quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Contagem regressiva.

                                                         Vamos torcer!


Expectativa: abertura das Olímpiadas de Pequim,
 em 2008. Daqui a um ano será a nossa vez.
       Daqui a exatamente um ano, em 5 de agosto de 2016, os olhos do mundo se voltarão novamente para a cidade do Rio de Janeiro. Após sediar no ano passado a grande final da Copa do Mundo em julho de 2014, o Maracanã será palco principal do maior evento esportivo do planeta: os Jogos Olímpicos. Ciente da responsabilidade de sediar a competição pela primeira vez na América do Sul, a cidade  está definitivamente em obras, que causarão mudanças em questões como a mobilidade urbana e a rede hoteleira. Apesar disso, o planejamento e o legado são alvos de inúmeras críticas, concentradas, sobretudo, em relação à poluição na Baía de Guanabara e na Lagoa Rodrigo de Freitas.
       Conforme era o esperado, as despoluições da Baía e da Lagoa, prometidas quando a cidade se candidatou a sediar os jogos, dificilmente serão concluídas e se tornaram um grande problema para o Comitê Organizador dos Jogos. Os locais onde serão disputadas as provas de iatismo e remo em 2016 somente poderão ter sua biodiversidade recuperada após contínuos projetos de combate ao lançamento de esgoto e de resíduos sólidos nas águas e mananciais da região metropolitana; um esforço que pode levar 20 anos para ter seus primeiros resultados concretos vistos, conforme afirmou recentemente a ministra do meio-ambiente Izabella Teixeira.
       Apesar de a porcentagem de esgoto lançado in natura, ou seja sem nenhum tratamento, na Baía ter diminuído de 83% para 51% nos últimos 8 anos, segundo o governo do estado do Rio de Janeiro, inúmeros velejadores - motivados tanto por vantagens quanto pela saúde dos atletas - e a Federação Internacional de Iatismo apelaram aos comitês Olímpico Internacional e Organizador dos Jogos pela mudança do local das competições.
       Diante de tantos problemas pelos quais o Brasil enfrenta em termos de qualidade de serviços públicos e desigualdade social, os Jogos Olímpicos no Brasil acabam sendo vistos como algo "supérfluo". Quem nunca ouviu verdades do tipo "Os recursos poderiam ser destinados ao que realmente importa, como a educação e a saúde."?  É preciso destacar, no entanto, que, mesmo em tempos de ajuste fiscal e aperto nos gastos, os cidadãos brasileiros pagam uma das maiores quantidades de impostos do mundo. Não é preciso ser um renomado analista de finanças publicas para perceber a possibilidade de se conciliar demandas diversas, seja a de um megaevento ou a de desenvolvimento social e sustentável desde que os recursos sejam administrados de forma planejada, correta e honesta. De acordo com o Ministério Público Federal, perdemos por ano mais de 200 bilhões de reais por conta da falta de planejamento, da corrupção e do desperdício do poder público. A mais atualizada matriz de responsabilidades fiscais dos Jogos Olímpicos no Rio apontam investimentos de 38 bilhões de reais para o megaevento, valor custeado não só pelo poder público mas também pela iniciativa privada. Se existe algum vilão nessa história, não são simplesmente os Jogos Olímpicos.
       As Olimpíadas e o esporte, como um todo, trazem, em si, uma mensagem de superação, sendo um dos últimos elementos restantes de união e confraternização entre as nações do mundo. Além disso, eventos desse porte podem ser catalisadores de transformações sociais e urbanas. Barcelona, sede em 1992, é um exemplo do que pode-se dizer "antes e depois dos Jogos". Aos "trancos e barrancos", 'a cidade maravilhosa' e, agora, 'olímpica' tenta fazer o mesmo, sem sabermos, porém, se terá o mesmo sucesso.  
       No âmbito esportivo, o Comitê Olímpico Brasileiro espera colher bons resultados do pesado investimento feito a partir de 2012 com a finalidade de melhorar o rendimento de atletas, principalmente aqueles cujas modalidades praticadas não possuem tanta tradição no país e notórios resultados em competições internacionais. A partir da contratação de profissionais estrangeiros, do desenvolvimento da infraestrutura de treinamento e de bons resultados vistos nas recentes competições internacionais, quando modalidades como a canoagem conquistaram medalhas inéditas, o objetivo traçado de que o Brasil figure entre os 10 melhores países no quadro geral de medalhas pode vir a se concretizar, o que seria a sua melhor participação na história das Olimpíadas. Essa expectativa é, no entanto, apenas um detalhe diante da necessidade de uma vitória ainda maior.
       Os Jogos Olímpicos para o Brasil e para o Rio de Janeiro, mais precisamente, devem ser um fator  responsável por acelerar mudanças na qualidade de vida da cidade, provar a capacidade do país em organizar grandes eventos e, acima de tudo, inserir de vez nos debates políticos e públicos uma cultura esportiva, que zele tanto pela saúde e bem-estar da população quanto pela inclusão social e formação de novos atletas. Diante das dificuldades enfrentadas por muitos jovens, eles já são campeões na vida e poderão ser, quem sabe, vitoriosos também nos campos, nas quadras ou tatames. Os brasileiros, mesmo que em cima da hora, como aconteceu na Copa do Mundo, farão a sua parte e torcerão pelos atletas do país a partir de 5 de agosto de 2016. Vamos torcer ainda mais para que a cidade do Rio de Janeiro, infelizmente uma das mais violentas do mundo, comece a ser, daqui a um ano, maravilhosa de fato.

*Leia mais sobre o assunto:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/07/estudo-analisa-agua-no-rio-e-diz-que-ha-risco-para-atletas-nas-olimpiadas.html   
http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/barcelona-20-anos-depois-a-olimpiada-e-uma-nova-cidade/
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/despoluicao-da-baia-de-guanabara-pode-demorar-20-anos-diz-ministra-do-meio-ambiente-12698824


                                                                Mattheus Reis



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