoritárias, o PRI visualiza Peña Nieto como figura renovadora, capaz de desmitificar tal imagem negativa e provar aos mexicanos que o partido atravessa uma nova era.
   Segundo colocado na disputa, o ex-prefeito da Cidade do México Manuel Lopez Obrador contestou de modo veemente o resultado. São fortes as evidências de manipulação de voto a favor de Peña Nieto, ademais a perceptível imparcialidade da imprensa local ao vencedor. A diferença de 7% talvez fora influenciada por estes dois artifícios. Enquanto permanece essa "novela", a equipe de transição já está sendo montada.
   O narcotráfico é o grande entrave a ser enfrentado. Os cartéis de drogas espalhados pelo país cada vez mais adquirem força, intensificando as disputas e rivalidades pelo poder sobre a comercialização de intorpecentes. Esta grave doença que ataca a política de segurança pública se disseminou de tal forma a atingir a mídia, coibindo-a: o México detém o maior número de ataques registrados a jornalistas, em todo o mundo.
   Durante toda a campanha, nenhuma proposta concreta a fim de solucionar a questão do tráfico de drogas foi apresentada. Os eleitores manifestaram sua opinião nas urnas acerca do combate intensivo do exército, elaborado pelo atual presidente Felipe Calderón. O fraco desempenho de sua aliada, Josefina Vásquez, comprova que este plano fracassou, tanto pelas denúncias de associação ao narcotráfico por parte do alto escalão militar, quanto pelo crescimento exarcebado da violência, principalmente das cidades localizadas próximas a fronteira com os EUA. Ciudad Juarez é o exemplo mais explícito do domínio dos cartéis.
   Apenas a guerra travada contra os traficantes de drogas e o processo de transformação ideológica de seu partido são, por si só, desgastantes. A segunda tarefa é menos árdua, pois o PRI deve adotar uma postura mais liberal perante forte oposição de movimentos sociais, como o "Yo soy 132", atuante em toda a corrida presidencial. Inúmeros esforços deverão ser expendidos para minimizar o caos provocado pelo poder paralelo, que cresceu sustentado, entre outros motivos, pelo inértil comportamento nos 71 anos governados pelo PRI.

                                                 Mattheus Reis