sexta-feira, 26 de abril de 2013

O poderoso chefão

                                                           A escola paraguaia

     No último domingo, Horácio Cartes foi eleito o presidente do Paraguai. Quase um ano após o golpe-relâmpago que destituiu Fernando Lugo da liderança do pais e rachou a credibilidade democrática de suas instituições, o eleitorado depositou  sua confiança em um candidato controverso e no mínimo suspeito.
      Cartes é dono de inúmeras empresas e bancos. O que, de fato, não é nenhum pecado, embora o Paraguai seja um país desigual e o patinho feio no Mercosul. Entretanto, esta sob investigação, nos últimos anos, de comandar um grandioso esquema de contrabando de mercadorias. Seus negócios obscuros deixaram inclusive prejuízos para empresas fabricantes de cigarros no Brasil.
     Afastado do bloco sul-americano quando o golpe de junho de 2012 se efetivou, o Paraguai foi substituído pela Venezuela, em articulação diplomática organizada por Brasil e Argentina, sem o seu consentimento. A fúria provocada permanece até hoje em forma de crítica aos líderes vizinhos.
     A maior missão do novo presidente será o reingresso do país à união aduaneira. Causa certo estranhamento um presidente envolvido em práticas contrabandistas reivindicar participação em uma rede de comércio legal e integração. A justificativa deve-se a importância do Mercosul para a sobrevivência econômica de sua nação. O retorno está acima de qualquer interesse pessoal.
    A cada eleição que acontece na América Latina, a expectativa aos poucos se transforma em frustração, mas permanece a esperança de uma reviravolta neste cenário político futuramente. Há poucas semanas, um Nicolás Maduro totalmente apático conseguiu, com apenas 1,5% de suspeita diferença de votos, satisfazer o desejo do Comandante Chavéz. Todavia, o fato de grande parte de venezuelanos terem aberto os olhos que estavam fechados há quase 20 anos já pode ser considerada uma vitória maiúscula.
    No Paraguai, o resultado de domingo, se forem comprovadas as denúncias envolvendo Cartes, mostra o longínquo caminho a ser percorrido pelos nossos vizinhos. Uma lição ainda não aprendida devido à fragilidade do ensino e não por incapacidade dos alunos. Os professores são os mesmos e a reprovação, no caso é bem vista. Não fosse o bastante, essa escola possui filiais em vários países do continente.
                                                                          Mattheus Reis

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