Na terça-feira o chefe supremo do regime comunista norte-coreano Kim Jong-Il (à esquerda) faleceu. Antes deste fato o ditador já iniciara a preparação de seu filho, Kim Jong-Un (à direita) para uma possível transição. Inovando em 1994, a Coreia-do Norte realizou a primeira sucessão hereditária de um governo socialista. A segunda no entanto, não estava planejada para acontecer tão cedo.
Kim Jong-Un teve apenas um ano de ensinamentos para assumir o poder enquanto seu pai preparou-se por mais de uma década. Mesmo que compartilhe de visões democráticas - esteve inserido no contexto ocidental, pois estudou na Suíça - o novo chefe de Estado não conseguirá facilmente conduzir o país a uma abertura política e econômica. Antes disso necessitará agradar os rígidos membros do governo a fim de consolidar-se no cargo e adquirir estabilidade.
Por mais que possuam nomes iguais. Um "Kim" é diferente do outro e a inexperiência pesará para o filho ao iniciar seu governo.
A repentina troca do poder é um diagnóstico a curto/médio prazo de que a situação da Coreia do Norte não sofrerá grandes alterações. Portanto, será redobrada a atenção de países como Coreia do Sul e Japão acerca do potencial nuclear desenvolvido pelos norte-coreanos. Atualmente, o desespero é predominante em um Estado detentor de uma bomba atômica. Isso assusta qualquer um.
Tal regime autoritário - implantado após a II Guerra Mundial - expõe um paradoxo praticamente exclusivo. O modelo socialista/comunista carrega como seu pilar de sustentação a igualdade social e divisão igualitária de riquezas. Na Coreia do Norte teoria e prática não se compatibilizam. Mais de 80% da população está abaixo da linha da pobreza e várias pessoas não sobrevivem a fome, diariamente.
E mesmo diante deste contexto, é impressionante a reação de devoção e idolatria dos norte-coreanos por seu líder. Parabéns a Kim Jong-Il que com tanta pobreza e atraso social, promoveu a manipulação de seu povo. Ele é um herói às avessas.
O patriotismo supera todos os problemas existentes, fazendo até mesmo a população se esquecer deles. O governo se aproveita e também tenta ignorar seus defeitos. Pior cego é aquele que não enxerga esse faz de conta.
*Leia mais sobre a morte do ditador norte-coreano!
Mattheus Reis
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