sexta-feira, 8 de março de 2013

O último Libertador

                               O primeiro e último Chavista
 
      Na última terça-feira, a Venezuela amargou a perda do seu líder mais carismático. Órfã, a nação venezuelana está desamparada em um de seus momentos mais delicados, de grave crise financeira e explosão da violência urbana. Hugo Chávez quebrou o reinado de longa data das elites no poder para instaurar o seu, disfarçado de ares democráticos, que foi parado pelo câncer: o único adversário que o derrotou.
    Sua chegada à presidência marcou o início de uma intensa perseguição ao imperialismo econômico promovido pelos EUA na América Latina, alimentando o sentimento yankeefóbico em suas ideologias. Entretanto, sempre foi fã do baseball e exportou milhões de barris de petróleo para os norte-americanos. Pragmatismo ou reconhecimento de inferioridade?
     O grande mérito de sua gestão foi a retirada de milhões da pobreza extrema. Por mais clientelista que seja este programa assistencialista, garantiu desse modo três reeleições. Típico retrato da profunda frustração dos eleitores com os seus representantes interessados nos benefícios, e não nos deveres que o poder político acarreta. Chavez, assim representava a vingança dos oprimidos. Tal programa, míope, culminaria no caos econômico a partir dos anos 2010.  Entretanto, os votos eram imprescindíveis. A Revolução Bolivariana não podia parar e o povo estava feliz.
    A dependência extrema do petróleo, os elevados gastos com medidas assistencialistas e estatizações levaram o país a constantes blecautes energéticos, deficiências em infraestrutura, bem como desabastecimentos de alimentos e desenfreada inflação.
     Seu plano de governo contou com mentores emblemáticos da história latino-americana: Simón Bolívar, Fidel Castro e Vargas, por que não? A Venezuela teve um “pai dos pobres”. Além disso, o Chavismo consolidou-se como modelo político de exportação na região. Evo Morales e Rafael Correa são seus principais discípulos.
     Paradoxalmente, o Chavismo, mesmo que prevaleça através de violações constitucionais e vitórias eleitorais, está ameaçado. Esse é o preço a ser pago por um regime exacerbadamente personalista. A figura do comandante torna-se insubstituível. Embora Nicolás Maduro seja o favorito contra Henrique Caprilles no pleito a ser convocado, jamais poderá ser comparado ao antecessor e terá como carma a herança maldita de anos marcados pelo autoritarismo e imprudência na administração econômica. Para gerenciar o Chavismo, só Chávez e suas hábeis e geniais manobras. Nisso, ninguém era melhor do que Ele, aquele que foi capaz de colocar Deus em segundo plano na Venezuela.
 
* Veja as frases mais polêmicas e engraçadas de Hugo Chávez na Presidência Venezuelana.

* Veja um infográfico da historia de Chávez como líder Bolivariano.
http://oglobo.globo.com/mundo/algumas-das-frases-mais-polemicas-da-lingua-afiada-de-hugo-chavez-7750718


                                                  Mattheus Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário