quarta-feira, 15 de junho de 2011

Democracia na versão turca

                                                  Vale a pena?

 "Primeiramente gostaria de esclarecer que, este artigo não é de autoria do administrador do blog sendo, elaborado pela equipe de jornalistas do Jornal "O Globo" e, publicado na edição carioca de 14/06/2011. No texto é abordada a recente vitória do 1° Ministro Turco Recep Erdogan além do imortal desejo do país islãmico em integrar a União Européia." 

    A democracia turca funcionou e o eleitorado deu a vitória ao primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan  para um terceiro mandato consecutivo (pela lei, o último). As urnas confirmaram o trabalho consistente de Erdogan à frente do governo do partido islâmico moderado Justiça e Desenvolvimento (AKP). Os maiores feitos do premier foram acelerar o crescimento (8,2% em 2010, o que ajudou a triplicar o tamanho da economia desde 2002), ampliar o peso político do país e neutralizar os temores de islamização da sociedade turca.
    Mas o eleitorado foi sábio ao negar a Erdogan (foto) a supermaioria que seu partido almejava para mudar a Constituição, outorgada após um golpe militar nos anos 80 do século passado e considerada autoritária. O primeiro-ministro afirma querer fortalecer a democracia e o pluralismo, mas opositores temem que, no fundo, seu desejo seja adotar o regime presidencialista e se manter no poder até 2023, quando se comemora o centenário do mandato de Mustafa Kemal Ataturk, o pai da Turquia moderna, que consagrou a separação entre religião e Estado. 
   AKP obteve 50% dos votos, o equivalente a 325 cadeiras no Parlamento de 550. Mas precisaria de pelo menos 330 para não depender da oposição para levar seus planos adiante (antes do pleito de domingo, o AKP tinha a maioria absoluta, com 341 cadeiras). A bancada da oposição cresceu de 209 para 225 cadeiras. Erdogan disse ter entendido o recado das urnas.
- O povo nos passou a mensagem de construir uma nova Constituição por meio do consenso e da negociação. Vamos buscar o entendimento com a oposição principal, com os partidos fora do Parlamento, a mídia, as ONGs, os acadêmicos, com qualquer um que tenha alguma coisa a dizer - afirmou.
   É compreensível a preocupação do premier em tranquilizar a população, pois muitos críticos veem riscos de um aumento do autoritarismo. Ouvidos pelo "New York Times", eleitores jovens expressaram preocupação com o desrespeito às liberdades civis. Como o consultor de informática Mustafa Guler, que apontou a repressão a minorias, o controle do consumo de álcool pelo governo e - o mais absurdo - o fechamento de muitos sites, inclusive o YouTube, pela Agência de Controle da Internet, estatal. Segundo a Associação Turca de Imprensa, há mais de 60 jornalistas presos.
   Ainda assim, a Turquia se tornou, para o Ocidente e o Oriente, a prova de que é perfeitamente possível a democracia conviver com um partido islâmico no poder, desde que ele respeite as instituições, como tem sido o caso, com poucas exceções, do AKP. Com isto, a Turquia exerce grande influência sobre os países que engatinham a caminho da democracia na primavera árabe.
   É fora de dúvida que Erdogan se tornou um nome respeitado para egípcios, libaneses e palestinos, mas continua despertando desconfiança na Europa, o que mantém em ponto morto o projeto de adesão à União Europeia. Uma das grandes tarefas do premier turco será reduzir ao máximo essa desconfiança em seu terceiro mandato, abrindo o caminho para que seu sucessor possa tocar adiante o projeto UE.
   Entretanto, seria tão benéfico a Turquia, insistir em integrar o Mercado Comum que no momento, é uma "bomba-relógio" caracterizada pela instabilidade e ausência de administradores decisivos além de, expor uma economia fortificada à transição monetária para a volatilidade do Euro?


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