segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Heroi improvável

                          O jogo é apenas a "cereja do bolo".


Heroi: O momento exato da
interceptação de Butler (21).
       Nenhum jogador em qualquer outra posição recebe mais destaque por parte da mídia e personaliza um time no futebol americano do que um quarterback. Pode não ser o melhor tecnicamente do elenco, mas, por exercer a função de armar jogadas e ser um líder em campo, o quaterback ganha notoriedade. Entretanto, na vitória do New England Patriots por 28 a 24 contra o Seattle Seahawks, na 49ª edição do Super Bowl, a grande decisão da liga, um até então desconhecido foi fundamental a 20 segundos do final da partida para alçar o campeão a um lugar de hegemonia no esporte nestes primeiros 14 anos do século XXI.
       Seattle, atrás no placar depois de liderar boa parte da final, precisava marcar 7 pontos, anotando um touchdown para passar à frente no minuto final e, assim, se sagrar bicampeão consecutivo - já havia ganho o campeonato na temporada passada contra o Denver Broncos. E estava bem próximo de conseguir, mais precisamente a uma jarda, menos de 1 metro, do paraíso, a end zone. Caso avançasse essa distância, venceria nas finais de 2014 e 2015 dois quarterbacks tidos como os melhores da história: Peyton Manning, jogador do Denver e Tom Brady, do New England. Seattle, porém, não conseguiu. Não porque o quarterback dos Patriots estava lá - Tom Brady acompanhava tudo da lateral do campo. Você conhecia Malcolm Butler? Hoje, você, provavelmente, ouvirá esse nome se assistir a um programa esportivo. Ele roubou a bola depois do passe feito pelo ataque, recuperando-a para o time de Brady. Não havia mais tempo para mudar o que o placar dizia: New England campeão!
       Russel Wilson, quaterback dos Seahawks e autor do passe interceptado foi muito questionado por não ter feito uma "jogada de segurança", entregando a bola para um dos melhores corredores do campeonato, Marshawn Lynch. Nunca saberemos se Lynch conseguiria passar pela marcação e dar mais um título ao então campeão. Wilson admitiu o erro. Um erro capital, que, por outro lado, concedeu maior reconhecimento ao trabalho árduo de um defensor não tão presente nas manchetes e não tão cercado pelos holofotes, mas tão importante quanto os outros 45 atletas que fazem parte de uma equipe de futebol americano. 
       Com o título conquistado ontem, o New England Patriots consolidou-se como o maior nome da Liga nacional de futebol americano (NFL) no século XXI. Em 14 finais, de 2001 até agora, esteve em 6, vencendo 4. Nenhum outro alcançou tais marcas nesse mesmo período. O estádio da finalíssima de ontem, em Phoenix, Arizona, é repleto de simbolismo para os vencedores. O Super Bowl de 2008 também foi realizado lá; os Patriots estavam lá, eram os favoritíssimos ao título naquele ano já que tinham vencido todos as partidas do campeonato. Todavia, perderam a única que não poderiam; falharam e sucumbiram naquela decisão para o New York Giants. Ontem, a história foi diferente. O palco até então de uma enorme frustração se transformou no de uma glória.
       Todos os anos, escrevo sobre o Super Bowl não à toa. É um evento cativante, assim como o campeonato inteiro, e a prova disso é a sua capacidade de atrair multidões aos estádios e às telas de TV mesmo não conhecendo as regras do jogo. Isso é ocasionado principalmente pela capacidade dos gestores do esporte em explorar muito bem o entretenimento, a mídia e o mercado consumidor em prol da emoção futebol americano. Quem teve a ideia de, em 15 minutos de intervalo, fazer um show? Por que mais de 100 milhões de espectadores acompanham o Super Bowl todo ano? Por conta dessa organização, que provavelmente não é perfeita, mas é eficiente, traz lucros e reinveste no fortalecimento do esporte, em franca expansão em países como o Brasil, onde a audiência cresceu 800% nos últimos 3 anos.
       O Brasil é o país do futebol e sempre será pela paixão dos brasileiros pela bola que rola no gramado. Possui um dos campeonatos mais disputados do mundo, o Brasileirão, é o maior vencedor de Copas do Mundo, com 5 triunfos, o maior jogador de futebol de todos os tempo é nosso! O esporte que é patrimônio do país e do povo brasileiro merece ser tratado e organizado com melhor planejamento, ética e seriedade a fim de que seja digno de comparação em termos de administração e qualidade com a NFL.  Essa necessidade também é pertinente para as outras modalidades praticadas no país, sobretudo as olímpicas, às vésperas dos Jogos Olímpicos de 2016, na cidade do Rio de Janeiro.   

*Leia mais sobre a final de ontem!
  
                                                           Mattheus Reis
        

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