sexta-feira, 24 de maio de 2013

Um país doente

                                             Rachadura ainda maior

      A reportagem sobre a expansão do consumo de crack em todo o Brasil, exibida durante a semana nas edições do Jornal Nacional, abordou uma problemática já conhecida pela maior parte da sociedade. Seria esse o pensamento de muitos não fosse o grau de estarrecimento provocado pela disseminação da droga em localidades num período tão curto de tempo, desde a sua percepção como epidemia.
      A cidade costuma ser o destino final mais comum da rota do crack e de outras drogas, como o recém-nascido oxi. Entretanto, o fato de aldeias indígenas, trabalhadores agrícolas e mineradores apresentarem estágio tão grande de dependência quanto os usuários urbanos comprova o quanto de tempo foi perdido no combate a esta praga, visto as características inóspitas de cidades sertanejas e da Amazônia já contaminadas.
      A relação do crack com uma patologia não é puramente metafórica. É rotineiro o impasse acerca da interpretação de quem se enquadra no conceito de traficante ou usuário. Acima de tudo, a diferenciação deve ser baseada em termos de dependência química. O tratamento desta questão ao ser encarado como de saúde publica salva vidas, atenua a criminalidade, reduz o consumo de crack e desarticula a sua comercialização.
     A corrupção é a origem da maior parte da miséria brasileira e nutre o racha de várias famílias, abaladas pelas drogas. O desinteresse de parte da esfera política em contornar este triste cenário aumenta o ceticismo. Joaquim Barbosa desagradou muitos parlamentares, nesta semana, ao afirmar que alguns partidos priorizavam interesses particulares ao invés da causa pública. Por esta declaração o presidente do STF merece receber o título de anti-democrático, como fora acusado? A verdade neste país é inimiga da transparência, da justiça e da democracia! Mantenho o otimismo quanto ao nosso futuro, mas o surpreendente no Brasil é que a cada surpresa eu não me surpreendo. Estou louco? Se estou, não estarei sozinho já que outros 190 milhões também estarão.
 
                                                                          Mattheus Reis

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