sábado, 9 de fevereiro de 2013

O boom do Xisto

                                                    Herói ou vilão?
    Nos últimos anos, cresceu vertiginosamente a exploração de um recurso mineral não convencional. Para os que não sabem, o gás de xisto é a grande novidade energética da atualidade, cuja importância foi destacada pelo presidente americano Barack Obama, em seu discurso na posse de seu segundo mandato, podendo ser a solução para a autonomia das matrizes de inúmeros países.
     Brasil e Estados Unidos - donos de grandes reservas de xisto - estão apostando no novo recurso. Ambos buscam a menor dependência perante o petróleo de regiões como o Oriente Médio, marcado por instabilidades políticas que implicam diretamente no preço do combustível; algo já visto nas Crises do Petróleo durante a década de 1970.
     Além disso, os americanos visam, desse modo, a uma maior redução das emissões de gases do efeito estufa – promessa ainda não cumprida por Obama. O Brasil tenta aproveitar a oportunidade para aliviar a saturação da Petrobrás, que apresenta quedas na produção e registrou, em 2012 seu menor faturamento desde 2003.
     Se por um lado o gás de Xisto pode alavancar a economia de algumas nações, consequentemente, prejudicará os maiores produtores do brent, além de provocar um novo arranjo na geopolítica mundial a longo prazo. Os países árabes podem transformar um cenário de redução das exportações em maior dinamização da atividade econômica. Os conhecidos sheiks magnatas do petróleo não estariam sós no poder.
     Embora este momento de descoberta seja contagiante, a extração do recurso acarreta graves impactos ambientais, caso seja feita inadequadamente, já que envolve grandes quantidades de produtos químicos, o que coloca em risco lençóis freáticos e a biodiversidade local.
     Simultaneamente, o xisto trás consigo euforia e cautela. Uma provável solução alternativa ao uso da energia nuclear - em xeque desde o acidente de Fukushima no Japão. Entretanto, mesmo que em menores proporções, não deixa de ser um combustível poluente cujo fascínio imediato, por ser abundante e barato, pode cegar os chefes de estado, a ponto de retardarem o desenvolvimento de fontes limpas de energia. O início da corrida pela segunda independência, a energética, não deve ser um retrocesso, melancólico, da corrida para salvar a Terra.   

* Leia mais sobre o gás de Xisto!

                                                                Mattheus Reis

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