Por quê o caminho mais fácil?

A democracia representativa é o modelo que norteia a política nacional e a de maioria esmagadora de outros países ao redor do mundo, sendo o voto fundamental nesse processo. A corrupção, os lentos avanços pelos quais o país atravessa nos setores públicos e no combate às desigualdades pertinentes ao cotidiano bem como o tratamento não igualitário da justiça e das leis, pautado, muitas vezes, no poder econômico e de influência nos fazem, brasileiros, não acreditar em um futuro melhor, no mínimo menos injusto.
Essa descrença se reflete nos jovens, cuja significativa parcela, mesmo apta a votar aos 16 e 17 anos não o fazem e não encaminham a documentação necessária para votar quando são obrigados a participarem das eleições, a partir de 18 anos. O descontentamento é compartilhado por outros independentemente da idade.
Nesse contexto, surge um polêmico debate: o fim do voto obrigatório entra em pauta. Ao mesmo tempo, surge também uma reflexão: ao defender a extinção dessa obrigatoriedade, estariam seus defensores não dando devido valor e respeito aos líderes da Diretas Já e àqueles que morreram eletrocutados, no pau-de-arara e intoxicados na Ditadura Militar? Por mais que alguns membros da esquerda tenham cometido erros graves como a adesão à luta armada, buscava-se uma expansão dos direitos civis, como o voto para presidente. Vivemos em um país de tradições religiosas fortes, mas ao mesmo tempo ignoramos muitas vezes um preceito comum a todas as religiões: o amor ao próximo.
Tal desinteresse pode estimular mais práticas ilícitas daqueles que compõem o poder pois abrir mão do voto significa, em tese, abrir mão de escolher um político conscientemente e fiscalizar a sua atuação. Apoiar o fim da obrigatoriedade do voto em uma viés no qual apenas eleitores conscientes politicamente iriam votar soa discriminatório e pode ampliar ainda mais o esquema de compra de votos: sendo o voto eventualmente facultativo, mais eleitores poderiam ir às urnas por questões meramente financeiras, principalmente em currais eleitorais.
O início de uma reforma política tem como ponto de partida a escolha de representantes comprometidos com a essa causa. Estimular o interesse e o senso crítico dos eleitores em relação à política é, portanto, fundamental e é o que está sendo posto em prática e resgatado em alguns colégios no Rio de Janeiro, onde os alunos estudam conteúdos de cidadania e ética nas aulas de História e Geografia e praticam atos de respeito e valorização à pátria como a execução do Hino nacional. Caso sejam expandidas, essas medidas podem ser bem sucedidas na tentativa de, no futuro, termos uma geração mais consciente acerca da importância do voto e da política, como um todo, do que a atual.
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Mattheus Reis
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