A reportagem
sobre a expansão do consumo de crack em todo o Brasil, exibida durante a semana
nas edições do Jornal Nacional, abordou uma problemática já conhecida pela
maior parte da sociedade. Seria esse o
pensamento de muitos não fosse o grau de estarrecimento provocado pela
disseminação da droga em localidades num período tão curto de tempo, desde a sua
percepção como epidemia.
A cidade costuma ser o destino final mais comum da rota do crack e de outras
drogas, como o recém-nascido oxi. Entretanto, o fato de aldeias indígenas,
trabalhadores agrícolas e mineradores apresentarem estágio tão grande de
dependência quanto os usuários urbanos comprova o quanto de tempo foi perdido
no combate a esta praga, visto as características inóspitas de cidades
sertanejas e da Amazônia já contaminadas.
A relação do
crack com uma patologia não é puramente metafórica. É rotineiro o impasse
acerca da interpretação de quem se enquadra no conceito de traficante ou usuário. Acima de tudo, a diferenciação deve ser baseada em
termos de dependência química. O tratamento desta questão ao ser encarado como
de saúde publica salva vidas, atenua a criminalidade, reduz o consumo de crack e
desarticula a sua comercialização.
A corrupção é
a origem da maior parte da miséria brasileira e nutre o racha de várias
famílias, abaladas pelas drogas. O desinteresse de parte da esfera política em
contornar este triste cenário aumenta o ceticismo. Joaquim Barbosa desagradou
muitos parlamentares, nesta semana, ao afirmar que alguns partidos priorizavam
interesses particulares ao invés da causa pública. Por esta declaração o
presidente do STF merece receber o título de anti-democrático, como fora
acusado? A verdade neste país é inimiga da transparência, da justiça e da
democracia! Mantenho o otimismo quanto ao nosso futuro, mas o surpreendente no
Brasil é que a cada surpresa eu não me surpreendo. Estou louco? Se estou, não estarei sozinho já que outros 190 milhões também estarão.
Mattheus Reis
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