sábado, 6 de dezembro de 2014

O voto e sua importância

                                      Por quê o caminho mais fácil?
     
Crianças perfiladas para execução do hino nacional no Sarah Dawsey: cerimônia toda segunda-feira para, segundo a diretora, 'desenvolver a cidadania' Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo       Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a eleição de 2014 foi aquela que contou com a menor participação de jovens entre 16 e 20 anos da história. Motivos como a progressiva redução da taxa de natalidade ao longo das últimas décadas no Brasil são decisivos, porém não se pode ignorar um ceticismo de grande parte desses jovens quanto ao modelo político vigente e a sua condução.
      A democracia representativa é o modelo que norteia a política nacional e a de maioria esmagadora de outros países ao redor do mundo, sendo o voto fundamental nesse processo. A corrupção, os lentos avanços pelos quais o país atravessa nos setores públicos e no combate às desigualdades pertinentes ao cotidiano bem como o tratamento não igualitário da justiça e das leis, pautado, muitas vezes, no poder econômico e de influência nos fazem, brasileiros, não acreditar em um futuro melhor, no mínimo menos injusto.
      Essa descrença se reflete nos jovens, cuja significativa parcela, mesmo apta a votar aos 16 e 17 anos não o fazem e não encaminham a documentação necessária para votar quando são obrigados a participarem das eleições, a partir de 18 anos. O descontentamento é compartilhado por outros independentemente da idade.
      Nesse contexto, surge um polêmico debate: o fim do voto obrigatório entra em pauta. Ao mesmo tempo, surge também uma reflexão: ao defender a extinção dessa obrigatoriedade, estariam seus defensores não dando devido valor e respeito aos líderes da Diretas Já e àqueles que morreram eletrocutados, no pau-de-arara e intoxicados na Ditadura Militar? Por mais que alguns membros da esquerda tenham cometido erros graves como a adesão à luta armada, buscava-se uma expansão dos direitos civis, como o voto para presidente. Vivemos em um país de tradições religiosas fortes, mas ao mesmo tempo ignoramos muitas vezes um preceito comum a todas as religiões: o amor ao próximo.
       Tal desinteresse pode estimular mais práticas ilícitas daqueles que compõem o poder pois abrir mão do voto significa, em tese, abrir mão de escolher um político conscientemente e fiscalizar a sua atuação. Apoiar o fim da obrigatoriedade do voto em uma viés no qual apenas eleitores conscientes politicamente iriam votar soa discriminatório e pode ampliar ainda mais o esquema de compra de votos: sendo o voto eventualmente facultativo, mais eleitores poderiam ir às urnas por questões meramente financeiras, principalmente em currais eleitorais.
      O início de uma reforma política tem como ponto de partida a escolha de representantes comprometidos com a essa causa. Estimular o interesse e o senso crítico dos eleitores em relação à política é, portanto, fundamental e é o que está sendo posto em prática e resgatado em alguns colégios no Rio de Janeiro, onde os alunos estudam conteúdos de cidadania e ética nas aulas de História e Geografia e praticam atos de respeito e valorização à pátria como a execução do Hino nacional. Caso sejam expandidas, essas medidas podem ser bem sucedidas na tentativa de, no futuro, termos uma geração mais consciente acerca da importância do voto e da política, como um todo, do que a atual.      

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                                                                    Mattheus Reis

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