terça-feira, 13 de maio de 2014

Curto-circuito

                          Descompasso no setor elétrico

     Dados do Operador Nacional do Sistema elétrico indicam que o nível médio dos reservatórios de água utilizados na geração de energia pelas usinas hidrelétricas atingiu pela primeira vez um valor abaixo do registrado em 2001, ano em que ocorreu o maior apagão da história do país. Obras emergenciais para otimizar o aproveitamento desta pouca quantidade de água que resta estão sendo executadas, o que pode adiar um racionamento no momento. Essa crise é a materialização de um problema muito grave pelo qual o Brasil está enfrentando nesse setor.
     Nesse contexto, Dilma Rousseff autorizou o funcionamento a pleno vapor de todas as usinas termelétricas a fim de evitar um racionamento durante a Copa do Mundo. Isso, porém, aumenta os custos de geração de energia, que serão repassados para a população, conforme citou a presidente, em seu último pronunciamento na cadeia de rádio e tv. Ou seja, a conta de luz ficará mais cara nos próximos meses. Com a conta de luz mais cara, as famílias brasileiras tendem a poupar energia, reduzindo os riscos de apagão. Essa é uma estratégia de contingência adotada pelo governo federal. Daqui a seis meses, entretanto, a onda de calor voltará e obrigará todos a aumentarem o consumo de energia novamente. Essa crise, provavelmente, só se amenizará caso chova bastante no próximo verão e os níveis dos reservatórios se normalizem.
     O Brasil, desde quando sofreu seu último grande apagão, em 2001, cresceu economicamente e o programa "Brasil sem miséria", encabeçado pelo Bolsa Família, promoveu na última década a ascensão social de mais de 40 milhões de cidadãos, que elevaram não só a renda mas também o consumo de alimentos, eletrodomésticos e, principalmente, energia. Os investimentos no setor energético, ao longo dos últimos governos, não acompanharam essa transformação social pautada na ascensão da classe C, o que sobrecarregou a geração e a transmissão de energia elétrica no país. O atraso em obras de novas usinas hidrelétricas e eólicas bem como de linhas de transmissão de energia contribuem também para a situação ter chegado a tal ponto de preocupação.
     A energia no Brasil é oriunda em sua maior parte - cerca de 80% -  de usinas hidrelétricas. Somos, por isso, dependentes das chuvas que nutrem os rios essenciais para a obtenção da energia, logo para o desenvolvimento do país. O governo, em suas esferas de poder, ciente das mudanças climáticas pelas quais o planeta atravessa, sendo cada vez mais frequentes eventos extremos como secas, deveria estar preparado tanto para elaborar medidas que atenuassem os impactos do aquecimento global no Brasil  quanto projetos que ampliassem a oferta e o aproveitamento de energia e reduzissem a dependência da hidroeletricidade, como a expansão de usinas eólicas e solares, cujos potenciais de crescimento são enormes.

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