sexta-feira, 31 de julho de 2015

Bonito de se ver!

                                                      Atletas de ouro.

Podium brasileiro: V. Nascimento, M. Silva e R. Silva,
 medalhistas nos 50 metros nado livre em Toronto.
       A delegação paralímpica do Brasil deu mais um exemplo de superação ao bater o recorde de medalhas do país em Jogos Parapan-americanos. Na edição deste ano, em Toronto (CAN) e, que terminou no último sábado, foram 257 medalhas conquistadas (109 de ouro, 74 de prata e outras 74 de bronze), quantidade mais que suficiente para colocar o Brasil no primeiro lugar no quadro geral pela terceira vez consecutiva. O sorriso no rosto de praticamente todos os atletas, medalhistas ou não, é uma vitória diante de inúmeras dificuldades do dia-a-dia.
       O primeiro efeito positivo desse resultado espetacular é um grande aumento na verba pública repassada ao Comitê Paralímpico Brasileiro, que passará de R$ 39 milhões para aproximadamente R$ 130 milhões anuais; uma justa recompensa para aqueles que representam muito bem o país em competições internacionais de grande porte apesar dos poucos incentivos para a maior parte dos atletas. Em Jogos Olímpicos, a evolução é visível: nas últimas 5 edições, o Brasil saltou da 37ª posição, em Atlanta-1996, para a 7ª, em Londres-2012, no quadro geral de medalhas. 
       Existe, no entanto, um longo caminho a ser percorrido. Embora programas, como o Bolsa-atleta, e a Lei de Incentivo ao Esporte tenham contribuído, recentemente, para acelerar a profissionalização do esporte paralímpico no Brasil, há uma demanda crescente pela expansão dos subsídios, melhora da infraestrutura de treinamento, assim como um apelo por maior visibilidade na mídia, sobretudo em canais esportivos a cabo, que, em sua maioria, não transmitem regularmente as competições. Alguns atletas de elite, como o nadador multicampeão Daniel Dias, conseguiram, através de medalhas e recordes, patrocinadores públicos e privados, mas isso não se aplica a todos os competidores, que precisam, muitas vezes, conciliar uma desgastante jornada dupla de trabalho e treinamentos.
       As dificuldades enfrentadas por eles no esporte se somam às do dia-a-dia. As cidades brasileiras cresceram, nas últimas décadas, sem um planejamento que acompanhasse de forma eficiente as mudanças demográficas e questões como a acessibilidade. Por conta disso, são visíveis os problemas denunciados por deficientes sobre a dificuldade de se locomoverem em calçadas, prédios e meios de transporte. Mesmo quem não é atleta precisa encarar diariamente uma maratona com obstáculos chamados "buracos", "escadas" e "ônibus não-adaptados".
       O Rio de Janeiro recebeu do Comitê Olímpico Internacional a prazerosa, mas ao mesmo tempo desafiante, missão de sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Essa é uma oportunidade indispensável para, em tão pouco tempo, catalisar transformações urbanas e na gestão do esporte que, provavelmente, levariam muito mais tempo caso um evento desse porte não acontecesse por aqui.   
      O cenário econômico instável pelo qual atravessa o país não deixa de ser um percalço, mas a continuidade de uma política esportiva inclusiva e de excelência assim como o aperfeiçoamento das condições de acessibilidade para deficientes são fundamentais para termos, no futuro, a percepção de quão importante foram os Jogos não só para a "Cidade Maravilhosa" mas também para o Brasil. A sanção do "Estatuto da pessoa com deficiência" pela presidente Dilma Rousseff, em julho, pode ser considerada um avanço já que a legislação nacional não tinha um documento tão específico sobre o tema. No entanto, a excelência não pode ser apenas algo sonhado pelos competidores: o governo, em suas esferas de poder, precisa fazer com que o Estatuto seja cumprido e reconhecido devidamente; um reconhecimento já conquistado pelos atletas paralímpicos do Brasil há muito tempo e com quem temos uma dívida.
      
* Leia mais sobre o assunto       


http://espn.uol.com.br/noticia/536242_apos-otimo-parapan-comite-paralimpico-brasileiro-tera-mega-aumento-de-verba
http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/dilma-sanciona-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário