segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O grand finale de Manning?

                                      "Obrigado, craques!"

Um título merecido: P.Manning (39 anos) é o
mais velho quaterback a ganhar o Super Bowl.
       As estatísticas apontam que Peyton Manning, quaterback do Denver Broncos, esteve longe de ter feito sua melhor temporada se forem considerados os inúmeros recordes já conquistados pelo camisa nº18. As contusões o atrapalharam e o peso da idade se refletiu em pernas menos ágeis e um braço direito não tão potente quanto antes. Os indícios são de uma iminente aposentadoria. No entanto, se existe algo que, quanto mais o tempo passa, mais se adquire é a experiência. A experiência de quem havia disputado até então 3 Super Bowls deu tranquilidade para toda a sua equipe vencer a edição cinquentenária da grande decisão da liga de futebol americano (NFL) contra a sensação Carolina Panthers pelo placar de 24 a 10, ontem.
       Tranquilidade e experiência que faltaram àqueles que chegaram à Santa Clara - Califórnia, palco da decisão, como os favoritos na opinião de 18 dos 20 especialistas em futebol americano ouvidos em pesquisa elaborada pelo canal de TV ESPN. Embora tenha anotado, em média, 30 pontos por jogo, tivesse sido derrotado apenas uma vez em 18 jogos disputados até o Super Bowl e contasse com o craque da temporada, o quaterback Cam Newton, o elenco dos Panthers, em sua maioria, nunca havia disputado a final da NFL, diferentemente do seu oponente, que precisava, por sua vez, superar um trauma e reescrever a história.
       No Super Bowl de 2014, Peyton Manning e seus companheiros de time foram humilhados pela goleada de 43 a 8 sofrida contra o Seattle Seahawks. Pela forma que os Panthers atropelaram seus adversários na temporada, inclusive em jogos de playoffs, a possibilidade de um novo e semelhante revés existia. Há um célebre ditado conhecido pelos torcedores, que diz: "no futebol americano, ataques ganham jogos, mas defesas ganham campeonatos". Ao apostar todas as suas fichas nessa crença, Denver Broncos confiou nas atuações implacáveis de sua defesa nos jogos anteriores e a "profecia" se confirmou mais uma vez
       Desde o pontapé inicial da partida, testemunhou-se uma atuação incessante do setor defensivo dos Broncos, cujo destque foi o linebarcker Von Miller, eleito o craque da final. Com uma estratégia de sufocar Cam Newton, Denver permitiu que apenas 10 pontos fossem anotados pelo adversário, ou seja, apenas 1/3 da média de pontuação dos Panthers registrada na temporada. De fato, os jogadores do time campeão da Conferência Nacional não tinham a experiência de enfrentar marcadores tão vorazes e, assim, seus torcedores confiaram na falsa sensação de que os "passeios" e atuações convincentes se repetiriam ontem. Apesar da nomeação de Newton como o MVP da temporada, o favoritismo não se converteu no primeiro troféu Vince Lombardi da franquia, criada em 1995.
     A defesa socorreu Peyton Manning em um momento de sua carreira no qual não consegue mais vencer com as suas próprias jogadas. Por muito tempo, o quaterback carregou times "nas costas", como na sua passagem pelo Indianapolis Colts, onde conquistou o seu primeiro Super Bowl em 2007. Seus companheiros de Denver Broncos sabiam que a noite de ontem poderia terminar de maneira especialíssima: além do título, vencer ao lado de um dos maiores nomes da NFL em um de seus atos finais seria ainda inesquecível; uma oportunidade que poderia não mais bater à porta. Pode-se afirmar, então, que o 3º Super Bowl da franquia foi resultado do reconhecimento e do respeito a quem contribuiu tanto para a popularização do futebol americano no século XXI em todo o planeta. As estatísticas  negativas sobre Manning que me perdoem, mas sua provável última temporada se encerra de forma magnífica.
       Em todos os anos, escrevo com prazer sobre o Super Bowl, e não é à toa. É um evento cativante, assim como o campeonato inteiro, dono da melhor média de público e do maior faturamento anual entre todas as ligas esportivas do mundo. Sua capacidade de atrair multidões aos estádios e à TV, sejam fãs declarados ou leigos em relação às regras, é fascinante. Isso se deve a uma administração correta, que valoriza os jogos, mas, sobretudo a nomes memoráveis como Peyton Manning, Tom Brady, Aaron Rodgers, Larry Fitzgerald, Joe Montana e Marshawn Lynch, o mais novo integrante da turma dos aposentados. 
       O esporte, do mesmo modo que a política e a cultura, é um fenômeno social gerador de histórias; e não há histórias no esporte sem personagens, os ídolos responsáveis por inspirar as próximas gerações. Peyton Manning ainda não anunciou se irá se aposentar ou continuará "mitando", mas a passagem do bastão já aconteceu, ontem, no Levi's Stadium. Mesmo frustrado pela derrota, o jovem Cam Newton, de 26 anos, consolidou o status de ídolo. Ele é um quaterback de estilo de jogo inovador e ganhar um Super Bowl pode ser apenas uma questão de tempo. É o esporte se reinventando. Se o futebol americano cresceu em 800% sua audiência no Brasil nos últimos 4 anos e se foi registrado o recorde de menções nas redes sociais  do Brasil sobre a decisão, realizada em pleno domingo de Carnaval, é porque os craques em campo nos emocionam. Precisamos agradecer a eles por tamanho feito.
       A próxima temporada, para desespero dos fanáticos pelo esporte, só começará em setembro. A boa notícia, como diz o narrador Everaldo Marques é que, "mais cedo ou mais tarde, setembro sempre chega."

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                                                        Mattheus Reis 

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